O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), João Gomes Cravinho, felicitou na quinta-feira o Partido Social Democrata pelo resultado eleitoral que obteve nas legislativas na Suécia e lamentou a ascensão da extrema-direita naquele país.

“A vitória nas eleições da Suécia foi para o Partido Social Democrata, que foi por cerca de 10% o partido mais votado. Portanto, o primeiro comentário é para dar os parabéns ao Partido Social Democrata pela votação que teve. Está no poder há sete anos e reforçou a sua votação”, disse Cravinho, ao ser questionado pela Lusa sobre o resultado eleitoral.

“Infelizmente, há uma maioria que inclui a extrema-direita e que possivelmente — vamos ver –, formará Governo. O nosso voto é que as políticas da extrema-direita não sejam relevantes no próximo Governo que vier a sair das eleições na Suécia”, acrescentou o ministro, em Washington, onde se encontrou com autoridades norte-americanas.

A primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, do Partido Social-Democrata, apresentou na quinta-feira a demissão, depois de um bloco de direita que inclui um partido nacionalista anti-imigração ter conquistado, por uma estreita margem, a maioria no parlamento da Suécia.

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Andersson reuniu-se com Andreas Norlen, o presidente do Riksdag (parlamento sueco), de 349 lugares, para formalmente o informar do seu abandono da chefia do executivo sueco. Andersson manter-se-á em gestão corrente até que um novo Governo seja formado. Norlen aceitou a sua demissão.

O presidente do parlamento sueco disse que iniciará negociações com os líderes partidários após o fim de semana. Espera-se que peça ao líder do partido de centro-direita Moderados, Ulf Kristersson, que tente formar uma coligação governamental.

Na sequência das eleições legislativas do passado domingo, o bloco de direita tem 176 assentos parlamentares, ao passo que o bloco de centro-esquerda com os social-democratas tem 173.

Apesar de os cidadãos suecos terem ido às urnas no domingo, a votação foi tão renhida que só na quarta-feira à noite, quando 99,9% dos votos tinham sido contados, é que o líder do partido de extrema-direita Democratas da Suécia (SD), Jimmie Akesson declarou a vitória da coligação formada pelos quatro partidos de direita.

Os Democratas da Suécia obtiveram mais votos que os Moderados, mas não se considera provável que liderem o próximo Governo do país, porque os outros três partidos do bloco vencedor das legislativas são contra e acordaram, antes do escrutínio, que deveria ser Ulf Kristersson o candidato a esse cargo.

O partido foi formado em 1988 assumindo-se como neonazi e, apesar de ter atenuado algumas das suas posições e moderado o seu discurso nos últimos anos, ainda não se livrou completamente desse estigma.

Contudo, como conquistou mais lugares que qualquer dos outros partidos de direita, e é agora o segundo maior partido com assento parlamentar, espera-se que exerça um peso significativo, qualquer que seja a fórmula do próximo Governo.

Os SD apresentaram-se em campanha com um discurso centrado nas promessas de combate ao crime e de imposição de fortes restrições à imigração, tendo em conta que a Suécia tem sido palco, nos últimos anos, de um aumento da violência entre gangues – que, desde o início deste ano se saldou em 273 pessoas atingidas por armas de fogo, 47 delas fatalmente, de acordo com estatísticas policiais. Nesses tiroteios, também ficaram feridas 74 pessoas, incluindo transeuntes inocentes.