O patriarca de Lisboa anunciou nesta sexta-feira que o padre Alexandre Palma vai ser nomeado presidente da Fundação JMJ (Jornadas Mundiais da Juventude) Lisboa 2023, iniciando funções a partir de julho.
Em comunicado, Rui Valério adianta que o sacerdote, de 45 anos, aceitou a nomeação “com sentido de responsabilidade” e “com grande sentido de continuar na mesma senda que tem sido trilhada até aqui”. “O senhor padre Alexandre Palma abraçou este projeto com entusiasmo e será ele o sucessor de D. Américo” Aguiar, atual bispo de Setúbal, acrescenta.
Rui Valério agradeceu ainda a Américo Aguiar, classificando o seu trabalho como presidente da referida fundação como “prestimoso e louvável”.
“A JMJ Lisboa 2023 deve muito do que foi, muito do que está a ser e muito do que será” a Américo Aguiar que liderou o projeto no terreno “com grande competência, com grande abertura, com grande sentido colegial e, sobretudo, tendo em conta aquilo que eram os principais desafios e o caminho e o rumo a seguir”, diz ainda, citado no comunicado.
No mesmo comunicado, o patriarca de Lisboa faz um balanço da visita que os bispos portugueses realizaram ao Vaticano, na semana passada, destacando ter sido “um momento de forte comunhão”.
“Estivemos com o Santo Padre em audiência, que, aliás, foi maravilhosa, foi extraordinária. Ao longo de toda a semana, o que desenvolvemos foi um contexto de aproximação mais integral com o que são as grandes orientações do Papa Francisco”, disse Rui Valério, citado no comunicado.
Ainda nesta sexta-feira, as contas da Jornada Mundial da Juventude realizada em agosto, em Lisboa, foram apresentadas pelo cardeal Américo Aguiar, numa sessão onde foi também apresentado um estudo de impacto económico do evento.
Este estudo foi realizado pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) e aponta para o impacto que o encontro mundial de jovens com o Papa, que decorreu entre 1 e 6 de agosto de 2023 em Portugal e que juntou cerca de 1,5 milhões de participantes, teve na economia do país.
Em fevereiro, em entrevista à agência Lusa, Américo Aguiar admitiu estarem “garantidos” 20 milhões de euros como resultado positivo da Jornada.
Jornada da Juventude. Fundação JMJ teve lucros de cerca de 20 milhões de euros
Entretanto, em março, o Tribunal de Contas (TdC) alertou os responsáveis pela JMJ para o excesso de adjudicações por ajuste direto, que representaram mais de metade dos contratos.
Segundo o relatório de auditoria às contas do evento, foram reportados ao TdC 432 contratos, incluindo as respetivas modificações, no valor global de 64.131.635,89 euros, abaixo dos 75 milhões de euros previstos inicialmente, prevalecendo o ajuste direto, com 55,05% do valor adjudicado — 34.454.650,72 euros.
“Tendo em conta que a realização da JMJ2023 em Lisboa foi anunciada pelo Vaticano em 27/01/2019, não são inteiramente razoáveis as razões invocadas naquele regime especial permissivo para o ajuste direto”, observou o TdC no relatório.
Na ocasião, o cardeal Américo Aguiar considerou que o relatório do Tribunal de Contas referente aos apoios públicos à realização da JMJ Lisboa 2023 era “um sinal muito positivo do normal funcionamento das instituições nacionais”.
Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para receber a JMJ, com as principais cerimónias ocorreram no Parque Eduardo VII e no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.
Alexandre Palma foi ordenado padre em julho de 2006 e é prefeito do Seminário Maior de Cristo-Rei dos Olivais desde julho de 2012. Doutorado em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma, é ainda vice-diretor e coordenador das Relações Internacionais e membro do Conselho Científico da Faculdade de Teologia, da Universidade Católica Portuguesa, e diretor e investigador do Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião (CITER) da mesma faculdade. No passado dia 12 de maio, foi instituído Cónego do Cabido da Sé Patriarcal de Lisboa.