Agora, Chelsea, Bayern, Atl. Madrid e Nápoles. Antes, também o Barcelona, o PSG, a Roma e uma proposta milionária que chegou da Arábia Saudita. Em termos públicos, esta foi a lista de possíveis destinos de Cristiano Ronaldo este verão caso deixasse mesmo o Manchester United. No entanto, e nos bastidores, um outro clube esteve sempre presente. De forma omnipresente ou como uma mera utopia, estava lá. Agora, esse mesmo clube, por começar a ser citado na imprensa internacional (neste caso de referência), saltou também de um segundo plano para a primeira linha de cenários possíveis. É aqui que está o Sporting.

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De acordo com o The Athletic (jornal digital para assinantes que foi comprado este ano pelo The New York Times por 550 milhões de dólares), a primeira publicação a dar conta do regresso do avançado no início da semana a Manchester, Jorge Mendes terá mantido conversas com o Sporting no sentido de um possível regresso do capitão da Seleção a Alvalade já esta temporada. No entanto, acrescenta ainda dois possíveis grandes entraves: 1) a operação complexa que seria encontrar dinheiro para satisfazer aquilo que o número 7 recebe; 2) as reservas que Rúben Amorim teria pelo impacto que a sua chegada poderia ter.

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Ainda assim, a informação surge num dia em que outras duas hipóteses, através de países e imprensas diferentes, foram ganhando força: em Inglaterra, o facto de nenhuma das partes ter cedido naquilo que são os seus interesses e também o de estar a treinar já integrado com a equipa aproxima Ronaldo do possível cenário de continuidade em Old Trafford; em Espanha, a opção Atl. Madrid não perdeu em nada a força que tinha antes, com o clube da capital alheio às manifestações que têm sido feitas por adeptos que recusam a chegada do português e à procura de uma solução para outros casos como Griezmann e/ou Morata no sentido de encontrar espaço desportivo e financeiros para receber o avançado dos red devils.

Mas como está o dossier nesta altura? E que futuros caminhos podem na verdade existir para o jogador de 37 anos que se prepara também para participar no quinto Mundial de seleções da carreira?

De acordo com várias fontes contactadas pelo Observador, um dos pontos a ter em conta está relacionado com as razões que levam Ronaldo a pedir para sair do Manchester United. O português gostava de voltar a jogar a Liga dos Campeões na próxima época, algo que acontece de forma consecutiva desde 2003 entre red devils, Real Madrid e Juventus, e sabe que ainda tem alguns possíveis recordes para bater. No entanto, e como o próprio clube inglês fez questão de explicar desde o início da pré-temporada, a ausência do jogador esteve relacionada com “problemas pessoais” que tentava resolver. Foi isso, mais uma vez, que foi referido pelo capitão da Seleção na conversa com o treinador Erik ten Hag e é essa a base principal do desejo de sair do conjunto onde regressou no último verão depois da passagem entre 2003 e 2009.

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O Daily Mail avançava esta quinta-feira que Jorge Mendes, empresário de Ronaldo que esteve no centro de treinos de Carrington esta terça-feira com o avançado e com Ricardo Regufe, amigo próximo com ligações profissionais em várias vertentes como na representação da Nike, tinha proposto um cenário de rescisão de contrato com o Manchester United, algo que teria sido recusado. Ao Observador, duas fontes diferentes explicaram o mesmo: o jogador não pretende sair a mal, não quer em nada melindrar o clube e terá sido até abordado um possível cenário de renovação de contrato para 2023/24 (cláusula de opção que está prevista no acordo feito no último verão) caso pudesse sair de Old Trafford na presente época.

A possibilidade Atl. Madrid surge exatamente como um exemplo paradigmático da vontade de deixar o clube e a cidade de Manchester nesta fase. De todos os clubes ventilados nas últimas semanas, o único com o qual houve conversas com a anuência do próprio Manchester United foi o Chelsea, segundo o The Times, até ao momento em que Thomas Tuchel decidiu canalizar as verbas existentes para o setor defensivo que perdeu Rüdiger e Christensen e pode ainda ver sair Azpilicueta e/ou Marcos Alonso (sendo que na frente já conta com Raheem Sterling). De resto, o Bayern também ponderou uma possível contratação mas deixou cair a mesma, ao passo que todos os outros não passaram apenas de rumores à exceção do clube espanhol, por muito que o seu líder Enrique Cerezo diga que é “quase impossível”.

Ronaldo sabe que tem um legado difícil de repetir no Real Madrid, onde ganhou quatro Liga dos Campeões entre muitos outros títulos e se tornou uma autêntica lenda com o recorde de golos, mas também sabe que a possibilidade de regresso ao Santiago Bernabéu com Florentino Pérez (até pela forma como saiu em 2018 para a Juventus) não existe. Até assim, e conhecendo a animosidade que algumas franjas do Atl. Madrid poderão ter pelos duelos ao longo de uma década, o avançado estava capaz de colocar tudo de parte, sabendo inclusive o que poderia “perder”, para poder sair agora de Old Trafford.

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É neste contexto que surge o Sporting, que já conhece há algumas semanas toda a situação que envolve o jogador que dá nome à Academia do clube em Alcochete. Aliás, as primeiras conversas por terceiros que levantaram esse hipotético cenário de regresso para já a Alvalade (e não numa fase mais adiantada na carreira para poder acabar nos leões) surgiram na altura em que se soube que Ronaldo não faria parte das opções do Manchester United para a digressão por Ásia e Austrália. No entanto, ninguém do clube comenta esse cenário, entre quem considere um cenário quase impossível e quem tome o assunto como um “não assunto” até várias condições estarem confirmadas. Porquê? Tudo depende do jogador.

Caso consiga mesmo libertar-se da formação inglesa num contexto definitivo ou de empréstimo por uma temporada com regresso em 2023/24, algo que não é nesta fase um dado adquirido (longe disso), e se não houver a possibilidade de entrar num plantel que garanta outro tipo de competitividade na Champions como daria o Atl. Madrid, o Sporting é uma hipótese real para Ronaldo. Mais: é uma hipótese que o próprio conhece a ponto de saber que teria de baixar e muito o atual ordenado (havendo outros possíveis modelos de negócio capazes de garantir que receberia bem mais do que qualquer companheiro sem que a SAD leonina quebrasse o atual teto salarial estipulado para o plantel). Depois, a questão Amorim. Nesta fase, e perante os jogadores que estão à disposição, o técnico considera que o plantel está fechado. Ainda assim, também com as possíveis saídas que ainda devem existir, o avançado seria sempre visto como uma mais valia, sendo um cenário que, para já, ninguém quer equacionar “a sério” em Alvalade.