Os militantes do partido de extrema-esquerda catalão CUP vão realizar uma terceira e última votação para decidir se apoiam a investidura de Artur Mas como presidente regional da Catalunha, depois de nas duas primeiras ter prevalecido o “não”.

Na segunda votação dos militantes da CUP, reunidos em assembleia-geral, o segundo de quatro cenários — “não” à investidura de Artur Mas e ao acordo com a coligação Junts Pel Sí, e optar por novas eleições caso a coligação não proponha outro nome para presidente – ganhou com 49,7% dos votos (1.512), contra os 48,7% (1.482) para o “sim”.

A coligação que propôs o nome de Artur Mas para presidente regional, a Junts Pel Sí, precisa dos votos dos deputados da CUP para que Mas seja eleito presidente no parlamento regional, na sucessão das eleições autonómicas de 27 de setembro.

Na assembleia geral dos militantes da CUP e das organizações que apoiam a formação, para a qual estavam inscritas inicialmente 3.600 pessoas, vão hoje a votos quatro opções.

A primeira seria apoiar Artur Mas como presidente do governo regional e a proposta de acordo da Junts pel Sí; a segunda recusa apoiar Artur Mas, recusa o acordo com a Junts e implica novas eleições caso a coligação não proponha outro nome.

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O terceiro cenário (já rejeitado) seria o de apoiar a investidura mesmo sem acordo e o quarto (rejeitado logo à primeira votação) seria a abstenção da CUP na próxima votação de investidura, abrindo assim caminho a eleições antecipadas na Catalunha.

Na primeira das votações (serão votações sucessivas, eliminando a opção menos votada, a menos que uma das opções consiga mais do que 50% dos votos), 47,14% dos militantes (1.418) votaram “não” à investidura de Artur Mas, enquanto 45,17% (1.359) votaram “sim” à sua reeleição.

A terceira opção reuniu apenas 109 votos (3,62%) e a quarta (abstenção e eleições antecipadas) conseguiu 103 votos (3,42%), pelo que foi logo eliminada para a segunda ronda de votação.

Na segunda ronda de votações, o terceiro cenário foi eliminado, uma vez que obteve apenas 28 votos (0,9%).

Na primeira das votações – que ao contrário da tradicional “mão no ar” do partido serão todas secretas – participaram 3.008 militantes e na segunda 3.042.

As votações seguiram-se a três horas de debate, com os órgãos de direção da CUP a explicar os termos do pré-acordo com a Junts pel Sí, que inclui um plano social considerado “de choque” (e que distribui pelo menos 270 milhões de euros) e a suspensão de projetos polémicos como a construção do complexo de casinos BCN world.

A Junts pel Sí ganhou as eleições regionais da Catalunha a 27 de setembro, com 62 deputados, mas ficou a depender dos 10 deputados da extrema-esquerda CUP para conseguir eleger Artur Mas como presidente.

A oposição catalã (Ciudadanos, Partido Socialista Catalão, Catalunya Si que es Pot – apoiada pelo Podemos e o PP catalão) reúne, em conjunto, 63 deputados regionais.

O resultado da assembleia-geral da CUP, e consequente futuro presidente regional e processo independentista, terão consequências nos eventuais acordos pós-eleitorais a nível nacional, na sequência das eleições gerais de 20 de dezembro.

O PP – vencedor das gerais sem maioria absoluta – quer garantir uma legislatura com o apoio do PSOE, mas o partido socialista prefere uma aliança de esquerdas, que incluiria o Podemos e, pelo menos, a abstenção de outras formações de esquerda nacionalistas e regionais.

No entanto, o PSOE traça como linha vermelha a unidade de Espanha, enquanto o Podemos pretende um referendo sobre a independência na Catalunha e as pequenas formações catalãs querem avançar já para a independência.