O líder da autoproclamada República Popular de Donetsk (DPR), Denís Pushilin, disse esta sexta-feira que a situação na região ucraniana do Donbass está “à beira de uma guerra”, segundo a agência de notícias russa TASS.

Em entrevista ao canal de televisão Rossiya-24, o líder de Donetsk respondeu afirmativamente quando questionado se a situação no Donbass está a aproximar-se de uma guerra em grande escala.

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Nas últimas horas ocorreram graves violações do cessar-fogo estabelecido em 2015, ao abrigo dos Acordos de Minsk, no leste do país.

Os separatistas das regiões de Lugansk e Donetsk relataram mais bombardeamentos por forças ucranianas ao longo da tensa linha de contacto, onde um civil ficou ferido e várias instalações civis foram danificadas.

Bombardeamentos foram esta sexta-feira ouvidos perto de Stanytsia Luganska, cidade no leste da Ucrânia sob controlo das forças do Governo, segundo jornalistas no local, que foi alvo de bombardeamentos na quinta-feira.

De acordo com jornalistas da agência francesa de notícias AFP, os bombardeamentos eram audíveis nesta localidade da linha da frente que separa militares ucranianos e separatistas pró-russos, onde na quinta-feira foi atingida uma creche onde se encontravam 20 crianças e 18 adultos.

Segundo o exército ucraniano, a cidade foi atacada por 32 projéteis, ficando parcialmente sem eletricidade.

O exército ucraniano e os separatistas têm-se acusado esta sexta-feira mutuamente de novos ataques no leste do país, tendo as autoridades ucranianas relatado 20 violações do cessar-fogo por separatistas durante a noite, enquanto os rebeldes pró- referiram ter contabilizado 27 ataques pelo exército ucraniano.

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Observadores da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) relataram um aumento significativo dos tiroteios, apontando 189 violações de cessar-fogo na região de Donetsk durante quinta-feira, o que representa um crescimento dos ataques em relação ao dia anterior, quando foram contabilizados 24.

As autoproclamadas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, no Donbass ucraniano, ordenaram esta sexta-feira a retirada em massa de civis para o território russo, alegando receio de um ataque do Exército ucraniano, apesar de Kiev desmentir qualquer intenção bélica.

De acordo com as autoridades de Donetsk, citadas pela agência russa Interfax, mais de 700.000 moradores da região estão a ser deslocados para a Rússia.

O governo ucraniano pediu esta sexta-feira à comunidade internacional a condenação “imediata” das “provocações da Rússia e dos separatistas pró-russos em Donbass, reiterando que não tem intenções bélicas em Donetsk e Lugansk.

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A diplomacia ucraniana sublinhou que os cidadãos vivem em ambos os lados da linha de separação e insistiu para que para seja garantida a paz a essa população.

Em Moscovo, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia revelou esta sexta-feira está a verificar os relatos de que estão a ser enviados mercenários do Kosovo, Albânia e Bósnia e Herzegovina para o Donbass.

Em entrevista à televisão RT e divulgada no site do ministério, Sergey Lavrov acrescentou que os mercenários também estarão a ser recrutados dos Balcãs Ocidentais para participarem no conflito alimentado por países como os Estados Unidos.

O chefe da diplomacia russa criticou ainda a NATO, em concreto na intervenção na crise da Jugoslávia, no final do século XX.

Lavrov relatou um diálogo com o chanceler alemão, em que Olaf Scholz insistiu que “a NATO interveio para evitar o genocídio dos albaneses de Kosovo”.

“Está longe de ser [uma região] próspera. Kosovo e algumas outras partes dos Balcãs Ocidentais estão a tornar-se um terreno fértil para o crime. Há terroristas e traficantes de drogas ali”, atirou o ministro russo.

Os Estados Unidos estimam que, neste momento, a Rússia tem provavelmente entre 169.000 e 190.000 soldados destacados dentro e junto à fronteira da Ucrânia, muito acima dos cerca de 100.000 a 30 de janeiro, indicou esta sexta-feira o representante permanente norte-americano na OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa), Michael Carpenter.

As autoridades norte-americanas e europeias estão em alerta máximo para quaisquer tentativas da Rússia para criar um pretexto para uma invasão da Ucrânia.