Amanda Knox, Raffaele Sollecito ou Patrick Lumumba? A polícia viu-se dividida entre três suspeitos da morte de Meredith Kercher, britânica de 21 anos, cujo corpo foi encontrado com 47 marcas de facadas e com sinais de violação, no seu quarto, numa casa na cidade italiana de Perugia. Os dois primeiros estavam ligados à cena do crime e o último era apenas o dono de um bar, cujo nome tinha sido mencionado por Knox, para alegadamente desviar os olhares das autoridades.
A verdade é que a polícia não demorou muito tempo a descartar o nome de Patrick Lumumba das ligações ao crime de 2007. E tal acabou por resultar num processo de difamação do próprio contra a jovem norte-americana, que o acusou de invadir a casa que partilhava com Mercher, de a assediar sexualmente, matando-a de seguida. Knox chegou mesmo a ser condenada a três anos de prisão, mas essa sentença pode vir a sofrer uma reviravolta.
Amanda Knox volta a Itália: “Hoje temo ser assediada, ridicularizada e incriminada”
“Vou a julgamento outra vez, em Itália. Mas é algo bom”, avançou Knox, numa publicação na rede social X, antigo Twitter. Quando foi condenada por difamação, a cidadã norte-americana já tinha passado quatro anos atrás de grades, assim como o namorado, por terem sido inicialmente dado como culpados da morte de Kercher. Por isso, na altura o juiz decidiu que ela já tinha cumprido a pena. E agora pode vir mesmo a retirar a sua sentença.
I'm on trial in Italy again…and this is a good thing.
As everyone knows, on March 27th, 2015, the Court of Cassation definitively acquitted me and Raffaele Sollecito of the murder of Meredith Kercher, per non aver commesso il fatto—for not having committed the act.
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— Amanda Knox (@amandaknox) October 13, 2023
O tribunal de Itália decidiu aceitar o recurso de Knox, para reverter a decisão tomada no caso de Lumumba, ordenando assim um novo julgamento em Florença. Os advogados da norte-americana alegaram que a cliente fez as declarações durante um interrogatório policial e que não tinha auxílio judicial ou um tradutor.
Já o advogado do proprietário do bar, Carlo Pacelli, disse, citado pelo The Guardian, que o seu cliente ainda não foi contactado pelo tribunal sobre a recente decisão. “Vai haver um tribunal, mas ninguém o avisa?”, perguntou, acrescentando que a condenação anterior do juiz obrigava Knox a pagar a Lumumba, “mas que ele nunca recebeu um cêntimo”. As alegações de Knox fizeram com que o bar fosse à falência e o homem não tivesse opção senão mudar de país com a família.
Além de, em 2015, ter sido absolvida no homicídio de Kercher, esse não foi o único recurso em que Knox saiu vitoriosa. Em 2019, fez queixa do governo italiano, por não lhe ter cedido um advogado ou um tradutor enquanto esteve presa. O juiz deu-lhe razão e obrigou Itália a pagar 18.400€ de indemnização.
Amanda Knox: afinal não terá sido ela a matar a colega de apartamento
Em 2008, um outro suspeito foi condenado a 16 anos de prisão. Rudy Guede foi o único a ser dado considerado culpado do assassinato de Kercher, tendo sido libertado em novembro de 2021, após passar 13 anos atrás das grades.