O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou esta segunda-feira ao Governo federal e às autoridades das regiões fronteiriças de Belgorod, Briansk e Kursk que garantam o financiamento das unidades de defesa territorial e apresentem um relatório até meados de setembro.

“Ao Governo da Federação Russa, juntamente com os órgãos do poder executivo das regiões de Belgorod, Briansk e Kursk: [devemos] garantir o financiamento do orçamento federal das unidades de defesa territorial” destas regiões, indicou o chefe de Estado num decreto publicado pelo Kremlin.

De acordo com o documento, o montante do financiamento será estabelecido “em função do número de membros destas unidades” e inclui o pagamento de salários em função dos cargos que desempenham.

Além disso, os recursos alocados devem considerar o aprovisionamento e o abastecimento destas unidades com todo o equipamento militar necessário.

Putin designou o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, e os governadores das três regiões como responsáveis ??pelo cumprimento deste decreto.

A questão foi abordada na semana passada durante uma reunião dedicada à análise da situação nas regiões fronteiriças russas, após a incursão terrestre ucraniana em Kursk, que começou em 06 de agosto.

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Durante esta reunião, Vyacheslav Gladkov, governador de Belgorod, a região mais afetada nos últimos dois anos pelos bombardeamentos ucranianos e pelos ataques de drones, pediu a Putin que financiasse as defesas locais através do orçamento federal, um pedido a que se juntou o seu homólogo de Briansk, Alexandre Bogomaz.

Em resposta, o Presidente russo indicou que o assunto tinha sido discutido com representantes do comando militar e que já receberam ordens para ajudar estas regiões na criação de unidades de defesa territorial.

Esta segunda-feira, na sua conferência de imprensa diária, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, abordou a invasão ucraniana de Kursk, em curso há quase três semanas, afirmando que “é claro que tais ações hostis não podem ocorrer sem uma resposta adequada”.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou no domingo que o Exército ucraniano assumiu o controlo de duas outras localidades na região de Kursk, enquanto a Rússia lançou esta segunda-feira um dos seus maiores ataques contra a infraestrutura energética do país vizinho.

O chefe de Estado ucraniano afirmou ainda que as suas tropas continuam a fazer prisioneiros entre os soldados russos em Kursk.

O governador de Belgorod descreveu por seu lado que a situação também continua complicada naquele território russo, adjacente a Kursk e à Ucrânia.

Vyacheslav Gladkov afirmou que, face aos perigos existentes, as autoridades planeiam o “fecho total” do acesso a mais três localidades daquela região.

Desde o início da ofensiva ucraniana em Kursk, as regiões de Briansk e Belgorod declararam também um regime de operações terroristas e começaram a evacuar algumas localidades próximas da zona de combate.

Outro fator de inquietação prende-se com a central nuclear de Kursk.

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, anunciou que vai visitar na terça-feira a unidade, “dada a grave situação” desde a invasão ucraniana na região.

“A segurança e proteção de todas as centrais nucleares é uma preocupação central e fundamental para a AIEA”, disse esta segunda-feira em comunicado, no qual sublinhou a importância de realizar uma “avaliação independente” do que se passa nestas instalações.

“É importante que estejamos presentes quando a Agência é solicitada a cumprir o seu mandato para garantir que a energia nuclear é utilizada de forma pacífica. É também importante que, quando a comunidade internacional necessita de uma avaliação independente da segurança de uma instalação nuclear, estejamos presentes”, prosseguiu.

Grossi insistiu que a segurança das instalações nucleares não deve ser posta em perigo “em nenhuma circunstância” e está confiante de que na terça-feira poderá “ver a situação em primeira mão” e analisar possíveis respostas.

A central nuclear de Kursk está localizada junto da cidade de Kurchatov, a cerca de 60 quilómetros da fronteira com a Ucrânia. Há algumas semanas que a região é palco de uma incursão sem precedentes das forças ucranianas, que reclamam quase uma centena de localidades e várias centenas de quilómetros quadrados sob o seu controlo.