As cinco associações socioprofissionais da GNR vão reunir-se na terça-feira para decidir ações de protesto em conjunto contra o que consideram ser o tratamento desigual e diferença de rendimentos em relação à PJ, avançou esta segunda-feira à Lusa uma das estruturas.

O presidente da Associação Nacional dos Sargentos da Guarda (ANSG), José Lopes, adiantou que na reunião vão estar presentes as cincos associações socioprofissionais da Guarda Nacional Republicana, designadamente a Associação dos Profissionais da Guarda (APG), Associação Sócio-profissional Independente da Guarda (ASPIG), Associação Nacional Autónoma de Guardas da GNR (ANAG) e Associação Nacional dos Oficiais da Guarda (ANOG), além da ANSG.

José Lopes disse que a reunião tem como objetivo concertar ações de luta em conjunto e que os protestos podem vir a realizar-se em conjunto com a PSP.

Em causa está uma decisão do Conselho de Ministros da semana passada em que foi aprovado o pagamento de um suplemento de missão para as carreiras da Polícia Judiciária, que, em alguns casos, pode representar um aumento de quase 700 euros por mês.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Sindicatos e associações da PSP e GNR contestam diferença de tratamento nas polícias e ameçam com protestos

Na sequência desta medida, as estruturas da Polícia de Segurança Pública e da GNR manifestaram indignação por este tratamento que dizem ser desigual.

Desde o fim de semana está online uma petição, que conta atualmente com mais de 14.000 assinaturas, a exigir “um tratamento condigno e paritário da PSP, da GNR e corpo da guarda prisional”.

Num comunicado divulgado esta segunda-feira, com o título “A Máscara do Ilusionista Caiu”, a Associação Nacional dos Sargentos da Guarda critica o Ministério da Administração Interna pela “falta de abertura para revisões substanciais e a manipulação da opinião pública através de estratégias de comunicação, mitigando a insatisfação que vai além das questões salariais, atingindo a confiança nas instituições e na gestão governamental”.

A ANSG apela ao ministro da Administração Interna “a concentrar-se na sua missão atual” e a rever “imediatamente a componente de risco com a mesma percentagem aplicada à PJ”.

Os sargentos da GNR reconhecem o aumento, em 2021, do suplemento por serviço nas forças de segurança e de risco para cerca de 70 euros, no entanto consideram que o ministro tem demonstrado “falta de disponibilidade para qualquer outra revisão substancial, limitando-se a ações propagandísticas.”

Também a associação que representa os oficiais da GNR, a carreira de topo da corporação, contestaram, numa carta aberta, esta decisão do Governo.

Não admitimos a atribuição do título de ‘polícia de segunda categoria’ quando lideramos homens e mulheres de primeira. Temos muito orgulho nos valores que caracterizam os guardas e sargentos que comandamos com toda a dedicação. Por isso, não aceitamos e consideramos, mais do que ofensivo, humilhante, a diferenciação negativa que atenta contra a família militar e contra a generalidade da família policial. Todos os agentes de segurança pública merecem respeito e consideração a par da dignidade que, mais do que reconhecida, deve ser inequívoca e inquestionável”, refere a ANOG, sustentando que são uma categoria profissional discreta.

Na semana passada a APG também considerou “absolutamente inaceitável que não tenha existido tratamento igual para os profissionais da GNR, na medida em que também desempenham funções em condições de risco, insalubridade e penosidade, contexto que este suplemento pretende premiar”.

Questionado sobre esta questão, José Luís Carneiro garantiu esta segunda-feira que tem vindo a ser feito “um trabalho de valorização salarial” dos elementos da PSP e da GNR, avançando que este reforço dos salários deve continuar nas forças de segurança.