O Comité Internacional da Cruz Vermelha admitiu que a retirada de civis da cidade de Mariupol, na Ucrânia, pode não acontecer esta sexta-feira, como estava planeado, já que ainda não há garantias de segurança exigidas pelo organismo.

“Ainda há muitas coisas em movimento e nem todos os detalhes garantem em definitivo [que a retirada] aconteça com segurança”, avançou o porta-voz do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Genebra, Ewan Watson, acrescentando que a situação não permite ter certeza se a operação decorrerá ao longo de sexta-feira.

Cruz Vermelha pede respeito do direito internacional nas garantias de segurança para fuga dos civis

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O CICV tinha-se disponibilizado na quinta-feira para liderar as operações de retirada de civis da cidade de Mariupol, que deveriam ter início esta sexta-feira, tendo, no entanto, imposto a condição de ter garantias de segurança.

“A nossa esperança é ainda podermos iniciar a operação esta sexta-feira. É um caminho muito longo”, referiu Ewan Watson na cidade de Zaporozhye, onde se encontra a equipa do CICV.

A distância até Mariupol é de quase 226 quilómetros e exigia, antes da guerra, mais de três horas de condução para completar o trajeto.

“A população precisa desesperadamente desta passagem segura”, acrescentou o porta-voz, adiantando, no entanto, que, neste momento, o CICV não tem condições de levar ajuda a Mariupol, embora os autocarros de ajuda permaneçam pré-posicionados e prontos para se dirigirem à cidade assim que a autorização for dada.

O Ministério da Defesa russo anunciou, na noite de quarta-feira, que iria fazer um cessar-fogo e abrir corredores para retirada de civis, presos há semanas naquela cidade atacada pelas forças russas.

O CICV tem insistido na necessidade de ter atenção aos mínimos detalhes, negociando-os com todas as partes, incluindo com os líderes militares no local.

O Governo ucraniano pretende enviar 45 autocarros para retirar os civis de Mariupol, já que a Rússia declarou estar “pronta para abrir o acesso a colunas humanitárias em Mariupol” para que se dirijam à cidade de Zaporozhye, segundo a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk.

A Rússia lançou, em 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou pelo menos 1.232 civis, incluindo 112 crianças, e feriu 1.935, entre os quais 149 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra provocou também a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.

A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.