António Gandra d’Almeida, diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde, garantiu esta quinta-feira, em entrevista à SIC Notícias, que “toda a população vai ser atendida”, apesar das 13 urgências fechadas durante o fim de semana. Para sexta-feira, prometeu respostas do Ministério da Saúde sobre as medidas urgentes do Plano de Emergência e Transformação para a Saúde que ficaram por cumprir.

Termina na sexta-feira o prazo que o Governo definiu para cumprir 15 medidas na Saúde. Contudo, apenas dez foram postas em prática, ficando por cumprir medidas como a criação de uma linha para utentes sem médico de família ou a desinstitucionalização de pacientes com problemas de saúde mental. Perante pedidos de justificações para as cinco medidas por cumprir, o diretor executivo do SNS desviou as respostas formais para o Ministério da Saúde.

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“Amanhã [sexta-feira] haverá novidades sobre isso e o plano será explicado. Não é uma justificação, o Ministério da Saúde vai explicar todos os pontos do Plano de Emergência e Transformação e em que ponto estamos. Com dados, vai explicar aos portugueses e portuguesas o que foi feito até agora no âmbito deste plano”, prometeu Gandra d’Almeida, acrescentando que os prazos estão a ser cumpridos.

Da mesma forma que contornou as questões sobre as promessas por cumprir, o responsável do SNS não apresentou justificações sobre as urgências fechadas durante o verão. Defendendo que a estação “não correu mal”, afirmou que as respostas são dadas “em segurança”, mesmo que, por vezes, não seja “no local mais próximo”.

O mapa público das urgências para o próximo fim de semana mostra que no sábado 13 urgências vão estar fechadas, número que sobe para 14 no domingo. Gandra d’Almeida avançou que ainda estão “a tentar reverter estes números”, através de diálogos com as direções clínicas. Reconhecendo que era suposto haver pelo menos uma urgência aberta na margem sul, argumentou que “os profissionais têm direito ao descanso”.

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As respostas do diretor executivo voltaram muitas vezes à vontade de “valorizar a dedicação dos profissionais do SNS” e “atender os portugueses”. Sobre o primeiro problema, concordou com Luís Montenegro que a solução não passa exclusivamente por salários mais altos, apelando uma maior proximidade, envolvimento e diálogo com todos os trabalhadores, que diz que já tem implementado.

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Sobre a resposta aos utentes, notou que as cirurgias aumentaram 5,6% e que nenhum paciente oncológico ultrapassou o tempo máximo de resposta recomendado. Contudo, a lista de espera total também aumentou em 0,3% e, noutras especialidades, mais de 40 mil pacientes excederam o tempo máximo de resposta.

António Gandra d’Almeida garantiu que as parcerias com os setores privados e social eram utilizadas “sempre que necessário”, mas que o trabalho do SNS em rede tem sido suficiente para dar resposta. Adiantou também que a entrega de escalas para o plano de inverno “está a acontecer”, mas que a aposta é na prevenção e vacinação alargada, para não sobrecarregar o SNS.

Entre mais promessas vagas de “novos incentivos”, “novos sistemas” e mais trabalho nos planos, o diretor executivo do SNS deixou uma indicação final à população para este fim de semana: “Antes de irem às urgências, liguem SNS24”.