Ana Obregón, a espanhola que é apresentadora de televisão, atriz, cantora e socialite, causou uma tempestade mediática e política em Espanha há uma semana quando a revista ¡Hola! revelou que tinha sido mãe, através de barriga de aluguer, aos 68 anos. Agora, uma semana depois, na mesma revista, é a própria quem vem revelar que não foi mãe, mas sim avó.

Numa entrevista à mesma revista, Obregón conta que a bebé é o último desejo do seu filho, Aless Lequio, que morreu em maio de 2020, aos 27 anos, devido ao um cancro raro. Como qualquer doente oncológico em tratamento com quimioterapia, Aless foi aconselhado a congelar esperma (o mesmo é aconselhado às mulheres em relação aos óvulos), e ele fê-lo numa clínica dos EUA. Foi lá que agora Obregón, três anos depois, recorreu à barriga de aluguer que, tal como em Portugal, é ilegal em Espanha.

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“Esta foi a última vontade de Aless, a de trazer um filho seu ao mundo”, disse Ana Obregón na entrevista que deu esta semana à ¡Hola! exatamente em Miami, onde o processo teve lugar e onde ela tem casa. O título da capa da revista é “Ana Obregón apresenta-nos a sua neta, Ana Sandra, filha de Aless”, quando há uma semana tinha noticiado que a artista se tornara mãe, aos 68 anos, por barriga de aluguer.

Espanha. Ana Obregón envolta em polémica (política) por recorrer a barriga de aluguer para ser mãe aos 68 anos

Legalmente, a criança será filha de Obregón, mas ela diz que lhe contará a verdade mal seja possível. “Quando crescer vou-lhe contar que o pai foi um herói para que saiba o quanto se deve orgulhar dele”, diz, acrescentado que chama ‘Bela’ à bebé, porque era assim que o filho chamava à avó, a mãe de Obregón, que morreu pouco depois do neto e atirou a socialite para um grave depressão nestes últimos três anos. Os dois nomes da criança, Ana Sandra, são aliás homenagens às avós, Ana era o nome da mãe de Obregón, e Sandra a do pai de Aless, o conde Aless Lequio.

Só ele, aliás — o seu ex-marido –, e duas das suas irmãs, estavam a par de todo o processo, confirma. Diz que o pedido foi feito por Aless a ela e ao pai uma semana antes de morrer, que tomou a decisão no próprio dia da sua morte, e que só cumprir esta última vontade do filho, bem como acabar o livro que ele estava a escrever, a manteve viva. “Desde esse momento, a única coisa que me permitiu continuar a viver todos os dias, todos os segundos, foi este sonho de trazer a filha de Aless ao mundo. Foi muito difícil. A gravidez não aconteceu logo na primeira tentativa. Foram precisas várias vezes. De cada vez que não acontecia era um desgosto horrível”, diz.

“Eu morri a 13 de maio de 2020 e voltei a nascer a 20 de março de 2023, agora a minha obrigação é estar feliz por ela, a minha estabilidade emocional depende de ver crescer feliz esta menina”, acrescenta ainda Ana Obregón, afirmando que trabalhou toda a vida e que está numa boa situação económica. Fica ainda um aviso de quem afasta a hipótese de lhe dar também ainda um irmão.

Isto antes que cheguem mais críticas, às quais fez questão de responder, dizendo que só deviam dar opinião as pessoas “que perderam um filho”, qualificando todo o debate que se gerou — e que envolveu a própria ministra da Igualdade espanhola — como “absurdo”. “Esta técnica de reprodução assistida já se faz há anos e é legal em muitos países. Muitos casais que não podem ter filhos e casais homossexuais usam esta técnica. Então porquê este escândalo agora?”.

Ana Obregón vai continuar em Miami mais umas três semanas, até que a bebé possa viajar com ela para Espanha. Até lá diz que voltou a aprender como mudar fraldas e dar biberões, que tem olheiras, não dorme e não vai há semanas ao cabeleireiro.

[Já saiu: pode ouvir aqui o quarto episódio da série em podcast “O Sargento na Cela 7”. E ouça aqui o primeiro episódio, aqui o segundo episódio e aqui o terceiro episódio. É a história de António Lobato, o português que mais tempo esteve preso na guerra em África.]