O consumo de alimentos ultraprocessados pode estar associado a um maior risco de depressão. Esta é uma das principais conclusões de um estudo investigadores de medicina das universidades de Massachusetts e Harvard, que analisaram os hábitos alimentares e o estado de clínico de mais de 30 mil mulheres ao longo de 14 anos.

Este estudo mereceu o destaque do jornal britânico The Guardian, que acrescenta o maior risco de depressão como uma das consequências do consumo continuado de alimentos ultraprocessados, especialmente refrigerantes com adoçantes artificiais.

Utilizando um estudo realizado entre 2003 e 2017, que registou os hábitos alimentares e os registos clínicos de mais de 30 mil mulheres, estes investigadores concluíram que o consumo de nove ou mais produtos ultraprocessados — como refrigerantes, comidas ultracongeladas ou salgados — representa um aumento do risco de depressão em 49%.

O estudo indica ainda que as pessoas que reduziram o consumo desses alimentos em pelo menos três porções diárias apresentaram um risco menor de depressão em comparação com pessoas com um consumo estável, sugerindo que “adoçantes artificiais podem desencadear a transmissão de moléculas de sinalização específicas no cérebro que são importantes para o humor”, referem os investigadores citados pelo The Guardian.

Keith Frayn, professor na Universidade de Oxford, sublinha ao jornal britânico que o estudo “vem juntar-se às preocupações crescentes sobre os adoçantes artificiais e a saúde cardiometabólica“, reforçando a necessidade de investir mais na investigação desta possível relação de causa-efeito.

Alguns académicos, em resposta às descobertas da investigação, mostram alguma cautela. David Curtis, professor no Instituto de Genética na Universidade de Londres, argumenta que as conclusões do estudo não se traduzem necessariamente numa relação entre o aumento do risco de depressão e o consumo de produtos processados, mas sim que “as pessoas com maior risco de desenvolver depressão tendem a consumir maiores quantidades de adoçantes artificiais”, acrescenta ao mesmo The Guardian.

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