O Serviço de Segurança Interna (ISS) da Estónia deteve um professor russo, suspeito de espionagem para Moscovo com o objetivo de coordenar “medidas antidemocráticas” neste país báltico. A operação decorreu no passado dia 3, mas foi anunciada apenas esta terça-feira.

Viacheslav Morozov trabalhava como professor de teoria política internacional na Universidade de Tartu, a maior universidade da Estónia, desde 2010. Conhecido na comunidade académica dedicada ao estudo da Rússia, estava ligado a universidades americanas e a associações académicas internacionais, tendo trabalhado anteriormente na Universidade Estatal de São Petersburgo. A diretora-geral dos Serviços de Segurança Interna da Estónia, Margo Palloson, disse à RR (emissora pública da Estónia) que o académico tinha partilhado informações com os serviços secretos russos quando se deslocou ao país. Apesar de não divulgar as informações que terão sido partilhadas, pediu aos estónios para não viajarem para a Rússia.

No início da guerra, Morozov publicou uma mensagem no Facebook onde condenou os ataques russos à Ucrânia. “Não há [justificação] para a agressão da Rússia contra a Ucrânia. O meu coração está com o povo da Ucrânia e está cheio de dor. A guerra tem que acabar já”, escreveu. Segundo o The Guardian, apelou ainda a que “não se queimassem pontes com os russos que contestavam a guerra.

Um colega que não quis ser identificado por estar exilado, disse ao Politico  que a prisão de Morozov é “um choque”. “Nunca me deparei com qualquer atividade anti-Estónia ou qualquer outra fora das suas publicações de esquerda”, afirmou.

O reitor da Universidade de Tartu, Toomas Asser, garantiu repudiar “qualquer ação que pudesse pôr em perigo a segurança” da Estónia, tendo já rescindido o contrato com o professor. “É impossível medir a extensão total dos danos potenciais, mas é absolutamente claro que afetam o Estado, a universidade, o espírito das pessoas no trabalho e as relações interpessoais”, disse Asser à comunicação social.

Citada pelo The Guardian, a diretora do departamento de Estudos Políticos, onde o professor lecionava, garantiu, por sua vez, que a universidade nunca teve razões para questionar o trabalho do docente, tratando-se de “um choque para todos”. “À luz dos novos conhecimentos, é importante revê-lo [trabalho de Viacheslav] de forma crítica”, defendeu Kristiina Tõnnisson.

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