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Inovação social: projetos que ajudam o próximo

São muitos os projetos de inovação social que fazem a diferença na vida de cada vez mais pessoas em Portugal. Fique aqui a conhecer alguns e saiba como concretizar a sua própria ideia

Tornar possível que as crianças oiçam e sejam elas próprias as responsáveis por uma rádio que fala a mesma linguagem que elas, facilitar a reinserção social de quem esteve na prisão recorrendo à cerâmica, ou contribuir para quebrar ciclos de pobreza no interior do país através de uma lavandaria social. Estes são apenas alguns exemplos dos muitos projetos sociais inovadores atualmente existentes no nosso país, alguns dos quais várias vezes premiados, tal é o alcance do impacte que geram. E se ficou com curiosidade para os conhecer em pormenor, descubra-os mais à frente, onde lhe daremos conta de dez projetos nacionais que merecem ser divulgados e reconhecidos, pela diferença que fazem na vida de crianças, jovens, adultos e idosos de várias zonas do país e com diferentes contextos sociais, económicos e de saúde.

Mostramos-lhe dez projetos, mas podiam ser muitos mais, a avaliar pela forma como a economia social se tem desenvolvido em Portugal nos últimos anos.

Experiência pioneira na Europa

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Um importante motor para a criação de projetos sociais inovadores no nosso país, foi a iniciativa pública Portugal Inovação Social, destinada a promover a inovação social e dinamizar o mercado de investimento social em Portugal. Esta iniciativa mobilizou cerca de 150 milhões de euros do Fundo Social Europeu, no âmbito do Acordo de Parceria Portugal 2020, e constituiu uma experiência pioneira na Europa. Isto porque Portugal foi o único Estado-membro da União Europeia que reservou parte dos fundos comunitários até 2020 para testar novos instrumentos de financiamento destinados a estimular a inovação e o investimento sociais. Na plataforma da iniciativa é possível encontrar um mapa interativo da inovação social, com informação detalhada sobre os projetos aprovados ao abrigo desta iniciativa, os investidores que aderiram à mesma, bem como sobre a distribuição dos projetos por região, tipo de instrumento de financiamento ou área de atuação.

O que é a economia social?

De acordo com a Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES), designa-se por economia social o conjunto de atividades económico-sociais que têm por finalidade alcançar o interesse geral da sociedade. Ou seja, acaba por estar muito ligada ao designado empreendedorismo social, o qual procura responder às necessidades das comunidades que nem sempre são colmatadas pelas empresas privadas tradicionais ou pelo setor público. As empresas e organizações que se formam neste contexto integram, em conjunto, o tecido da economia social, sendo que a Lei de Bases da Economia Social (LBES), publicada em 2013, reconhece como fazendo parte deste universo as cooperativas, associações mutualistas, misericórdias, fundações e Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), entre outras.

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Existem apoios para a criação de projetos sociais?

Na Lei de Bases para a Economia Social, fica claro que o Estado deve estimular e apoiar a criação e a atividade das entidades da economia social, bem como assegurar o princípio da cooperação, desenvolver em parceria os mecanismos de supervisão necessários e garantir a necessária estabilidade do relacionamento com as entidades da economia social, entre outras obrigações.

Um dos instrumentos de política pública criados para o efeito é o Fundo para a Inovação Social (FIS). Em concreto, este fundo destina-se a fomentar e financiar iniciativas impactantes de inovação e empreendedorismo social, que desenvolvam respostas sustentáveis para a resolução de problemas detetados na comunidade. O FIS é assegurado por verbas europeias (Fundo Social Europeu) e nacionais e opera nas vertentes de Crédito e Capital. A linha FIS Crédito destina-se a entidades da economia social e pequenas e médias empresas (PME), com vista a facilitar o acesso ao financiamento bancário e melhorar as condições de financiamento dos projetos. Por seu turno, à linha FIS Capital podem candidatar-se investidores, tais como business angels, fundos de capitais de risco, PME e fundações, entre outros, com o objetivo de apoiar projetos em sistema de coinvestimento com investidores privados.

Outras opções possíveis para obter o investimento necessário para arrancar com projetos sociais passam pelo recurso a créditos bancários, mecenato, crowdfunding, investidores sociais, leasing financeiro e renting (como forma de reduzir o montante do investimento inicial necessário) ou candidatura a prémios, pois são muitos os concursos de ideias e projetos existentes.

O desporto como “cúmplice” do desenvolvimento sustentável

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Ainda que as atenções estejam normalmente voltadas para os momentos de competição, a verdade é que o desporto tem um papel muito mais vasto, com destaque para a envolvente social e comunitária. Por saber disso mesmo, o Grupo Desportivo Estoril Praia decidiu alinhar-se com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, e comprometeu-se com este organismo, através da Câmara Municipal de Cascais, com um conjunto de medidas concretas destinadas à construção de um mundo melhor para todos. As medidas fazem parte da agenda para 2030 do clube e incluem a criação de programas de apoio a jovens atletas oriundos de famílias carenciadas; incentivar a prática de desporto em todas as idades; contribuir para a assimilação dos conceitos de cidadania, fair play e participação social; continuar a apostar nas modalidades desportivas femininas e incrementar a plena integração social e cultural de cidadãos e atletas estrangeiros, entre outros objetivos. De realçar que este tipo de intervenção é já levada a cabo pelo Estoril Praia há algum tempo, beneficiando para o efeito do apoio do banco Credibom.

Tenho uma ideia para um projeto, e agora?

Quem tem uma ideia para um projeto social e pretende concretizá-la deve, antes de mais, e à semelhança do que se faz para as ideias de negócios ditos convencionais, reunir o máximo de informação possível sobre a área em que a mesma se insere, nomeadamente, o objeto, o âmbito de ação, o contexto, os destinatários, o impacto esperado, assim como as metodologias a usar. Poderá ser necessário elaborar uma apresentação (e até um discurso) para dar a conhecer o projeto a possíveis investidores, mecenas ou participar em concursos de ideias. Por outro lado, há que identificar a entidade social através da qual a ideia será posta em prática, sendo que poderá haver necessidade de oficializar a criação dessa entidade (por exemplo, é possível criar associações e cooperativas na Hora, reduzindo os trâmites necessários).

Torna-se igualmente necessário identificar os recursos disponíveis e as fontes de financiamento, construir um cronograma de ação com os respetivos objetivos e encontrar eventuais parceiros que ajudem ao desenvolvimento e alavancagem da ideia. Caso o projeto já tenha dado os primeiros passos, é importante preparar relatórios da atividade já realizada, bem como da aplicação dos recursos financeiros.

Acima de tudo, o importante é pôr mãos à obra. Há ainda inúmeras necessidades sociais a aguardar respostas, pelo que se tem uma ideia social inovadora, não a deixe fechada na gaveta e avance. Para se inspirar, apresentamos-lhe de seguida dez exemplos de ideias que passaram do papel à prática para bem de todos os que por elas são impactados diariamente.

Porta 11 – Reparar e reciclar para integrar

Impulsionado pelas necessidades surgidas durante a pandemia com a imposição das aulas online, o Porta 11 é um projeto destinado a reduzir a infoexclusão de famílias carenciadas ou inseridas em contextos vulneráveis, residentes em diversos bairros de Lisboa. Como? Disponibilizando às crianças equipamentos informáticos recondicionados/reparados na oficina do Porta 11. Ao mesmo tempo, aposta também na literacia informática das famílias, professores, jovens e seniores da comunidade. Numa primeira fase, o Porta 11, um projeto da IPSS ADM Estrela, capacitou jovens voluntários da freguesia de Campolide, em Lisboa, para fazer as reparações e, numa fase posterior, procede ao recondicionamento e doação dos objetos a quem deles necessita.

Reshape Ceramics – Apoiar a comunidade prisional

Com o objetivo de ter um impacto positivo na vida da comunidade prisional, a Reshape cria oportunidades justas e dignas para uma integração bem-sucedida na sociedade. Atualmente, leva a cabo o projeto Reshape Ceramics, apoiado na criação de peças de cerâmica únicas e feitas à mão, produzidas por antigos e atuais elementos da comunidade prisional. Todas as receitas são reinvestidas na organização para aumentar o número de vidas que conseguem, assim, uma segunda oportunidade.

Integrar+ – Uma lavandaria para reduzir a exclusão

Desenvolvido pelo Centro Social Paroquial de Santa Margarida de Abrã, em Santarém, o projeto Integrar+ pretende quebrar os ciclos de pobreza que se repetem de geração em geração, através da criação de uma lavandaria social. O objetivo é promover a integração no mercado de trabalho de famílias carenciadas e em situação de desemprego. O Integrar+ foi o vencedor da edição deste ano do Prémio MSD | Maria José Nogueira Pinto, anunciado recentemente.

SPEAK – A falar se integram migrantes e refugiados

O objetivo do SPEAK é contribuir para cidades mais inclusivas onde todos – incluindo migrantes e refugiados – se sentem em casa e a diversidade é celebrada. Lançado em 2014, trata-se de uma plataforma que ajuda a resolver o problema da exclusão social através da aprendizagem de uma língua e da criação de uma rede informal de apoio social. Os grupos de línguas disponíveis na plataforma são gratuitos e focam-se em conversas do dia-a-dia, para favorecer a resolução de todo o tipo de questões que surgem habitualmente. Promovido pela organização Share Your World, o SPEAK venceu a 8.ª edição do Prémio AGIR da REN.

Rádio Miúdos – Rádio grande feita por gente pequena

É a primeira rádio para crianças feita em português com emissão exclusivamente online e contínua (24 horas por dia/ sete dias por semana). A Rádio Miúdos destina-se a todas as crianças, pais e educadores – portugueses, luso-descendentes ou falantes de português onde quer que vivam – com o objetivo de dar aos mais novos uma rádio com conteúdos concebidos a pensar neles, incluindo a informação, e ao mesmo tempo convidando-os a ter voz. O projeto alargou-se e lançou, entretanto, a Rede Rádio-Escolas, aberta a todas as escolas do país e do estrangeiro com uma rádio a funcionar em português.

Rota Segura para a Escola – Vamos?

Incentivar e promover as viagens para a escola a pé e de bicicleta é o principal objetivo do projeto Rota Segura para a Escola. Para tal, identifica, sinaliza e divulga as rotas seguras para as escolas EB1 Barrocas e EB23 João Afonso, ambas em Aveiro, criando ainda uma plataforma para apoiar a criação de rotas seguras para outras escolas da cidade ou do país.

DIÁLOGOS – Saúde Mental de Proximidade

Tendo em conta que um em cada quatro adultos manifesta, ao longo da vida, pelo menos um episódio de perturbação mental, o projeto DIÁLOGOS – Saúde Mental de Proximidade, promovido  pela Fundação Romão de Sousa, de Estremoz, pretende contribuir para a resolução do problema recorrendo ao modelo Open Dialogue. Através de uma abordagem integrada da terapia das perturbações mentais, esta metodologia inclui a capacitação cívica e social dos pares, cuidadores e profissionais, com vista a diminuir a elevada prevalência de sofrimento psicológico e perturbação mental.

Equipa de Socorro – Primeiros socorros que integram

A Escola Profissional de Aveiro possui uma Equipa de Socorro que se diferencia de todas as outras pelo facto de ser constituída por alunos com formação de bombeiro que, em permanência, está disponível para prestar os primeiros socorros a eventuais vítimas de acidente ou doença súbita no interior das instalações, constituindo também a Brigada de Incêndios Interna da escola. Muitos dos alunos são provenientes de um meio socioeconómico desfavorecido, pelo que a participação numa equipa como esta e já com inúmeras provas dadas quanto ao profissionalismo e rigor, contribui para a sua integração social.

C.A.S.O. – Apoiar a saúde oral e alargar sorrisos

Sabendo da importância de um sorriso perfeito para qualquer processo de reintegração social, o projeto C.A.S.O. – Centro de Apoio à Saúde Oral visa prestar serviços de saúde oral e de acompanhamento psicossocial a utentes em situação de vulnerabilidade socioeconómica. O projeto está disponível no Porto e em Braga.

DESenvelheSER – Idosos que apoiam idosos

Promovido pelo Centro Juvenil Salesiano de Arouca, o projeto DESenvelheSER pretende combater o isolamento social dos idosos do concelho, através da criação de uma Academia Desportiva Sénior.  Aqui, são os idosos que capacitam outros idosos em situação de isolamento social, contribuindo para a sua inclusão e envelhecimento ativo, com o objetivo de não deixar ninguém para trás.

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