O referendo organizado pela Venezuela que aprovou a anexação de mais de 70% do território da Guiana trouxe uma atmosfera bélica à América do Sul. O Presidente guianense, Irfaan Ali, assegurou, numa entrevista à BBC, que o país fará “tudo” para “garantir que a sua integridade territorial e soberania” permaneçam “intactas”, no caso de Caracas avançar com uma invasão à região de Esequibo.
“Temos que nos preparar para qualquer eventualidade por conta da retórica que está a sair da Venezuela”, afirmou Irfaan Ali, que se mostrou “muito preocupado” com o facto de algumas perguntas do referendo organizado no passado dia 3 de dezembro — que foi aprovado com mais de 95% dos votos — supor uma “ocupação da Venezuela” de grande parte da Guiana.
“Contactamos os nossos sócios internacionais. Temos uma colaboração com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Temos muitos programa de treino, muitos exercícios conjuntos que se estão a realizar”, enumerou Irfaan Ali. Questionado sobre se admitiria uma base militar norte-americana na Guiana, o Chefe de Estado não deu uma resposta categórica, mas sublinhou que fará de “tudo o que seja necessário para garantir a soberania e integridade territorial da Guiana”.
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Instado novamente a comentar o assunto, Irfaan Ali continuou a não dar uma resposta concreta, mas indicou que será tomada a decisão num “momento oportuno”. “Estamos a seguir todas as ações da Venezuela. Estamos a monitorizar o comportamento da Venezuela. Estamos a analisar todos os dados dos serviços de informações e, num momento oportuno, tomaremos a decisão adequada”.
Para tentar reduzir as tensões, Irfaan Ali e o seu homólogo venezuela, Nicolás Maduro, encontrar-se-ão em São Vicente e Granadinas, um país nas Caraíbas, esta quinta-feira. As duas delegações vão discutir vários assuntos, mas um deles não será, de acordo com Irfaan Ali, a possível anexação do Esequibo. “Resolver a fronteira terrestre não é assunto para discussões bilaterais e a questão está devidamente resolvida pelo Tribunal Internacional de Justiça”, argumentou o Presidente do país.
