Estudos de Celebridades: Taylor Swift em Foco” é o nome da nova disciplina que será lecionada na Faculdade de Comunicação de Massas da UP Diliman, uma universidade nas Filipinas. Assim que foram abertas as inscrições para esta cadeira opcional, cerca de 300 alunos inscreveram-se em poucos minutos, levando a universidade a abrir um horário adicional.

O estudo sobre a cantora — que estará em tour em Singapura de 2 a 9 de março — quer analisar Taylor Swift “a partir de uma lente de um dos países do Sul Global”, diz Cherish Aileen A. Brillon, professora associada de Comunicação de Transmissão daquela universidade, citada pela Reuters. O objetivo é compreender a artista de um ponto de vista diferente das universidades norte-americanas onde já existem disciplinas semelhantes (Harvard, Stanford e Berklee College of Music).

“Percebi desde cedo que, se voltasse à escola e despendesse esforços e recursos, gostaria de fazer algo com que sentisse ligação pessoal, mas que também teria implicações muito maiores. Sei que o contexto da frase ‘o pessoal é político’ se aplica ao feminismo, mas também se aplica a outros contextos”, afirma a professora num comunicado no site do estabelecimento de ensino. O género, o sexo e a luta de classes são questões que estão presentes no fenómeno Taylor Swift, acrescenta a professora.

Nas Filipinas, a influência da cantora tem uma dimensão superior à do mundo musical: a política. “Em 2020, quando havia poucas celebridades locais que levantaram a voz contra a lei antiterrorismo nas Filipinas, ela amplificou esta questão nas suas redes sociais”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

[Já saiu o primeiro episódio de “Operação Papagaio”, o novo podcast plus do Observador com o plano mais louco para derrubar Salazar e que esteve escondido nos arquivos da PIDE 64 anos. Pode ouvir também o trailer aqui.]

A intervenção da cantora mobilizou os seus fãs — conhecidos como os “swifties” — , neste caso, jovens filipinos que “compreendem os media e são digitalmente alfabetizados”, argumenta. Estes jovens, bem como as bandas da K-Pop coreanas, têm estado entre as principais vozes a favor da causa palestiniana e contra o recém eleito Presidente Javier Milei, na Argentina.

Professora confronta “indústria de entretimento filipina muito rígida e hierárquica”

Esta característica interventiva de Swift, em assuntos sociais e políticos, contrasta com a indústria de entretenimento filipina que, na opinião de Cherish Brillon, é “muito rígida e hierárquica”. A professora de comunicação usa os mesmos adjetivos para classificar o mundo académico, pouco aberto ao que é “digno de estudo e atenção”. A nova disciplina sobre a estrela internacional é uma evolução, perante os temas tradicionalmente estudados, afirma.

Uma estudante que se inscreveu na disciplina, citada pela Reuters, explica porque o fez: “Eu queria aprofundar as questões sociais que enfrentamos, à luz daquilo que conhecemos da Taylor Swift”. A jovem, Shyne Cañezal, considera-se uma “swiftie” desde a escola primária.

Taylor Swift não vai atuar nas Filipinas mas vai fazer seis concertos num país próximo, Singapura, entre 2 e 9 de março. Os bilhetes para os concertos foram esgotados por mais de 300 mil fãs que fizeram fila durante toda a noite, debaixo de um calor tropical escaldante.

Texto editado por Edgar Caetano