O governo húngaro afirmou esta quinta-feira acreditar que o ex-primeiro-ministro António Costa é “capaz de gerir Conselho Europeu de forma eficaz”, a partir de dezembro, daí o voto a favor do primeiro-ministro Viktor Órban, que conhece o responsável português.

Acreditamos que Costa vai ser capaz de gerir o Conselho de forma eficaz. O primeiro-ministro [húngaro, Viktor Órban] conhece-o”, declarou o secretário de Estado húngaro para a Comunicação Internacional e responsável do governo para a presidência húngara da UE, Zoltán Kovács.

Em declarações aos cerca de 50 jornalistas europeus baseados em Bruxelas que estão esta quinta-feira e sexta-feira em Budapeste para a viagem da presidência húngara da União Europeia (UE), incluindo a Lusa, Zoltán Kovács destacou o “conhecimento do pessoal da política europeia” de António Costa, bem como as suas “capacidades pessoais”.

O responsável húngaro lembrou que, por seu lado, Viktor Órban “está na política há 30 anos” e que “é um verdadeiro veterano”, nomeadamente no seio do Conselho Europeu, a instituição que junta os chefes de Governo e de Estado da UE, sendo esta quinta-feira o líder europeu no cargo há mais tempo, num total 14 anos, realizando agora a sua segunda presidência rotativa da UE. Neste contexto, trabalhou com o antigo primeiro-ministro português, que representou Portugal na instituição durante oito anos.

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Também num encontro esta quinta-feira com a imprensa, o ministro húngaro para os Assuntos Europeus, János Bóka, descreveu António Costa como “um parceiro fiável” pela sua experiência de cooperação, destacando que o responsável português tem “um longo percurso, incluindo ao alto nível”, bem como “competências de grande precisão”.

Estamos ansiosos por trabalhar com ele“, adiantou Bóka, numa alusão ao facto de a primeira cimeira europeia liderada por Costa ser durante a presidência húngara da UE.

Na passada quinta-feira, o ex-primeiro-ministro português António Costa foi eleito presidente do Conselho Europeu pelos chefes de Estado e de Governo da UE para um mandato de dois anos e meio.

António Costa será o primeiro português e o primeiro socialista à frente do Conselho Europeu, num cargo que assume a 1 de dezembro de 2024.

A Hungria ocupa a presidência rotativa do Conselho da UE no segundo semestre, entre julho e dezembro.

Na reunião do Conselho Europeu da passada quinta-feira, os líderes da UE propuseram também Ursula von der Leyen para um segundo mandato à frente da Comissão Europeia e nomearam a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança. Ambas terão de se sujeitar à votação no Parlamento Europeu.

Questionado sobre o voto contra da Hungria à recondução no cargo da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o porta-voz internacional Zoltán Kovács lembrou a opinião do governo húngaro, de que “ela falhou” porque “não foi uma Comissão bem-sucedida nos últimos cinco anos”.

Bruxelas e Budapeste têm estado envoltos em tensões devido à suspensão de verbas europeias por desrespeito do Estado de direito por parte da Hungria, em questões como os direitos das pessoas LGBTQI e a independência judicial.

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Nos últimos dias, os líderes de três grandes partidos populistas e nacionalistas da Hungria, Áustria e República Checa, liderados pelo primeiro-ministro húngaro ultraconservador Viktor Orbán, anunciaram a criação de um novo grupo de direita radical no Parlamento Europeu.

Questionado sobre a eventual adesão do Chega a esta bancada parlamentar europeia, o porta-voz Zoltán Kovács indicou sem especificar que as autoridades húngaras “não têm apenas esperanças”, já que “as coisas vão acontecer”.

Já o ministro János Bóka comentou que “a reestruturação da direita [no Parlamento Europeu] não pode ser conseguida sem a participação do Fidesz”, o partido de Órban.