As margens do Lago Mead continuam a recuar drasticamente devido à seca que se faz sentir no oeste dos Estados Unidos. Aquele que é o maior reservatório artificial do país, a cerca de 40 quilómetros de Las Vegas, está apenas a 27% da sua capacidade total. E a descida da água tem vindo a revelar objetos antes submersos no lago, como um navio afundado da Segunda Guerra Mundial e uma válvula original de entrada de água no reservatório, de 1971. Mas não só. Desde maio, já foram encontrados por cinco vezes restos mortais de pessoas — algumas, vítimas de homicídio.
O caso mais recente aconteceu esta segunda-feira, na zona de Swim Beach. Só nesta praia foram encontrados três dos cinco restos mortais que apareceram em todo o lago nos últimos meses: os primeiros foram encontrados a 25 de julho, os segundos a 6 de agosto. Não é ainda claro se pertencem todos ao mesmo corpo ou se são de pessoas diferentes, adianta a CNN que cita o porta-voz do Condado de Clark, onde está localizada esta praia. A médica-legista Melanie Rouse está a tentar extrair ADN dos restos mortais encontrados numa tentativa de perceber não só se pertencem ao mesmo cadáver, mas também para tentar identificar as pessoas.
Menos dúvidas restam quanto ao cadáver encontrado dentro de um barril já danificado, no dia 1 de maio. O alerta foi dado por uma pessoa que passava a tarde de domingo junto ao lago. As marcas de uma bala detetadas no corpo levaram a polícia de Las Vegas a acreditar que aquela pessoa foi vítima de um homicídio.
Além disso, as roupas e sapatos da vítima estavam tão bem preservadas que as etiquetas ainda eram visíveis, permitindo concluir que aquela pessoa provavelmente morreu em meados dos anos 70 ou início dos anos 80, de acordo com um comunicado da polícia citado pela CNN. “O barril provavelmente foi atirado a centenas de metros da costa, naquela altura, mas a área onde foi encontrado é agora considerada a costa”, explicou o tenente Ray Spencer, da secção de homicídios da Polícia Metropolitana de Las Vegas à CNN.
Apenas uma semana depois, um segundo corpo foi encontrado. Será de um homem com idade estimada entre 23 e 38 anos, mas não foi possível determinar a causa da morte, segundo adiantou a médica-legista do Condado de Clark, Melanie Rouse.
Continuing a 22-year downward trend, water levels in Lake Mead stand at their lowest since April 1937, when the reservoir was still being filled for the first time. As of July 18, 2022, Lake Mead was filled to just 27 percent of capacity. https://t.co/qwgabmDJOG pic.twitter.com/iNMbuT5zbh
— NASA Earth (@NASAEarth) July 22, 2022
As autoridades acreditam que os casos de restos mortais encontrados podem não ficar por aqui. “O lago secou drasticamente nos últimos 15 anos. É provável que, à medida que o nível da água diminui, encontremos mais corpos que foram deitados ao Lago Mead“, admitiu o tenente Ray Spencer à CNN. No final de julho, a NASA divulgou imagens satélite que revelam a seca sem precedentes no Lago Mead. Os níveis de água atingiram os valores “mais baixos desde abril de 1937, quando o reservatório ainda estava a encher pela primeira vez”, lê-se no tweet da NASA.
O sudoeste dos Estados Unidos vive a pior seca em 1.200 anos