Um vídeo publicado nas redes sociais mostra um grupo de homens armados na Etiópia a queimar um homem do Tigray até à morte.

Das onze pessoas mortas no dia 3 de março em Ayisid Kebele, na região de Meketel, nove destas eram de etnia do Tigray. Dez pessoas foram fuziladas e o último homem foi queimado vivo. A Comissão dos Direitos Humanos da Etiópia, segundo o The Guardian, afirmou que as “morte extra-judiciais” foram perpetradas por forças etíopes e por outros grupos armados.

No vídeo, com mais de dois minutos, é possível ver vários homens armados a encaminharem um sujeito amarrado para uma fogueira. Reduzida a cinzas e fumo, a fogueira aparenta ter sido utilizada para queimar mais corpos. O homem é, depois de insultado pelos elementos armados, atirado para a fogueira, onde ramos e ervas secas são colocadas em cima do seu corpo, reacendendo as chamas.

Segundo especialistas citados pelo The Guardian, os homens armados pertencerão à milícia Amhara “Fanos”, uma milícia étnica que tem lutado em conjunto com as forças etíopes contra os separatistas da Frente de Libertação do Povo de Tigray.

O ato de queimar corpos e [de queimar] uma pessoa até à morte foi perpetrado por membros das forças de segurança com o envolvimento de outras pessoas, tendo a ação sido uma morte extra-judicial”, afirmou no domingo a Comissão dos Direitos Humanos da Etiópia.

As mortes aconteceram como retaliação perante outro ataque que tinha ocorrido no dia anterior. Depois de 20 elementos das forças etíopes e três civis terem sido mortos por homens armados, um grupo que continha nove pessoas do Tigray foi intercetado e acusado de “fornecer informação” aos rebeldes, explicou uma testemunha à Comissão dos Direitos Humanos da Etiópia.

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Ainda no domingo, o governo da Etiópia afirmou, de acordo com a Reuters, que seriam tomadas medidas contra os perpetradores do crime.

Um ato horrível e inumano foi cometido recentemente. Numa série de imagens horríveis em circulação nas redes sociais, civis inocentes foram queimados até à morte”, afirmou o executivo etíope. “Independentemente da sua origem ou identidade, o governo vai tomar ações legais contra os responsáveis por esta ato inumano e grotesco.”

Ainda segundo a agência de notícias, a onda de violência na região de Benishangul-Gumuz, onde residem vários grupos étnicos, não estará ligada diretamente à guerra civil que assola a região do norte do Tigray, e que começou em novembro de 2020 entre as forças governamentais etíopes e a Frente de Libertação do Povo do Tigray.