O primeiro-ministro António Costa, que teve uma audiência com o Papa nesta quinta-feira, no Vaticano, para agradecer a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Portugal, falou sobre a paz, clima e migrações com Francisco, revelou após o encontro.

“Foi, essencialmente, uma viagem de agradecimento ao Papa Francisco, em primeiro lugar, por ter escolhido Portugal para a realização da JMJ. Foi um trabalho extraordinário que, ao longo destes cinco anos, fomos desenvolvendo, porque aquela semana requereu muito trabalho durante muitos anos e foi um trabalho muito intenso entre o Governo e Santa Sé, com a Igreja Portuguesa e com todas as instituições, com as autarquias que trabalharam muito para que fosse possível esta Jornada”, afirmou António Costa.

O chefe do executivo falava aos jornalistas na Embaixada de Portugal junto da Santa Sé, em Roma, após uma audiência, a seu pedido, com o Papa para agradecer a escolha de Portugal para a realização da JMJ e a visita de Francisco ao país, em agosto último. No encontro, de 45 minutos, António Costa disse que abordaram questões sobre as quais o Papa “tem dado particular atenção”, como as migrações, alterações climáticas, desigualdades e a paz.

“O Papa Francisco — creio que não direi nenhuma especial novidade — é uma pessoa particularmente cativante, particularmente empática, que tem uma mensagem particularmente clara e com que, pelo menos para mim, é bastante fácil me encontrar com a sua palavra, com a sua mensagem e, portanto, é sempre uma conversa muito enriquecedora“, declarou, referindo ter saído da audiência “mais rico espiritualmente”.

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Por outro lado, António Costa considerou ser fácil converter-se à palavra do Papa sobre o que diz relativamente às migrações, às alterações climáticas ou à necessidade de se encontrar a paz e combater as desigualdades. O líder do Governo destacou ainda que uma das chaves do sucesso do Papa Francisco tem sido “o procurar fazer a pedagogia dos valores, mais do que o proselitismo da religião”.

“Acho que tem atingido mais pessoas, tem mobilizado mais pessoas e quando se dirige a todos, tem, aliás, insistido que todos implica também aqueles que não são crentes”, adiantou. O primeiro-ministro disse ainda ter sentido “uma vontade grande do Papa Francisco de aprofundar a reflexão sobre aquilo que a Igreja tem de fazer para continuar cada vez mais conectada com as pessoas”.

“Transmite-lhe também que, não sendo crente, há uma coisa sobre a qual não tenho dúvidas: é que o que diferencia uma sociedade, uma comunidade, é a capacidade de partilhar valores. E esses valores são os mais diversos. E, obviamente, nas nossas sociedades, os valores do cristianismo são valores hoje comuns da nossa sociedade e não só valores dos crentes“, assim como da União Europeia, adiantou.

Para António Costa, “é muito importante que instituições como a Igreja tenham força, tenham vitalidade, tenham energia para que esses valores se frutifiquem e ajudem a fortalecer o sentido de comunidade”.

Após o encontro com o Papa, o chefe do executivo teve ainda uma audiência com o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin.

António Costa fez-se acompanhar pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, pela ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, que teve a tutela da organização da JMJ, e o embaixador de Portugal junto da Santa Sé, Domingos Fezas Vital.

A delegação portuguesa incluiu ainda o assessor diplomático do primeiro-ministro, Fernando Morgado, e a ministra conselheira junto desta embaixada, Lúcia Portugal Núncio.