Um famoso retrato de Wiston Churchill foi roubado de um hotel no Canadá e substituído por uma falsificação num assalto “descarado” que está a ser investigado pela polícia canadiana.

“O leão que ruge”, do fotógrafo canadiano Yousuf Karsh em 1941, é uma das mais famosas fotografias de Churchill, tirada quando discursou no Parlamento durante a II Guerra Mundial. O retrato estava pendurado no hotel Châteu Laurier em Otávia, desde 1998, adianta o The Times.

Na semana passada, um dos funcionários do hotel notou que algo estava errado pois a moldura da fotografia não combinava com as outras na sala. Martin Luther King Jr, Albert Einstein, Ernest Hemingway e a própria rainha Isabel II foram outras personalidades fotografadas, detalha o The Guardian.

O hotel entrou em contacto com a polícia e foi Jerry Fielder, responsável pelo espólio de Karsh, também chamado para ajudar na investigação, que confirmou que a assinatura na fotografia era falsa. “Eu vi aquela assinatura durante 43 anos. Bastou-me um segundo para perceber que era falsa e que alguém tentou copiá-la. Eu não queria acreditar que isto tinha acontecido, a fotografia estava lá há tanto tempo e fazia parte do hotel, é muito chocante e triste”, disse Fielder ao programa da manhã Otawwa Morning da Rádio CBC.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Num comunicado, a equipa do hotel afirma estar “profundamente triste” e caracteriza este assalto como “descarado”. Além disso adiantam que estão muito orgulhosos de ter uma coleção “deslumbrante” de quinze obras do fotógrafo que tinha uma grande ligação ao local. Karsh expôs, pela primeira vez, no hotel em 1936 e morreu no seu terceiro andar. Também aí teve um estúdio até 1992, no sexto andar, revelou Fielder à mesma fonte.

“Gostava que [quem o levou] devolvesse, mas acho que isso não vai acontecer”, acrescentou.

Não se sabe exatamente há quanto tempo a fotografia pode ter sido substituída, e segundo o The Times, a última vez que Fielder confirmou a veracidade do retrato exposto foi em julho de 2019.

O The Guardian noticia que, por questões de segurança, a equipa decidiu retirar os restantes retratos do salão de leitura até que possa ser garantida a sua total proteção.

Geneviéve Dumas, gerente do Châteu Laurier, explica ao mesmo jornal, que a equipa continua a aguardar informações sobre o assalto pelo que “não fará mais comentários, já que situação encontra-se sob investigação”.

O momento icónico da fotografia “O leão que ruge”

Depois de assistir o discurso no parlamento em 1941, Karsh esperou na sala do orador por uma oportunidade para tirar um retrato a Churchill e do primeiro-ministro canadiano, Mackenzie King. Quando os dois entraram na sala de braço dado, Karsh lembra-se de ter ouvido o chefe do Governo britânico “rosnar”.

Num testemunho dado por Fielder que trabalhou com o fotógrafo, o The Guardian adianta que Karsh lembra-se da figura de Churchill a acender um charuto e a fumá-lo na sua frente com um “ar malicioso” até finalmente ceder apenas uma fotografia.

O retrato tornou-se viral e chegou a ser utilizado nas notas de cinco libras britânicas em 2016. Nesse sentido o responsável pelo espólio de Karsh deixou bem claro que nenhuma impressão do trabalho do fotógrafo é permitida desde que os seus “negativos” foram entregues à Library and Archives Canada na década de 1990. “Não permitimos cópias”, finaliza Fielder ao The Guardian.