O frente a frente desta sexta-feira, na rádio Observador, trouxe discordâncias em todos os temas que estiveram em debate, com os cabeças de lista da IL e da CDU a trocarem acusações que tiveram o seu auge na questão da Ucrânia. João Oliveira insistiu no “caminho para a paz” em vez do “militarismo”, mas João Cotrim Figueiredo diz que isso é “discurso de Miss Mundo”.

Quando o tema foi a Ucrânia, o candidato liberal defendeu o “apoio incondicional” da UE a Kiev e rejeitou negociações em que “uma das partes está numa posição de inferioridade” como a da Ucrânia. Já o candidato comunista responde “não” à pergunta sobre se a negociação da paz, que tem defendido, deve incluir a cedência de território à Rússia. No entanto, também diz que “insistir numa solução militar para ter ganhos militares na Ucrânia só pode conduzir a uma tragédia ainda maior” — isto quando a questão são os apoios à Ucrânia.

A linha de João Oliveira foi interrompida por Cotrim que considera “completamente utópico” falar apenas em negociações de paz nesta altura, dizendo mesmo que é “discurso de Miss Mundo”. A tirada irritou o adversário que se defendeu citando o Papa Francisco, enquanto Cotrim ironizava: “Lá vem o Papa! É a única matéria em que o PCP fala no Papa”.

[Já saiu o segundo episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio.]

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O debate terminou com este tema e em discórdia total, com o candidato da IL a afirmar que esperava “sempre da CDU mais coragem e a coerência das posições” e que o que os comunistas querem é que a Ucrânia perca “soberania na política de alianças”. Mas nos outros temas também já não tinha sido muito diferente.

Começou logo pelo IRC, onde ambos concordaram em discordar de uma taxa mínima de IRC (15%) às multinacionais, mas por razões totalmente opostas. Enquanto João Oliveira diz que a medida apenas pretende que esta “passe de taxa mínima para taxa máxima”, Cotrim Figueiredo diz que nos “últimos anos” nunca se percebeu “onde são gerados os rendimentos dos negócios atingidos pela medida”. E depois atirou à farpa deixada pelo comunista sobre a redução do IRC para as empresas no geral, considerando que o comunista comete um “erro de estatística básico” e “nega toda a evidência” de que “quando sobem os impostos desacelera a atividade económica”.

Na habitação, o candidato liberal disse que o manifesto eleitoral do seu partido não aborda o tema por este ser um tema de resolução nacional e diz que os apoios que vêm de Bruxelas, nomeadamente o PRR, não só são aplicado de forma “lenta” como “são escassos”. Já o comunista aproveitou o tema para colar os liberais à atual situação do mercado, uma vez que apoiaram as  “regras da governação económica” que, ao serem aplicada, “criam mais condicionamentos à possibilidade de intervenção do Estado na habitação pública”. Acusou mesmo, nesta fase da discussão, Cotrim de “sacudir dos ombros”  as tais regras “que foram aprovadas com o contributo dos liberais”, sublinhou.