Diz a história que, recentemente, os Campeonatos do Mundo não correm muito bem às seleções que entram enquanto campeãs em título. Que o diga França, que ficou no último lugar do grupo do Mundial 2002 depois de ter conquistado o Mundial 98. Que o diga Itália, que não passou da fase de grupos do Mundial 2010 depois de ter conquistado o Mundial 2006. E que o diga Espanha, que também não chegou aos oitavos de final do Mundial 2014 depois de ter conquistado o Mundial 2010. O que ninguém esperava, porém, era que o mesmo acontecesse à Alemanha.
Em 2018, na Rússia, os alemães caíram com estrondo e não foram além da fase de grupos de um Campeonato do Mundo pela primeira vez — escassos quatro anos depois de, corroborando a teoria, terem sido campeões do mundo no Brasil. O fim de um ciclo, de um capítulo, estava cada vez mais próximo: e ficou confirmado quando Joachim Löw, que era selecionador nacional há 15 anos, anunciou que iria deixar o cargo depois do Euro 2020. Löw despediu-se nos oitavos de final do último Europeu, quando a Alemanha foi eliminada por Inglaterra, e Hansi Flick foi anunciado como o sucessor natural.
No Qatar, o antigo adjunto de Löw que ganhou tudo com o Bayern Munique vai estrear-se enquanto selecionador em fases finais de grandes competições. Enquanto grande objetivo tem a tarefa natural de melhorar o resultado de há quatro anos, de voltar a lutar por uma presença na final e de sonhar com a reconquista do Campeonato do Mundo. Enquanto grandes ferramentas para lá chegar tem uma mistura pouco usual — na Alemanha, diga-se — entre experiência, com Neuer, Müller e Götze, e uma nova geração encabeçada por Musiala, Havertz e Moukoko.
BI
- Ranking FIFA atual: 11.º
- Melhor ranking FIFA: 1.º (agosto de 1993; dezembro de 1993 a março de 1994; junho de 1994; julho de 2014 a junho de 2015; julho de 2017; setembro de 2017 a junho de 2018)
- Alcunha: Die Mannschaft (A Equipa)
- Presenças em fases finais: 19
- Última participação: Fase de grupos no Mundial da Rússia, em 2018
- Melhor resultado: 1.º lugar no Mundial da Suíça, em 1954; 1.º lugar no Mundial da Alemanha, em 1974; 1.º lugar no Mundial de Itália, em 1990; 1.º lugar no Mundial do Brasil, em 2014
- Qualificação: Apuramento direto no 1.º lugar do Grupo J da qualificação europeia
- O que seria um bom resultado? Conquistar o Campeonato do Mundo
Jogos em 2022
- Jogo particular, 26/3: Israel (casa), 2-0 (V)
- Jogo particular, 29/3: Países Baixos (fora), 1-1 (E)
- Liga das Nações, 4/6: Itália (fora), 1-1 (E)
- Liga das Nações, 7/6: Inglaterra (casa), 1-1 (E)
- Liga das Nações, 11/6: Hungria (fora), 1-1 (E)
- Liga das Nações, 14/6: Itália (casa), 5-2 (V)
- Liga das Nações, 23/9: Hungria (casa), 0-1 (D)
- Liga das Nações, 26/9: Inglaterra (fora), 3-3 (E)
- Jogo particular, 16/11: Omã (fora),
O onze
- 4x2x3x1: Neuer; Klostermann, Süle, Rüdiger, Kehrer; Kimmich, Goretzka; Havertz, Müller, Sané; Gnabry
O treinador
- Hansi Flick (alemão, 57 anos, desde 2021)
- Outros clubes: Victoria Bammental, Hoffenheim e Bayern Munique
O craque
- Kai Havertz (23 anos, médio do Chelsea)
- Outros clubes: Bayer Leverkusen
A revelação
- Jamal Musiala (19 anos, médio do Bayern Munique)
- Outros clubes: Southampton e Chelsea (formação)
O mais internacional e o maior goleador
- Thomas Müller (118 internacionalizações e 44 golos)
Os 26 convocados
- Guarda-redes (3): Manuel Neuer (Bayern Munique), Marc-André Ter Stegen (Barcelona), Kevin Trapp (Eintracht Frankfurt);
- Defesas (9): Armel Bella-Kotchap (Southampton), Matthias Ginter (Friburgo), Christian Günter (Friburgo), Thilo Kehrer (West Ham), Lukas Klostermann (RB Leipzig), David Raum (RB Leipzig), Antonio Rüdiger (Real Madrid), Nico Schlotterbeck (Borussia Dortmund), Niklas Süle (Borussia Dortmund);
- Médios (11): Julian Brandt (Borussia Dortmund), Leon Goretzka (Bayern Munique), Mario Götze (Eintracht Frankfurt), Ilkay Gündoğan (Manchester City), Jonas Hofmann (Borussia Mönchengladbach), Joshua Kimmich (Bayern Munique), Kai Havertz (Chelsea), Jamal Musiala (Bayern Munique);
- Avançados (3): Karim Adeyemi (Borussia Dortmund), Niclas Füllkrug (Werder Bremen), Serge Gnabry (Bayern Munique), Youssoufa Moukoko (Borussia Dortmund), Thomas Müller (Bayern Munique), Leroy Sané (Bayern Munique).
O local do estágio
- Zulal Wellness Resort by Chiva-Som, em Al Ruwais (treinos: Al-Shamal Stadium)
A antevisão
A ligação a Portugal
A Seleção Nacional cruzou-se com a Alemanha na fase de grupos do último Europeu, no verão do ano passado, e acabou goleada em Munique num jogo em que tanto Rúben Dias como Raphael Guerreiro assinaram autogolos. Nesse dia, Robin Gosens esteve em destaque numa seleção alemã ainda orientada por Joachim Löw: o lateral fez uma assistência e um golo e foi o terror para a defensiva portuguesa, numa exibição que coroou uma temporada de alto nível que acabou por lhe valer a permanência a título definitivo no Inter Milão, onde tinha chegado por empréstimo da Atalanta. Cerca de ano e meio depois, curiosamente, Gosens não está nos eleitos de Hansi Flick para o Mundial do Qatar.