Jerónimo de Sousa escolheu a ação de rua mais concorrida da CDU para se juntar à campanha. Esperou ao lado de Carlos Carvalhas, outro antigo secretário-geral do PCP por Paulo Raimundo no Rossio, bem perto do palco onde iam discursar os principais candidatos da coligação que junta comunistas e verdes.

Não fez a caminhada até à Praça do Município onde começou a arruada que juntou centenas de pessoas, tarjas e bandeiras, mas foi recebido com um abraço de Paulo Raimundo. Foi a única vez que o secretário-geral comunista largou a faixa azul com palavras de ordem que segurou durante toda o desfile, para abraçar o seu antecessor.

Depois do abraço, deixou palavras de apreço. “Cá estamos para mais uma batalhazinha“. Foi como Raimundo cumprimentou Jerónimo depois de o descrever como “um dos pesos pesados” do partido. Antes, e ainda durante a arruada, apesar de não ter Jerónimo ou Carvalhas a seu lado, o secretário-geral comunista garantiu contar com o apoio de “todos” para trazer “soluções” para o país. Ainda assim comentou diretamente a vinda dos seus antecessores: “É um orgulho imenso.”

A vinda dos antigos secretários-gerais do PCP e a cada vez maior presença nas ações de rua deixam um “brilho nos olhos” de Paulo Raimundo. E servem para assegurar que a CDU está bem e recomenda-se. “Uma coisa deste tipo faz quem está a morrer? Não. Só faz coisas deste tipo quem está com vida e com as ganas todas“. A arruada que ligou a Praça do Município ao Rossio juntou pelo menos um milhar de pessoas.

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Apesar de não ter discursado, Jerónimo de Sousa não deixou de dar a sua opinião sobre a campanha da CDU e a forma como as sondagens têm avaliado o seu sucessor. Puxou da sua experiência para assegurar que tem uma “vantagem” que os outros não têm: o tempo. “Estou há muitos anos a fazer campanhas eleitorais, mais de 40. E sempre, mas sempre, vaticinaram a desgraça para a CDU.”

E como se enganaram no passado, Jerónimo acredita que vão voltar a enganar-se no presente. A CDU vai continuar “será com o Paulo, será com o Carvalhas, será comigo nos anos que aí vêm”. E sobre o que deve fazer Paulo Raimundo no dia 10 de março? Jerónimo respondeu sempre a sublinhar a disponibilidade do PCP para a “convergência”, alargando-a para chegar a todos os “democratas, patriotas” e às “vítimas da política de direita“.

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo (C), é cumprimentado por Jerónimo de Sousa (E) e Carlos Carvalhas (D) durante uma ação de campanha da CDU em Lisboa para as eleições de 10 de março, 3 de março de 2024.

Jerónimo de Sousa esteve ao lado de António Costa e de Catarina Martins como um dos responsáveis pela criação da geringonça em 2015. Há pouco mais de um mês, no Encontro Nacional do PCP, rejeitou uma reedição da geringonça, agora com Pedro Nuno Santos, Paulo Raimundo e Mariana Mortágua. Mas durante o comício no Rossio disse que não espera “qualquer dificuldade em alcançar convergências“. Mas convergências só devem existir se forem “na defesa dos salários, da Segurança Social, da habitação, do SNS, há sei lá quantas causas”.

Nem Jerónimo, nem Carvalhas discursaram no Rossio como fez Paulo Raimundo e António Filipe. O secretário-geral comunista não mencionou os seus antecessores, mas deixou elogios às conquistas que o PCP tem vindo a clamar para si durante os tempos da geringonça, entre 2015 e 2019.