Está a ser uma temporada mais discreta, está a ser quase uma temporada de “ressaca”. À semelhança do que aconteceu depois da medalha de prata nos Europeus de 2012 e da vitória nos Europeus de 2016 na antecâmara de uns Jogos Olímpicos onde terminou em sexto com novo recorde nacional, Patrícia Mamona teve um ano de 2022 mais modesto a nível de resultados depois daquele que foi o ponto mais alto de toda a carreira nos Jogos Olímpicos de Tóquio, quando conseguiu voar acima dos 15 metros e segurou a medalha de prata apenas atrás da extraterrestre Yulimar Rojas. Também por isso, a abordagem a estes Europeus de Munique era completamente aberta, para já apenas com essa vontade de garantir uma vaga na final.

Concentração, confiança e dois sorrisos até à explosão: como a máquina Patrícia conquistou a prata a bater o recorde em 35 centímetros

“Estou mesmo apática, sem perspetivas positivas ou negativas. Tenho de mostrar o meu valor. Venho de uma época bastante complicada mas finalmente as coisas estão a alinhar-se, já me estou sentir bem e saudável. Tenho de ganhar um pouco de forma mas sem tempo para isso. Que a minha experiência de anos me permita fazer um bom salto. Focar-me no que vai acontecer na prova não me vai fazer saltar muito, é focar-me em bons treinos e boa preparação, embora em pouco tempo. Aproveitar o que temos. E na prova dar as balas todas. Sinceramente, tenho muita experiência para ir buscar as coisas e juntá-las para um bom salto. Não é o não ter treinado bem durante sete semanas que me vai impedir de saltar muito”, tinha comentado à agência Lusa na antecâmara do apuramento para a final do triplo salto, esta manhã.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A Covid-19, o ouro nos Europeus em risco e a barreira dos 15 metros: o ano que fez da maior Patrícia uma gigante na história nacional

Os Mundiais de Eugene, no último mês, foram exemplo paradigmático disso mesmo. Apesar dos problemas físicos que faziam com que estivesse em dúvida praticamente até à final do triplo, e mesmo sabendo que estava longe do que poderia fazer, conseguiu chegar aos 14,29, passou às últimas três tentativas e acabou em oitavo igualando o seu registo do ano. “Estranhamente, não estando na melhor forma, igualei a minha melhor classificação, por isso, quando estiver a 100% espero conseguir melhor”, admitiu.

Não dava para mais: Patrícia Mamona acaba final em oitavo, iguala melhor registo em Mundiais ao Ar Livre mas fica longe das medalhas

Agora, em condições normais, teria de fazer mais para poder entrar na discussão pelas medalhas, mesmo partindo não só como a primeira do ranking europeu mas também como a atleta com a quarta melhor marca do ano (14,42), superada pela ucraniana Maryna Bekh-Romanchuk (14,74), a grande deceção nos Mundiais não passando de um muito modesto 11.º lugar, pela alemã Neele Eckhardt-Noack (14,48) e pela finlandesa Kristiina Mäkelä. E era neste contexto que Patrícia Mamona surgia na qualificação, sobretudo para se perceber como se encontrava a nível competitivo e o que poderia fazer depois na final.

A melhor marca do ano não chegou: Patrícia Mamona acaba final do triplo salto no sexto lugar nos Mundiais de Pista Coberta

A marca direta de apuramento, à semelhança do que aconteceu no setor masculino, não era propriamente muito acessível como se viu com Maryna Bekh-Romanchuk (14,18) mas a portuguesa foi a grande surpresa e logo na primeira tentativa, saltando a 14,45 para qualificação direta (que estava a 14,40) e melhor registo pessoal do ano. Na primeira ronda de saltos, só a germânica Neele Eckhardt-Noack, neste caso no grupo A, conseguiu também apuramento para a final com recorde pessoal (14,53 depois de 14,48 em 2022).

No final dos três saltos, Eckhardt-Noack e Mamona foram mesmo as únicas com qualificação direta, num apuramento que fechou nos. 13,71. A ucraniana Maryna Bekh-Romanchuk foi a melhor com 14,36, a quatro centímetros do apuramento direto, seguindo-se a alemã Naomi Metzger (14,24), a finlandesa Kristiina Mäkelä (14,11), a israelita Hanna Minenko (14,06) e a romena Elena Andreea Talos (14,00, máximo do ano). Ficaram ainda apuradas para a final a finlandesa Senni Salminen (13,90), a italiana Ottavia Cestonaro (13,86), a lituana Dovile Kilty (13,83), a búlgara Aleksandra Nacheva (13,73) e a grega Spyridoula Karydi (13,71). A competição decisiva realiza-se na noite de sexta-feira.