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É nesta sala e nesta cadeira que será vacinado contra a Covid-19 o primeiro profissional de saúde em Portugal, na presença da Ministra da Saúde
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É nesta sala e nesta cadeira que será vacinado contra a Covid-19 o primeiro profissional de saúde em Portugal, na presença da Ministra da Saúde

Rui Oliveira/Observador

É nesta sala e nesta cadeira que será vacinado contra a Covid-19 o primeiro profissional de saúde em Portugal, na presença da Ministra da Saúde

Rui Oliveira/Observador

Hospital de São João prepara “vacinação massiva” com a eficácia de “um relógio suíço”. Nada pode falhar

25 gabinetes, 100 pessoas envolvidas, salas de recobro e um trabalho feito em contra relógio. Este domingo, o Hospital de São João vacinará 2.000 profissionais de saúde, numa mega operação rara.

A logística é grande e a responsabilidade também. Este domingo, o Hospital de São João, no Porto, irá vacinar médicos, enfermeiros, assistentes operacionais e técnicos de diagnóstico e terapêutica contra a Covid-19, num total de 2.000 profissionais de saúde. O processo será minucioso e feito em contra relógio, uma vez que se prevê serem vacinadas 200 pessoas por hora.

Tudo começa na farmácia do hospital, onde a vacina está armazenada desde este sábado e será previamente preparada para seguir viagem para o centro de ambulatório, temporariamente convertido em posto de vacinação. Após receberem a vacina, os profissionais de saúde terão que esperar 30 minutos numa sala, onde serão devidamente acompanhados caso surja algum efeito secundário imediato.

Há 100 pessoas envolvidas nesta mega operação a que médicos, enfermeiros, técnicos e assistentes aderiram em massa por acreditarem que tomar esta vacina “é um passo fundamental” para se conseguir a imunidade de grupo em Portugal.

“Temos de executar com a eficiência de um ballet russo ou um relógio suíço”

Tudo começa nos serviços farmacêuticos do hospital, onde este sábado, pelas 16h30, chegaram 2.125 doses da vacina contra a Covid-19. Saíram de Coimbra a 80 graus negativos e aqui permanecem armazenadas entre os 2 e os 8 graus, “as condições de um frigorífico doméstico”. Podem ser administradas num prazo de até cinco dias, mas não será preciso tanto, já que este domingo está previsto que 2.000 profissionais de saúde a recebam.

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As 2.000 vacinas serão distribuídas em 25 gabinetes de enfermagem, geralmente destinados a consultas externas

Rui Oliveira/Observador

Cada frasco recebido corresponde a cinco doses e a preparação prévia parece simples. Após serem descongeladas, de forma a ficarem à temperatura ambiente — uma vez que não podem ser ministradas frias —, as vacinas, distribuídas em doses de 0,3 mililitros, têm até duas horas para serem diluídas em soro fisiológico. Só depois desse processo é que estão prontas a serem administradas, algo que deverá acontecer até seis horas depois da diluição.

Depois desta etapa, o preparado é colocado dentro de uma seringa, já com a agulha incluída, e guardado numa embalagem azul selada, pronta a ser usada. Estas embalagens são organizadas em grupos de dez para posteriormente serem distribuídas em bolsas protetoras de luz e seguirão viagem em malas térmicas, para evitar que sejam agitadas. As doses serão levadas por assistentes operacionais a pé, sem recurso a elevadores, até aos postos de vacinação, situados no andar superior. O trajeto demorará cinco minutos e a sala de armazenamento será vigiada em permanência por uma segurança interno do hospital e um polícia.

“O maior desafio é mesmo a logística. A operação assusta pela sua dimensão, mas esperamos conseguir executar com a eficiência de um ballet russo ou um relógio suíço, não sei o que será mais afinado”, explica Pedro Soares, diretor dos serviços farmacêuticos, acrescentando que a capacidade de armazenamento no frio “não é um problema”.

Na sala dos serviços farmacêuticos do Hospital de São João estão a ser testados todos os preparativos para uma "vacinação massiva"

Rui Oliveira/Observador

O profissional acrescenta que, apesar de a vacina ser fruto de uma tecnologia nova, o seu processo de manipulação implicará técnicas que a sua equipa já usa regularmente, mas numa escala diferente. “Temos de ter noção que estamos a falar de um bem escasso, muito desejado e que muita falta nos faz. Temos uma janela relativamente curta de oportunidade para eficazmente podermos utilizar as vacinas que estão à nossa guarda”, afirma, sublinhando que nada pode falhar.

A equipa deste serviço teve que ser reforçada e este domingo será composta por dois farmacêuticos, seis técnicos superiores de diagnostico e terapêutica e um assistente operacional para fazer toda a logística e transporte. “Na história do hospital nunca tivemos uma equipa destas ao serviço a um domingo”, destaca Pedro Soares, adiantando que a preparação das vacinas irá arrancar este domingo às 8h, para começarem a ser administradas às 10h.

Profissionais chamados por senhas e 30 minutos de “uma espécie de recobro”

Será em duas áreas do centro de ambulatório do hospital, onde geralmente se realizam as consultas externas durante a semana, que a vacina contra a Covid-19 será distribuída este domingo, entre as 10h e as 20h. Ao todo, estão disponíveis para o efeito 25 gabinetes, reforçados com luvas, seringas e compressas, e várias salas de apoio, numa operação que estima vacinar 200 pessoas por hora.

receitas médicas para medicamentos

Estes são os rótulos de cada vacina, que deverá ser descongelada e diluída em soro fisiológico para ser administrada

Rui Oliveira/Observador

Todos os profissionais foram agendados com uma hora específica para evitar aglomerações e a chamada será feita como habitualmente se faz numa consulta, ou seja, através de uma senha. À sua espera estará um enfermeiro para lhe administrar a vacina e fazer o registo da mesma”, explica Xavier Barreto, diretor do centro de ambulatório, acrescentando que nesta ação estarão envolvidos cerca de 100 profissionais, dos quais 40 são enfermeiros.

Depois de receberem a vacina, algo que deverá demorar seis minutos, todos os profissionais terão que esperar 30 minutos numa sala, onde serão vigiados e acompanhados por uma equipa de médica para o caso de surgir alguma reação adversa, “uma espécie de recobro”. “O serviço de saúde ocupacional fará o acompanhamento dos sintomas que possam surgir e será responsável pelo registo dos mesmos”, acrescenta o diretor Xavier Barreto.

Nelson Pereira, responsável pelo apoio clínico desta “vacinação massiva”, garante não estar à espera de efeitos secundários significativos. “Não estamos à espera de tantos efeitos adversos como no resto do mundo, o que significa que certamente haverá algumas pequenas reações, muito semelhantes às da vacina da gripe. Não esperamos nada muito mais grave do que isso.”

O médico revela que os efeitos secundários podem aparecer nas três semanas seguintes à primeira toma e, por isso, todos os profissionais irão receber um folheto informativo ao chegar ao hospital e será disponibilizado um número de telefone para onde devem ligar, caso tenham algum sintoma já depois dos 30 minutos em que serão vigiados.

Além dos enfermeiros que irão administrar a vacina, estarão também ativos os serviços de saúde ocupacional, que irão supervisionar toda a operação e tirar dúvidas; o serviço imunolergologia, responsável pelas questões ligadas às reações alérgicas possíveis; e profissionais de emergência médica.

Pedro Soares é o diretor dos serviços farmacêuticos do Hospital São João, local de armazenamento das vacinas, entre os 2 e aos 8 graus

Rui Oliveira/Observador

“Vacinarmo-nos é um ato de cidadania fundamental nesta fase”

Com uma taxa de adesão de 90% dos profissionais de saúde, interessados em receber a vacina, o Hospital de São João teve de selecionar os grupos prioritários e desfazer algumas dúvidas. “As dúvidas mais frequentes ao longo desta semana foram de grávidas, pessoas que estão a amamentar, que fizeram uma vacina há pouco tempo ou que contraíram doença recentemente. Este domingo não será vacinado nenhum profissional que tenha sido infetado. Tínhamos mais inscritos do que vacinas disponíveis, pareceu-nos correto que as pessoas que já tiveram a doença, e por isso algum grau de imunidade, dessem lugar a outros”, explica Nelson Pereira.

Para o diretor da unidade autónoma de gestão da urgência e de medicina intensiva do hospital, o mais importante nesta fase é transmitir confiança às pessoas. “Os profissionais estão confiantes nesta vacina, por isso responderam em massa a este desafio. Cá estaremos amanhã para nos vacinarmos, porque vacinarmo-nos é um ato de cidadania fundamental nesta fase. Ao protegermo-nos estamos a proteger os outros e é para isso que esta vacina serve”, afirma, realçando que este é um passo “fundamental” para se conseguir atingir a imunidade de grupo em Portugal.

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