A Business Roundtable Portugal (BRP), associação que reúne 40 líderes de empresas e grupos setoriais de grande dimensão no país, apresentou esta quarta-feira o seu manifesto com algumas propostas para Portugal, a pensar nas eleições que se avizinham.

Em encontro com a comunicação social, Pedro Ginjeira do Nascimento, secretário geral da Associação BRP, explicou que Portugal tem de conseguir crescer 3,9% ao ano e isso só se consegue criando riqueza, acreditando esta entidade que as suas propostas permitem ambicionar esse crescimento.

Considerando o crescimento de Portugal desde 2000, Portugal cresceu em média menos de 1% ao ano. “O país foi apenas capaz de criar mais 15% de riqueza em termos acumulados. Pelo contrário, Espanha cresceu mais do dobro (34%), enquanto o grupo de países europeus que tinham um PIB próximo do de Portugal em 2000 cresceu quatro vezes mais (58%)”, atira a Associação que não tem dúvidas: “falhámos na construção de um país melhor para as novas gerações”. Assim, Portugal terá de crescer 3,9% ao ano “para chegar ao 15.º lugar em 2043”, considerando que os países europeus continuam a crescer a uma média de 3%.

No manifesto apresentado, há medidas em várias áreas. Mas nos impostos, uma das propostas mais concretas é mexer-se no IRC, simplificando-o. Para Pedro Ginjeira do Nascimento devia colocar-se o IRC, sem outros benefícios, numa taxa aproximada à que a Autoridade Tributária diz ser a efetiva paga em Portugal de 18,6%, contra o que se diz ser a taxa de IRC de 31%. “Se a taxa da AT está bem calculada não haveria perda de receita, até podia cobraria mais porque atrairia mais empresas para Portugal”.

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Os únicos incentivos que admite manter são os ligados ao investimento em investigação e desenvolvimento. A progressividade do IRC desincentiva o crescimento, porque “quanto mais se ganha mais se paga”.

A Associação quer reduzir ainda a penalização fiscal e parafiscal do trabalho. Portugal tem a nona taxa mais elevada da OCDE. “Temos de criar mais riqueza e defendemos olhar para aquele aspeto da TSU (taxa social única) e ver o que se pode fazer para sermos mais competitivos”. Pedro Ginjeira do Nascimento recorda mesmo que quando se fala do salário mínimo de 820 euros nem trabalhadores nem patrões sabem o que isso é, já que os trabalhadores recebem menos e as empresas têm de suportar um custo maior. E, por isso, em relação à proposta de Pedro Nuno Santos de colocar o salário mínimo nos mil euros em 2028, o responsável vai lembrando isso mesmo e que é importante elevar salários e qualificar os trabalhadores. No IRS pretende-se “redesenhar o sistema, mantendo a progressividade que defende a redistribuição de riqueza, mas reduzir a voracidade com que sobe”.

Para os jovens propõe-se a equiparação de quem entra no mercado de trabalho a quem regressou, dando uma taxa de IRS reduzida durante 10 anos, mas também uma contribuição para a segurança social reduzida.

São oito propostas que ficam completas com a redução da burocracia, mais celeridade da justiça (a Associação tem defendido o alargamento da arbitragem, reduzindo as pendências no administrativo), e reabilitar o modelo de PPP (parcerias público-privadas), redirecionando 70% do PT 2030 para as empresas.

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“Acreditamos que estes são os principais problemas, não é uma lista de 100 medidas, é um manifesto muito enfocado, com um esforço de selecionar os principais entraves ao crescimento país”, sendo o propósito do manifesto que na discussão no âmbito das eleições se possa olhar para estas preocupações. Pedro Ginjeira do Nascimento não expressou opinião sobre a constituição do Governo.