O porta-voz do Livre Rui Tavares defendeu esta terça-feira a criação, em 2025, de um passe intermodal nacional e considerou “verdadeiramente trágico” o desinvestimento do Governo português na ferrovia nos últimos anos.

“A proposta do Livre é passar do passe ferroviário nacional, que já foi uma proposta do Livre e que tem estado a ser alargado sucessivamente, para um verdadeiro passe multimodal nacional, em que, por um preço acessível (…), nós podemos ajudar as pessoas a poupar muito dinheiro por mês”, referiu.

Numa conferência em Braga sobre mobilidade e transportes incluída na campanha eleitoral para as legislativas de 10 de março, Rui Tavares lembrou que o passe ferroviário nacional custa 49 euros por mês e abrange 100 comboios por dia, devendo em breve passar para 250 comboios.

“Há pessoas a poupar neste momento 70 euros por mês em deslocações que têm, que são obrigadas a fazer todos os dias. Repare que 70 euros por mês dá 800 e tal euros por ano. É mais do que os descontos que a Iniciativa Liberal propõe nos impostos para as famílias de classe média baixa”, acrescentou.

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Segundo Rui Tavares, “não houve investimento público” em Portugal nos últimos 15 anos, “uma falha” que, apontou, tem de ser assacada a vários governos, incluindo o da geringonça.

“O investimento que houve foi investimento europeu, agora do PRR [Programa de Recuperação e Resiliência]. Portugal precisa de investimento público, os problemas que temos estado a ver na educação, na saúde, nas forças de segurança prendem-se muito com falta de investimento público, que acaba por gerar muito más condições de trabalho para as pessoas, inclusive também nos transportes”, afirmou.

Para Rui Tavares, a inversão das políticas e o reforço do investimento público passa pela eleição de mais deputados do Livre.

É assim que as coisas funcionam em democracia e não vale a pena, às vezes, com a cantilena do voto útil, dizerem-nos que é de outra maneira. As ideias do Livre terão mais poder se os eleitores derem mais poder ao Livre através do seu voto”, frisou.

Para o pós-eleições, Rui Tavares vincou que o Livre não será parceiro de ninguém que não seja parceiro do Livre também.

“E essas parcerias fazem-se à mesa das negociações, segundo as melhores práticas europeias. Dois, três, quatro partidos, os que forem necessários para sustentar uma governação de quatro anos de estabilidade para o nosso país. Não estamos com os duodécimos em cima da cabeça como nas últimas eleições. Temos tempo para negociar um próximo Orçamento e a preferência forte do Livre para uma negociação multilateral de vários partidos, que envolva também a sociedade civil com grupos de trabalho em cada setor saúde, educação, segurança, ambiente, na qual estejam não só os partidos. Não queremos uma geringonça dos gabinetes, só em negociações nas salas do Parlamento”, rematou.

Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar em 10 de março para eleger 230 deputados à Assembleia da República. A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.

Livre diz que Ministério do Ambiente sem florestas quase perde a razão de existir

O porta-voz do Livre Rui Tavares criticou ainda a promessa de Luís Montenegro de passar a tutela das florestas para o Ministério da Agricultura, afirmando que o Ministério do Ambiente sem as florestas “perde quase a razão de existir”.

“As florestas são um património ambiental do presente e para o futuro. Evidentemente, têm uma dimensão económica que é muito importante, mas sem florestas o Ministério do Ambiente perde quase a razão de existir”, sustentou.

Rui Tavares disse não conhecer nenhum ambientalista que defenda que o Ministério do Ambiente fizesse sentido se não tivesse as florestas também.

“Já bem basta o que fez António Costa a pôr o mar na Economia e a tirá-lo do Ambiente. E assim, qualquer dia, o Ministério do Ambiente tem só o nome e será Mau Ambiente”, acrescentou.

Questionou como é que vai ser feito o combate às alterações climáticas e como é que vão ser implementadas políticas de captura de carbono através de métodos naturais se as florestas não fizerem “parte da equação”.

“É um absurdo total”, rematou Rui Tavares.