O comentador da SIC, Luís Marques Mendes, acredita que, para as eleições legislativas marcadas para dia 10 de março, está “quase tudo em aberto” e “tudo pode acontecer”. Assim, o antigo líder do PSD antecipa uma última de semana de campanha “decisiva e de tudo ou nada”. “Há muitos anos que não tínhamos umas eleições tão renhidas”, afirmou este domingo no seu habitual espaço de comentário na SIC.

Da leitura das sondagens feitas até ao momento, Marques Mendes reconheceu haver uma “dinâmica favorável” para a Aliança Democrática (AD). “Agora, esta dinâmica favorável por ser invertida. O número de indecisos ainda é muitíssimo alto”, indicou o comentador, acrescentando que aquele fator pode mudar tudo no dia 10 de março. “A próxima semana será altamente dramatizada”, previu, sublinhando que 90% dos indecisos tencionam “votar PS ou PSD”.

Na ótica de Marques Mendes, existe uma “vontade de mudança” na sociedade portuguesa. Para exemplificar o seu ponto de vista, o social-democrata lembrou uma sondagem do Expresso, em que 60% dos inquiridos diziam quer mudar de ciclo político. “É o desgaste de oito anos de governação”, apontou, acrescentando que estas eleições ocorreram no “pior momento político” para o PS, por conta dos “casos e casinhos” de 2023 e do aumento da taxa de inflação.

Fazendo um paralelismo com outros momentos da história política nacional, Luís Marques Mendes recordou o que se passou em 1995, com Cavaco Silva. Após as vitórias do PSD, Fernando Nogueira sucedeu-lhe “e os portugueses não quiseram uma meia viragem”. Já em 2002, aconteceu o mesmo com António Guterres. “Entra Ferro Rodrigues e os portugueses não quiseram uma meia viragem.”

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Segundo o comentador da SIC, no próximo domingo poderá ou haver uma “meia viragem” — com a vitória do PS, mas com um novo primeiro-ministro, neste caso Pedro Nuno Santos — ou uma “mudança completa”, com um “partido diferente”, neste caso a coligação Aliança Democrática, liderada pelo PSD.

Pedro Passos Coelho na campanha da AD foi “positivo”, Costa é o “ás de trunfo” do PS

Numa análise à primeira semana da campanha, o antigo líder do PSD começou por elencar o principal problema da AD. “Foi sobretudo o ruído, as polémica em torno das afirmações da imigração, a polémica sobre a questão de um novo referendo sobre o aborto, [as declarações] do cabeça de lista de Santarém sobre a agricultura e as alterações climáticas”, enumerou, salientando que este “ruído nunca é bom” e “desviam as atenções”: “Era melhor evitar”.

Sobre a presença de Pedro Passos Coelho na campanha da AD, Luís Marques Mendes sinalizou que tem “uma opinião diferente” da que a do ex-primeiro-ministro expressou sobre a temática da imigração. Ainda assim, o comentador acredita que a sua presença foi “positiva”, uma vez que dissipou todas as dúvidas no que diz respeito à relação com Luís Montenegro. “Havia uma grande especulação de estarem de costas voltadas, que ia durar até ao fim da campanha.”

Apesar das polémicas, Luís Marques Mendes elogiou a “atuação e atitude” do atual líder do PSD em resposta às polémicas. “Montenegro agiu de forma geral bem, com firmeza, mas ao mesmo tempo com moderação, ponderação e equilíbrio”, saudou, acrescentando que esta postura está a “surpreender”: “Sejamos francos e honestos: há três meses, havia muitas dúvidas sobre Montenegro. Hoje em dia, há um tom de moderação, de responsabilidade e de ponderação”.

Além disso, o comentador da SIC também considera “positivo” que a AD “tenha sido o centro das atenção” ao longo da primeira semana de campanha, mesmo que algumas vezes que tenha sido pela “negativa”.

Em relação à campanha do PS, Luís Marques Mendes assinalou que o “ponto mais forte” aconteceu este sábado com a presença de António Costa num comício: “É o maior trunfo eleitoral do PS. É o ás de trunfo, é uma vantagem. Foi ao Porto e fez um discurso muito eficaz e galvanizador”. “A presença de Costa ajuda o PS”, vincou o comentador, dizendo acreditar que o primeiro-ministro demissionário “ainda vai aparecer mais vezes” na campanha socialista.

A favor na campanha de Pedro Nuno Santos está ainda, segundo o comentador da SIC, a “relação com os partidos à sua esquerda”. Apostando numa dinâmica de “bipolarização”, isso acaba por mobilizar o eleitorado de esquerda e cativar o “voto útil”.

Em sentido inverso, Luís Marques Mendes apontou como negativo “os números das sondagens” para o PS, principalmente aqueles que sugerem uma vontade de mudança na política nacional.