Com impactos diferentes no Alto Minho, a atual ministra da Habitação — Marina Gonçalves –, candidata pelo PS e o ex-ministro da Defesa do PSD — Aguiar Branco –, agora candidato pela Aliança Democrática, defenderam os legados nas áreas de atuação e sublinharam as “duas visões bastante distintas” sobre o que cada um quer para o país a partir de 10 de março.

Na habitação, o candidato da AD, José Pedro Aguiar Branco, atira ao PS ao dizer que “só no final do mandato é que se lembraram da habitação” e que “a responsabilidade foi sempre dos outros: foi dos vistos gold, das alterações para residentes, da [Assunção] Cristas. É de todos menos dos próprios que não tiveram a capacidade para planear”. O antigo ministro do Governo de Passos Coelho lembra que António Costa prometeu responder às necessidades de habitação até aos 50 anos do 25 de Abril.

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Debate Viana do Castelo: habitação, estaleiros e impostos. O frente a frente entre Marina Gonçalves (PS) e Aguiar Branco (AD)

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A atual ministra da pasta e candidata pelo PS, Marina Gonçalves, reconhece que “ainda há caminho a desenvolver” e que “é fundamental continuar a afinar respostas”, mas também lembra que “o parque público demora o seu tempo a implementar” e que para lá da questão pessoal — continuar ou não no Governo –, o que gostava era de “ter a confiança de que estes programas se mantêm”. A candidata socialista assegura que “as estratégias locais de habitação estão no terreno” e atira com elogios de autarcas do PSD aos programas que têm sido implementados.

Para Aguiar Branco “a visão estatizante de que o Estado é que sabe o que as pessoas precisam e desejam” e de que isso “retira a confiança às pessoas”, é a ponte para a questão económica em que “o PS tem uma visão dirigista da economia” e que isso promove “teias e clientelas de facilitismo para uns e para outros que levam a suspeições que não devem existir”, apontando a proposta da AD que “quer criar condições para que as empresas tenham menos custos de contexto e que por via disso possam ter uma capacidade de exportação”.

Marina Gonçalves sai em defesa da proposta de Pedro Nuno Santos e garante que “a discussão da aposta estratégica terá que ser feita de forma participada em concertação com os setores da atividade económica” e que “Portugal inteiro não é só um chavão é perceber a riqueza do território e o Alto Minho tem muitos setores que podem acrescentar ao país”, garantindo que a “discussão não está fechada” e que vai ser participada. Para Aguiar Branco, “a visão de quem é o motor da economia está em causa no dia 10 de março”.

Estaleiros navais. Currículo ou cadastro?

Depois da passagem pela pasta da Defesa, Aguiar Branco volta ao primeiro plano da política nacional como cabeça de lista por Viana do Castelo muito à conta do papel que teve na solução encontrada para os estaleiros navais. Aguiar Branco garante que é “saudado e reconhecido por toda a gente” por “ter dado uma nova vida a uns estaleiros que estavam moribundos” e diz ter “a sensação de dever cumprido”.

A candidata do PS atira à “solução ideológica” que foi encontrada pelo Governo de Pedro Passos Coelho e diz que a opção tomada “foi diametralmente oposta” da que era defendida pelo PS. Os socialistas defendiam “um investimento público nos estaleiros”, mas Marina Gonçalves reconhece que “depois de tomada a decisão o que o Governo fez foi investir num ativo que é estratégico ao invés de culpar quem veio de trás”.

O agora candidato da AD explica que “numa conjuntura crítica” em que os estaleiros acumulavam muito prejuízo e um passivo elevado e que o facto de existir “por parte da União Europeia, a indicação de ajudas de Estado ilegais dadas pelo Governo”, Aguiar Branco defende que o Governo da altura “trabalhou desde o primeiro minuto e com grande oposição o número 2 do PS em Viana do Castelo, José Maria Costa, à época presidente da câmara”. Aguiar Branco faz até questão de lembrar que o ex-autarca “fez o velório dos estaleiros com uma coroa de flores” e que “hoje todos vão às inaugurações com o Pedro Abrunhosa e a Carla Bruni“.

Marina Gonçalves ainda deixa recados ao “impacto nos trabalhadores e nas famílias” que a solução encontrada pelo PSD/CDS criou, mas o candidato da AD defende que “a rescisão amigável encontrada permitiu que 1/3 dos trabalhadores saísse com indemnização em situação de pré-reforma, outro terço ficou com indemnização e com direito a subsídio de desemprego e o restante foi reintegrado”. Apesar de reconhecer a importância, Marina Gonçalves também atira que, em matéria de trabalho, “o Alto Minho é muita coisa, são os estaleiros, mas também é muito mais do que isso”.