A manhã deste 545.º dia de guerra ficou marcada pelo anúncio da ida de Marcelo Rebelo de Sousa à Ucrânia. Para além disso, Zelensky reuniu-se com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e com os líderes dos balcãs. No terreno, houve um ataque russo à cidade de Kryvy Rih e as forças ucranianas destruíram um bombardeiro de Moscovo.

A tarde e noite desta terça-feira ficaram marcadas pela cimeira dos BRICS, mas também pelo anúncio de uma visita do ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia à Ucrânia. O Parlamento português vai também autorizar a ida do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa a Kiev, mas o PCP opõe-se à visita.

O que se passou durante a tarde e noite?

  • O Parlamento vai dar luz verde à viagem de Marcelo Rebelo de Sousa à Ucrânia, que vai decorrer entre o dia de hoje e a próxima sexta-feira. O “apoio generalizado” dado pelo Parlamento à viagem de Marcelo Rebelo de Sousa à Ucrânia não inclui o PCP, que não concordou com a decisão, tomada para já num contexto informal.
  • O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, dedicou a mensagem diária desta terça-feira aos resultados obtidos nas viagens que realizou nos últimos dias, por vários países europeus, incluindo a Grécia — onde Zelensky se encontrou com Ursula von der Leyen e os líderes dos balcãs. “A Ucrânia fortaleceu-se [nestes dias]”, disse.
  • Kiev anunciou ter reconquistado a aldeia de Robotyne, um ponto-chave na contraofensiva que decorre a sudeste.
  • O número de mortos provocados pelos vários ataques russos à região de Donetsk esta terça-feira é de cinco pessoas, segundo dados da administração militar ucraniana.
  • O Ministério da Defesa russo anunciou ter destruído um navio de guerra ucraniano — fornecido pelos Estados Unidos — que levaria a bordo “um grupo das Forças Armadas da Ucrânia” perto da Ilha das Serpentes.
  • Os serviços secretos ucranianos disseram ter informações de que a Rússia está a planear afundar seis ferries no estreito de Kerch, para que possam funcionar como barreira e impedir novos ataques à ponte da Crimeia.
  • O trânsito na ponte da Crimeia foi encerrado durante a noite. Testemunhas no local dizem ter ouvido explosões, outras falam em manobras de treino.
  • Vladimir Putin falou em videoconferência na cimeira dos BRICS, onde responsabilizou o Ocidente pelas sanções, que “atropelam regras do comércio livre”. “A Rússia tem sido deliberadamente obstruída de fornecer grãos e cereais no estrangeiro e, ao mesmo tempo, foi hipocritamente culpada pela situação atual de crise no mercado mundial”, acrescentou o Presidente russo.
  • O Presidente da Polónia, Adrzej Duda, confirmou que a Rússia está a transportar armamento nuclear de curto-alcance para o território da Bielorrússia.
  • Os Estados Unidos não consideram que a guerra na Ucrânia esteja num impasse. As declarações foram feitas pelo conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan, num briefing aos jornalistas, onde também considerou que a Ucrânia continua a avançar “de forma metódica e sistemática”.
  • A embaixadora norte-americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse no Conselho de Segurança que a presença do grupo paramilitar russo Wagner em vários países africanos tornou estes “mais pobres, mais fracos e menos seguros”.
  • Oito pilotos ucranianos chegaram à Dinamarca para receber treino sobre pilotagem de caças F-16, depois de o país se ter comprometido (juntamente com os Países Baixos) a entregar estas aeronaves a Kiev. Um porta-voz do Pentágono anunciou também que os Estados Unidos estão disponíveis para dar treino aos soldados ucranianos para aprenderem a pilotar os caças F-16.
  • O ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, encontrou-se em Kiev com a homóloga dos Países Baixos, Kajsa Ollongren, na sequência da decisão de Amesterdão de enviar caças para a Ucrânia.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, vai à Ucrânia esta semana, noticiou a agência estatal Anadolu.
  • O Tribunal Internacional de Justiça vai começar as audições à acusação de genocídio movida pela Ucrânia contra a Rússia a 18 de setembro.
  • A Rússia entregou os corpos de 12 soldados ucranianos que mantinha como prisioneiros de guerra, anunciou o governo ucraniano, que diz não ter recebido informação prévia sobre problemas de saúde daqueles prisioneiros.
  • Um dos jornalistas mais influentes da Rússia, Alexei Venediktov, noticiou que o general Sergei Surovikin — conhecido como “General Armagedão” — foi demitido do cargo de comandante das forças aéreas russas.
  • O antigo Presidente russo Dmitry Medvedev admitiu a possibilidade de a Rússia anexar as regiões separatistas da Ossétia do Sul e da Abecásia, que não são reconhecidas pela maioria dos países como independentes.
  • O governo russo, numa ação conjunta com o Banco da Rússia, planeia desbloquear bens de cidadãos estrangeiros que estão congelados na Rússia, em troca de uma ação recíproca para reobter bens pertencentes a russos.

O que se passou durante a manhã?

  • O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, submeteu um pedido para se deslocar à Ucrânia entre os dias 22 e 25 de agosto. Numa carta publicada no site da Assembleia da República e endereçada a Augusto Santos Silva, presidente da AR, o Presidente da República requer “o necessário assentimento” da Assembleia da República para a deslocação.
  • Um bombardeiro russo de longo alcance, Tupolev Tu-22, terá sido destruído no sábado como resultado de um ataque com um drone ucraniano. É o quinto avião russo destruído por drones ucranianos em três dias, segundo o jornal ucraniano The New Voice of Ukraine.
  • O relatório diário do Ministério da Defesa britânico confirma um ataque com um drone ucraniano à base aérea de Soltsky-2. Para Londres, é a confirmação de que os ataques estão a ser feitos a partir de dentro da Rússia, porque é “improvável” que um drone tivesse capacidade. de percorrer tanta distância.
  • Mais de 20 casas e uma infraestrutura elétrica na cidade ucraniana de Kryvyi Rih foram atingidas por mísseis russos durante esta terça-feira.
  • Volodymyr Zelensky, Presidente da Ucrânia, encontrou-se, esta terça-feira, com a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. O Presidente ucraniano disse esperar que, até ao final de 2023, seja possível iniciar as negociações de adesão da Ucrânia à União Europeia.
  • Zelensky também se encontrou com vários líderes dos balcãs, e todos assinaram a Declaração de Atenas, que defende a integridade territorial da Ucrânia. O primeiro-ministro da Croácia, Andrej Plenkovic, disse que o país vai ajudar a Ucrânia a exportar os cereais através dos portos croatas — no Danúbio e no mar Adriático. Já o primeiro-ministro da Macedónia do Norte, Dimytar Kovachevsky, prometeu um novo pacote de ajuda militar.
  • Com o Presidente da Sérvia, Aleksandar Vučić, Zelensky não reuniu tanto apoio, devido à proximidade de Belgrado a Moscovo. O Presidente sérvio disse não concordar com a parte da Declaração dos líderes dos balcãs ocidentais que defende a aplicação de sanções mais eficazes contra a Rússia.
  • O ativista russo Oleg Orlov, que está a ser julgado desde junho por desacreditar o exército, considerou que o futuro da Rússia se joga na Ucrânia e atribuiu o imobilismo dos russos ao medo de represálias. “Noventa e nove por cento dos russos são apolíticos. Não estão dispostos a agir, nem a favor nem contra Putin”, disse Orlov, que deu uma entrevista ao Observador meses antes de ser acusado.

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