O marroquino que sexta-feira abriu fogo num comboio em França – e foi neutralizado por dois militares norte-americanos – estava referenciado por ligações ao islamismo radical e morou um ano em Espanha, até 2014, e fez uma curta passagem pela Síria.

De acordo com fontes dos serviços anti-terrorismo de Espanha, citadas hoje pelo El País, o jovem marroquino de 26 anos, Ayoub El Kahzzani, aparece nos registos como um islamita radical. O homem “manteve residência” em Espanha durante um ano, até 2014, antes de regressar a França. As mesmas fontes explicam que pouco depois viajou para a Síria, onde esteve pouco tempo, e regressou novamente a França.

Na sexta-feira, Ayoub El Kahzzani entrou num comboio que fazia o trajeto Amesterdão (Holanda) – Paris armado com uma espingarda automática Kalashnikov com nove carregadores de munições, uma pistola e uma faca.

Segundo conta o El País, pouco depois das 18:00 o homem entrou numa casa de banho e começou a carregar a arma, mas dois militares norte-americanos que seguiam como passageiros no comboio – Spencer Stone e Alex Skarlatos, respetivamente da Força Aérea e da Guarda Nacional – reconheceram o som da arma a ser carregada e esperaram o homem à saída do cubículo.

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Os dois militares conseguiram neutralizar o jovem, mas este ainda conseguiu disparar a arma. Um dos militares norte-americanos ficou ferido, tal como um outro passageiro. Um dos ferimentos foi causado por bala.

A procuradoria antiterrorista de Paris abriu uma investigação ao sucedido e o ministro do Interior [Administração Interna, em Portugal], Bernard Cazeneuve, admitiu que o incidente “pode ser de natureza terrorista”. O jovem foi detido na estação de Arras, no norte de França, para onde o comboio tinha sido desviado.

Já hoje, o jovem marroquino foi levado para a sede da Subdireção Antiterrorista da Polícia francesa, nos arredores de Paris.

O ministro do Interior francês, que na noite de sexta-feira esteve no local dos acontecimentos, classificou o comportamento do atacante como “extremamente perigoso” e agradeceu a intervenção dos dois militares norte-americanos, que permitiu evitar “um drama terrível”. A bordo do comboio seguiam 368 passageiros.

Em janeiro último, França foi o palco de um duplo atentado terrorista contra a redação do jornal satírico Charlie Hebdo e contra um supermercado judeu em Paris, nos quais morreram 17 pessoas e os três terroristas. Os atentados foram realizados por terroristas ligados à Al Qaeda no Iémen, no caso da revista, e ao DAESH (acrónimo árabe do autodenominado Estado Islâmico), no caso do supermercado.