Várias províncias canadianas levantaram restrições implementadas para conter a Covid-19, enquanto manifestantes contra a obrigatoriedade da vacinação continuam a bloquear com camiões a cidade de Otava e o acesso à fronteira dos Estados Unidos.

Alberta, Saskatchewan, Quebeque e Ilha do Príncipe Eduardo anunciaram esta semana planos para reverter algumas ou todas medidas.

Alberta, a província mais conservadora do Canadá, deixou de exigir imediatamente o certificado de vacinação em locais como restaurantes e, no final do mês, será a vez do uso das máscaras.

Canadá. Otava declara estado de emergência por causa de protestos que bloqueiam a cidade

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A líder da oposição de Alberta, Rachel Notley, acusou o primeiro-ministro daquela província, Jason Kenney, de permitir que seja um “bloqueio ilegal a ditar medidas de saúde pública”.

Os manifestantes estão a bloquear a passagem de fronteira em Coutts, Alberta, há mais de uma semana e meia. Cerca de 50 camiões permaneciam no local, esta quarta-feira. Além disso, mais de 400 camiões paralisaram o centro de Otava, capital do Canadá, num protesto que começou no final de janeiro.

Um bloqueio de carrinhas entrou para o seu terceiro dia na Ambassador Bridge, entre Detroit e Windsor (Ontário). O tráfego foi impedido de entrar no Canadá, enquanto parte do trânsito com destino aos Estados Unidos ainda se encontrava em movimento.

A ponte transporta 25% de todo o comércio entre o Canadá e os Estados Unidos, e os deputados canadianos expressaram preocupação com os efeitos económicos.

O “comboio de camiões da liberdade” foi promovido por personalidades do canal de televisão norte-americano Fox News e atraiu apoio de muitos republicanos dos Estados Unidos, incluindo o ex-Presidente Donald Trump, que chamou ao primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, de “lunático de extrema-esquerda” que “destruiu o Canadá com leis insanas da Covid[-19]“.

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Alguns manifestantes estão a protestar contra uma regra que entrou em vigor em 15 de janeiro, exigindo que os camionistas que entram no Canadá sejam totalmente imunizados contra o novo coronavírus SARS-CoV-2. Os protestos também abrangem queixas sobre o uso de máscaras e outras restrições, bem como opositores de Trudeau. Os manifestantes pedem a destituição do Governo canadiano, embora a maioria das restrições tenham sido implementadas pelos governos provinciais.

As restrições pandémicas foram muito mais rígidas no Canadá do que nos Estados Unidos, mas os canadianos apoiaram-nas amplamente. A taxa de mortalidade por Covid-19 no Canadá representa um terço da registada nos Estados Unidos.

“Estamos todos cansados, sim, estamos todos frustrados, mas continuamos aqui uns para os outros. Continuamos a saber que as regras e orientações da ciência e da saúde pública são o melhor caminho para a pandemia”, disse Justin Trudeau no parlamento, em Otava. Trudeau afirmou também que os “bloqueios” são “inaceitáveis” e que tiveram “um impacto negativo na economia” do país.”Devemos fazer tudo para acabar com isso”, insistiu Trudeau.

A mais recente vaga da Covid-19, alimentada pela variante Ómicron altamente contagiosa, atingiu o Canadá, que é um dos países mais vacinados do mundo. Mais de 84% receberam pelo menos uma dose. Apesar dos planos da província de Alberta de eliminar as medidas restritivas, os protestos prosseguiram.

Cerca de 90% dos camionistas canadianos são vacinados. Associações de camionistas e muitas operadoras de grandes plataformas denunciaram os protestos.