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PAU BARRENA/AFP/Getty Images

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Catalunha. Um ano depois do referendo, nem independência nem paz

O referendo para a independência da Catalunha faz um ano esta segunda-feira. 365 dias depois, os catalães estão de costas voltadas, a economia dá sinais preocupantes e os políticos mantêm o impasse.

Sociedade. Agora, luta-se por causa de laços amarelos

Podiam chamar-lhe a batalha das cruzes e dos amarelos. Pouco depois de alguns dos membros do governo regional da Catalunha terem fugido para fora do país e outros terem sido colocados em prisão preventiva, os independentistas catalães adotaram como símbolo, em sua homenagem, as cruzes e laços de cor amarela.

Um pouco por todo lado, fosse por cidades de maior dimensão como Barcelona ou Girona, ou em localidades com menos população no interior da Catalunha, aqueles símbolos tornaram-se num elemento comum da paisagem urbana da região. Até que começaram as batalhas das cruzes e laços amarelos.

Aos poucos, foram surgindo vídeos de unionistas desagradados com a presença daqueles símbolos no espaço público. Fosse pelo ato de retirada dos laços ou cruzes por parte de unionistas, fosse pela resposta que defensores daqueles símbolos deram perante aquele gesto, não faltaram cenas de violência na Catalunha.

Na cidade de Vic, um carro irrompeu pela Plaza Mayor, derrubando pelo caminho as cruzes amarelas que ali foram postas, ocupando a grande parte do espaço. O carro esteve perto de atropelar algumas das pessoas que estavam naquela praça, sendo que, entre estas, houve quem atingisse a viatura com pontapés. “Filho da puta, charnego”, gritou um deles, utilizando um termo pejorativo para descrever os espanhóis nascidos noutras regiões do país que foram para a Catalunha viver e trabalhar, como é comum entre muitos andaluzes.

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https://www.youtube.com/watch?v=vpT7aJHDGVM

Em Barcelona, uma mulher de 42 anos foi agredida enquanto retirava laços amarelos de um parque na Ciutadella de Barcelona. A vítima, imigrante russa em Espanha, estava acompanhada pelos dois filhos menores quando um homem se dirigiu a ela com gritos de “estrangeira de merda” e “vai para o teu país”. Dos insultos, o agressor passo aos murros, partindo o nariz da mulher à frente dos seus filhos.

Nem por isso as retiradas de laços amarelos terminaram. Tanto que, em agosto, os Mossos d’Esquadra, a polícia catalã, identificou 14 pessoas que, durante a madrugada, arrancavam laços amarelos, entre eles um guarda civil. O mesmo já não aconteceu quando, num gesto político amplamente difundido, Albert Rivera e Inés Arrimadas, do partido unionista Ciudadanos, saíram à rua para desatar laços amarelos em Barcelona e, depois, metê-los dentro de um saco do lixo.

As cruzes e os laços amarelos e os vários focos de tensão criados em torno deles servem de exemplo para demonstrar a divisão da sociedade catalã que, um ano depois do referendo, continua a não chegar a um consenso em relação ao tema da independência. Em 2018, as imagens da Diada, manifestação independentista que ganhou particular fulgor desde 2012, são semelhantes às dos últimos anos: multidões de perder de vista.

No entanto, as sondagens sugerem que a unanimidade demonstrada entre aquelas centenas de milhares de pessoas não se alastra ao resto dos catalães. Pelo contrário, continua a ser uma região partida ao meio. Segundo um estudo de opinião publicado no El Español dois dias antes da Diada deste ano, 51,1% dos catalães apoia a independência e 53% acredita que esse objetivo será cumprido nos próximos anos. 

Economia. Menos crescimento e muito menos investimento estrangeiro

À semelhança do que tinha acontecido no referendo pela independência da Escócia e no referendo sobre o Brexit no Reino Unido, a ameaça do desastre económico foi usada como arma de arremesso na discussão política que se gerou antes, durante e depois do referendo na Catalunha. Num primeiro momento, sem outros números fiáveis para comprovar a visão catastrófica, o argumento usado em Madrid girou em torno da fuga de empresas da região. Centenas, e depois milhares, de companhias e sociedades comerciais saíram ou mudaram as suas sedes para fora da Catalunha — incluindo os bancos Caixabank e Sabadell, Gas Natural Fenosa (agora conhecida por Naturgy), Abertis, Colonial, Catalana Occidente, eDreams, Applus, Bimbo, Codorníu, MRW e Cementos Molins. A Agbar (Águas de Barcelona) também saiu, mas anunciou recentemente o seu regresso.

Até ao final do primeiro trimestre deste ano — de acordo com os últimos dados do Colégio de Registradores de Espanha (a entidade que regista as sociedades comerciais) — saíram da Catalunha para outras regiões de Espanha 4.550 empresas. E isso significa que a economia catalã se afundou? Não. Mas subsistem muitos riscos.

O Caixabank foi um dos primeiros bancos a retirar a sua sede fiscal da Catalunha após o referendo de 1 de outubro (EPA/QUIQUE GARCIA)

QUIQUE GARCIA/EPA

Comecemos pelo PIB da Catalunha. A economia catalã fechou o ano de 2017 a crescer 3,4% face ao ano anterior (apesar da desaceleração dos últimos dois trimestres, já afetados pela incerteza em torno do processo soberanista), segundo dados do Instituto de Estatística da Catalunha (Idescat). Nos primeiros três meses do ano, o indicador baixou para 3,3% (mas acima dos 2,9% do conjunto de Espanha), com nova perda de duas décimas, para 3,1%, no segundo trimestre.

Mas estes são os dados do Idescat. A Autoridade Independente de Responsabilidade Fiscal (AIReF), o equivalente espanhol do Conselho das Finanças Públicas, tem outra análise e detetou uma “desaceleração forte” da economia catalã. A entidade, responsável por fiscalizar a saúde das contas públicas das regiões espanholas, prevê um crescimento para o terceiro trimestre da Catalunha de 2,5%, um ponto percentual abaixo do que se verificava há um ano.

Nas suas estimativas, a AIReF incorpora indicadores de evolução económica como as vendas no retalho, o investimento, o emprego ou as exportações. Considera, por isso, que os números que apresenta não são meras previsões económicas, mas sim dados obtidos a partir da evolução real da atividade dos vários setores.

No ano que se seguiu ao referendo, os catalães foram menos às compras. Nas grandes superfícies, as vendas foram de um crescimento 3,5% em setembro de 2017 a uma queda de 11,6% no mês seguinte, quando se fez o referendo. Em julho deste ano, as compras continuavam a cair, na ordem dos 6,3%.

Assim, a entidade coloca a Catalunha como a segunda região espanhola que mais desacelerou no espaço de um ano (apenas batida pelas Astúrias), e a crescer menos (2,5%) do que o conjunto de Espanha (média 2,7%).

A taxa de desemprego na Catalunha continua a diminuir (está nos 11,4%, quando era de 12,5% antes do referendo de 1 de outubro) e as exportações estão positivas (com a exceção do mês de maio, com uma quebra de 1,2%), mas os números do comércio não chegaram a recuperar completamente do procés. Um mês antes do referendo o comércio na Catalunha crescia 2,4%. No mês da votação caiu 2,8%. Depois de uma recuperação ténue, em julho último voltaram ao vermelho, perdendo 0,3%.

A situação nas grandes superfícies foi pior. As vendas (que estavam a crescer 3,5% em setembro de 2017) caíram 11,6% no mês do referendo. Passaram o resto do ano negativas (com a exceção de meses “fortes” como novembro (compras de Natal) e março (compras para a Páscoa). Em julho último perdiam 6,3%.

Em julho deste ano, o turismo de estrangeiros caiu 6,7% em relação ao período homólogo do anterior (David Ramos/Getty Images)

David Ramos/Getty Images

No setor do Turismo, as notícias são ainda mais desanimadoras. Em julho último, o número de turistas estrangeiros na Catalunha caiu 6,7%, ficando-se pelos 2,38 milhões de visitantes. A mesma coisa com o indicador das pernoitas hoteleiras: desceram 6,5%.

No mesmo mês de 2017, o turismo na região crescia 6,8% em visitantes e 3,4% em pernoitas. Os hoteleiros catalães foram dos que mais avisaram ao longo do último ano para as consequências da instabilidade política no Turismo, tanto no curto como no médio e longo prazos. O resto de Espanha também não tem ajudado. Pelo contrário. Os espanhóis estão a visitar cada vez menos a região: há três trimestres consecutivos que o número de turistas das outras regiões autónomas espanholas está em queda.

Em março, o presidente da entidade patronal Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (CEOE), o catalão Juan Rosell, já alertava no mesmo sentido da AIReF: os efeitos económicos do procés apenas serão visíveis a longo prazo, quando se “constatar que as decisões de investimento estão a ser desviadas para fora da Catalunha”.

Na economia catalã pós-referendo, nada caiu tanto como o investimento estrangeiro. No trimestre daquela consulta independentista, o investimento estrangeiro caiu quase 75%.

E o investimento direto estrangeiro está em forte queda na Catalunha desde o referendo. É comum este indicador sofrer oscilações consideráveis em certos períodos, uma vez que basta um único investimento de grande dimensão para afetar percentualmente um trimestre. Mas as quedas de investimento na Catalunha são constantes desde outubro de 2017 — e são violentas.

No trimestre do referendo catalão, a queda do investimento estrangeiro na Catalunha foi de 74,4%, para um total de 531 milhões de euros. De Janeiro a março deste ano, o investimento caiu 61,7%, ficando-se pelos 345,7 milhões de euros. E entre abril e junho uma nova queda, de 16%, de acordo com dados do Ministério da Indústria espanhol. O próprio Idescat reconhece que o investimento estrangeiro na Catalunha caiu 31% no  conjunto do ano de 2017 (num total de apenas 70 projetos, no valor de 241 milhões de euros). No primeiro semestre já caiu 41%.

Conclusão: a economia catalã não “morreu” com o referendo, como em outubro do ano ano passado acenaram os mais acérrimos defensores da unidade de Espanha, mas tem vindo a desacelerar e a perder atratividade junto dos investidores estrangeiros, aos poucos deixando de ser uma força motriz face às outras regiões espanholas.

Política. O duelo Rajoy-Puigdemont é agora de Sánchez-Torra — e ainda vai a meio

Tudo mudou, nada mudou.

No ano que se passou desde o referendo de 1 de outubro de 2017, a política espanhola e também a catalã passaram por provas imensas, entre eleições e moções de censura vitoriosas. No entanto, um ano volvido e com ele tantos episódios, o debate político em torno da independência catalã continua praticamente na mesma: em Madrid, o governo central nega a possibilidade de ser feito um referendo à independência, baseando-se na Constituição; na Catalunha, o governo regional promete levar para a frente o processo soberanista, buscando força numa maioria do parlamento catalão.

No entanto, um ano depois, há nuances — e vale a pena analisá-las.

Primeiro, a Catalunha.

Da catadupa de acontecimentos nos meses que se seguiram ao 1 de outubro, importa recordar agora os seguintes: a 27 de outubro, a declaração unilateral de independência pelo parlamento regional e a aplicação do Artigo 155 da Constituição por Mariano Rajoy, suspendendo a autonomia à Catalunha; a fuga do presidente do governo regional destituído para Bruxelas, a 29 de outubro; a prisão preventiva dos membros do governo regional catalão que decidiram continuar em Espanha, entre eles o vice-presidente de governo, Oriol Junqueras, a 2 de novembro; e, a 21 de dezembro, a realização de eleições regionais antecipadas.

A 27 de outubro, o parlamento regional catalão declarou unilateralmente a independência da Catalunha, numa votação secreta. Dois dias depois, Puigdemont fugia para a Bélgica (David Ramos/Getty Images)

David Ramos/Getty Images

As eleições regionais antecipadas podiam ter desatado o nó górdio da política catalã mas, em vez disso, apertaram-no ainda mais. Ao contrário do que tinha acontecido em 2015, em que os soberanistas do Juntos Pelo Sim foram a força mais votada e os independentistas na sua totalidade formaram uma maioria absoluta, o resultado de dezembro de 2017 foi menos linear. Isto porque o Ciudadanos, partido unionista ali encabeçado por Inés Arrimadas, ganhou as eleições e os partidos a favor da continuação da Catalunha em Espanha tiveram mais votos. Porém, por particularidades do sistema eleitoral catalão, que tendem a valorizar mais o voto das pequenas localidades do que das grandes cidades, os deputados independentistas todos somados continuaram a ter a maioria absoluta.

“Majestade, acontece que há presos políticos neste país (...). Majestade, assim não.”
Quim Torra, presidente do governo regional da Catalunha

Apesar de terem a maioria no parlamento, os independentistas só conseguiram eleger um presidente do governo regional à quarta tentativa. Antes do derradeiro nome de Quim Torra ter sido sugerido e aprovado, outros três ficaram para trás, por estarem presos ou fora do país: Carles Puigdemont, Jordi Sánchez e Jordi Turull. Quando tomou posse, Quim Torra levou um laço amarelo na lapela e disse: “O nosso presidente é Carles Puigdemont. Seremos leais ao programa do 1 de outubro e à construção da república”. E, queixando-se de que há “presos políticos neste país” e que “não se respeita a vontade expressada nas urnas”, falou em castelhano e mandou uma mensagem ao rei Filipe VI: “Majestade, assim não”.

Enquanto isso, muitas coisas mudaram em Madrid.

À altura do referendo catalão que Madrid nunca quis reconhecer, a cadeira de Presidente de Governo pertencia a Mariano Rajoy, do Partido Popular. No dia do referendo, segundo o El Periódico, Rajoy terá dito aos seus mais próximos: “Um cassetete para cada urna. A batalha mediática está perdida”.

"Um cassetete para cada urna. A batalha mediática está perdida."
Mariano Rajoy, durante o referendo inconstitucional de 1 de outubro de 2017

A verdade é que, no Congresso dos Deputados, as marés eram pouco agitadas para Mariano Rajoy e para o seu governo. Ali, foi formado um consenso entre os três dos quatro maiores partidos — PP, PSOE e Ciudadanos — que levou à aplicação do Artigo 155 da Constituição espanhola, que permite suspender a autonomia de uma região caso o seu governo desobedeça ao texto fundamental. Desta forma, por mais ruído e discórdia que houvesse nas ruas da Catalunha, no Congresso dos Deputados, em Madrid, o ambiente parecia sereno.

Parecia. Em maio, o Partido Popular foi arrasado pela condenação de várias figuras da sua cúpula, a propósito do escândalo de corrupção Gürtel. Embora o caso não tivesse tocado em Mariano Rajoy — mesmo que a Audiencia Nacional tenha questionado a “credibilidade” dos seus depoimentos enquanto testemunha no caso —, o próprio Partido Popular, do qual era presidente à altura, foi contemplado entre os condenados. Numa sentença inédita em Espanha, o partido foi acusado de lucrar “com prejuízo para os interesses do Estado”.

Pedro Sánchez, líder do PSOE, viu ali a altura certa para atacar e anunciou que os socialistas iam fazer votar uma moção de censura e apresentar-se como alternativa de governo. Foi aí que o PSOE surpreendeu o país e o mundo. Para espanto de muitos, que duvidavam que o pior PSOE do pós-franquismo tivesse força para derrubar um governo, os socialistas fizeram tréguas com os independentistas catalães e contaram com a sua ajuda (e também de outros) para derrubar Rajoy e fazer de Pedro Sánchez Presidente de Governo.

(Pablo Blazquez Dominguez/Getty Images)

Pablo Blazquez Dominguez/Getty Images

Aos independentistas, Pedro Sánchez prometeu diálogo. E foi diálogo que tiveram, a 9 de julho, quando o Presidente de Governo se encontrou com o presidente do governo regional da Catalunha, Quim Torra. Falaram durante duas horas e meia, mas a única medida resultante dali foi a reabertura da Comissão Bilateral Estado-Generalitat, suspensa desde 2011. De resto, Pedro Sánchez e Quim Torra não chegaram a mais nenhum entendimento.

Dúvidas houvesse, Pedro Sánchez recebeu duas mensagens claras de desafio por parte dos independentistas este domingo, 30 de setembro, véspera do primeiro aniversário do referendo de 1 de outubro.

A primeira surgiu da parte do presidente do PDeCAT, partido de Carles Puigdemont, David Bonheví, que disse que “seria impossível” darem a sua ajuda fulcral para aprovar o Orçamento do Estado de 2019, se não houver uma “solução política” para a Catalunha.

A segunda mensagem partiu precisamente do governo regional da Catalunha. Primeiro, posou em frente à urna made in China na qual terá depositado o seu voto há um ano. Depois, disse que era “necessário fazer outro 1 de outubro” e “agir da mesma maneira”. Um ano depois, tudo mudou e nada mudou.

(David Ramos/Getty Images)

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