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Pedro Kol, 34 anos, é campeão mundial e europeu de kickboxing. Prepara-se agora para disputar a revalidação do título europeu
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Pedro Kol, 34 anos, é campeão mundial e europeu de kickboxing. Prepara-se agora para disputar a revalidação do título europeu

HENRIQUE CASINHAS / OBSERVADOR

Pedro Kol, 34 anos, é campeão mundial e europeu de kickboxing. Prepara-se agora para disputar a revalidação do título europeu

HENRIQUE CASINHAS / OBSERVADOR

Pedro Kol, a vida e os segredos do português que arrasa nos ringues

Ganhou a alcunha de Kolmachine no futebol, mas no ringue é o Esparguete Assassino. Colecionador de vitórias, o português volta, ao fim de dois anos, para disputar o título europeu de kickboxing.

Pedro Kol. Aliás, Kolmachine. Ou melhor, o Esparguete Assassino. Pedro está num dos cantos do ringue a enrolar uma bandagem vermelha à volta das mãos e dos pulsos. A sala onde passa grande parte do seu tempo desde que fundou a Academia Kolmachine, no centro de Lisboa, pouco antes de se tornar campeão mundial de kickboxing, foi invadida pela luz natural que descia de uma clarabóia e pelo som dos Linkin Park: “I tried so hard and got so far, but in the end it doesn’t even matter”. Não, esta música não serve. Para Pedro Kol, 34 anos, o português que é pentacampeão nacional de kickboxing, bicampeão europeu e campeão mundial de K1, o lema é outro – #nuncadeixesnadaporfazer – uma expressão que mandou pintar numa das paredes junto ao ringue. Foi por isso que aceitou o desafio de Alessandro Moretti para disputar com o rival italiano, na categoria K1, o título de campeão europeu na noite deste sábado, 29 de abril, em Roma.

A música agora é outra. Pedro Kol escolheu uma canção do português Boss AC, que vai cantando: “Mantém-te firme quando pensares que não consegues lutar, que o mundo vai acabar. Ouve a voz dentro de ti. Mantém-te firme, não te esqueças que podes sempre escolher, ninguém te pode vencer. Usa a força dentro de ti”. A lição combina melhor com o cinto branco, reluzente e pesado de campeão europeu que Pedro Kol tem ao lado de muitos outros à entrada da academia. Junto aos cintos, que são os troféus deste desporto, está uma frase do campeão:

Mas nada há-de correr mal, confia Pedro Kol e a sua equipa. Durante o almoço, entre treinos de preparação para o combate com o rival italiano, o atleta português conversou com o Observador. Explica como se prepara para sair vitorioso no ringue e ainda revela como nasceram as suas invulgares alcunhas.

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"Para ser um grande lutador, é preciso pontapear como um tailandês, boxear como um holandês, ter a frieza de um russo e, quando tudo correr mal, ter um coração de português"

Quantos filmes do Van Damme viu até concluir que esta ia ser a sua vida?
(risos) Vi todos, provavelmente centenas ou milhares de vezes. Desde muito novo que senti paixão por este tipo de desporto, pelas artes marciais. Com cinco ou seis anos já adorava ver esse tipo de coisas na televisão. E nem sequer era uma coisa de família, porque ninguém gostava dessas coisas. Depois, com oito anos, comecei a praticar artes marciais, taekwondo na altura. Só fiz a transição para o kickboxing bastante mais tarde, já tinha 16 anos, mas nunca mais parei. Penso que foi quando tinha 23 anos, quando já combatia como profissional e trabalhava em Engenharia Ambiental, que percebi que não era nada daquilo que eu queria para a minha vida. Não me imaginava enfiado num escritório. Vou antes fazer um plano de negócios e abrir a minha própria academia e viver do kickboxing.

Porque aconteceu essa passagem pela Engenharia Ambiental?
Eu não sabia o que queria e acabei por tirar uma licenciatura em Ciências do Mar [pela Universidade Lusófona, quando estudava Artes Marciais em Torres Vedras]. Num país como Portugal, com uma costa tão maravilhosa como a nossa, essa devia ser uma área com bastante emprego. Mas não tem. Surgiu uma oportunidade em Engenharia Ambiental e acabei por trabalhar mais por aí. Mas sem nunca deixar o kickboxing de parte.

Créditos: Henrique Casinhas / Observador

Como foi conciliar o percurso académico com esse investimento no desporto?
Senti um bocadinho de dificuldade, porque eu gostava muito de kickboxing e o que me movia era o foco e a paixão. E estava a tirar o curso e não me imaginava a fazer nada daquilo para o resto da vida, por isso não me dedicava nem 20% do que me dedicava nos treinos. Era nos treinos que eu me sentia bem, era aquilo que eu fazia por gosto. Mas a certa altura decidi que queria mesmo acabar o curso e depois logo se via o que iria fazer. Acabei a licenciatura e o grande choque veio depois, quando comecei a trabalhar. Tinha de conciliar o meu horário com os treinos. Eu treinava duas vezes por dia, por isso saía a correr à hora de almoço e voltava aos treinos ao fim da tarde depois do dia de trabalho. Aí sim, foi complicado. Tive algumas derrotas nessa fase e achei que não ia conciliar. Dei a volta.

"Não se deve pensar que uma derrota é o fim do mundo, mas também não se deve aceitá-las de ânimo leve. Não me considero uma pessoa com mau perder, mas fico mesmo triste quando sei que podia ter dado mais"

Como é que lida com a derrota?
Lido mal. Vá, não lido muito bem. Não se deve pensar que uma derrota é o fim do mundo, mas também não se deve aceitá-las de ânimo leve. É verdade que as derrotas também fazem crescer muito e perceber um bocadinho o que falhou e o que há a melhorar. Normalmente, quando se ganha, não se pensa tanto assim naquilo que podia ter sido mais trabalhado. Faz parte saber perder. Não me considero uma pessoa com mau perder, mas fico mesmo triste quando sei que podia ter dado mais. Fico mais tranquilo quando sei que fiz tudo o que podia e que estava ao meu alcance, mas isso não diminui essa tristeza.

Falemos das vitórias. De onde veio a alcunha ‘Kolmachine’?
Por acaso foi num torneio de futebol em que entrei e que me correu muito bem. Alguém comentou: “Ele não é o Pedro Kol. É o Kolmachine”. Mas depois o nome até pegou para os desportos de combate e começaram a chamar-me assim.

E a outra alcunha [Pedro Kol também é chamado de ‘Esparguete Assassino’]?
(risos) Essa é uma história engraçada. Uma vez, um primo meu chamou-me isso. Mas foi só uma vez em casa! Chamou-me ‘Esparguete Assassino’ por ser muito magrinho e porque na altura já ganhava alguns combates no kickboxing. Mas, de repente, comecei a ver alguns blogues a referirem-se a mim com essa alcunha também! Eu nem sei como é que a informação lá chegou. Se calhar foi outra pessoa que teve a mesma ideia, não sei. Mas foi uma alcunha que eu achei muito engraçada. E acho ainda mais engraçado ir agora a Roma defender o título de campeão europeu com essa alcunha (risos).

Como foi o percurso do ‘Esparguete Assassino’ pelo Sporting [clube que o representou]
Eu treinava como atleta no Sporting Clube de Portugal, que era quem me representava desde 1999 e onde era treinado pelo Fernando Fernandes. E, a certa altura, comecei aos poucos a ser treinador. É natural. O kickboxing, apesar de ser um desporto individual, exige muito da equipa no que toca ao apoio aos mais novos. É muito importante essa ajuda porque o treinador está a coordenar uma turma de 30 pessoas e, se não houver uma ajuda dos parceiros, as pessoas não conseguem evoluir tanto. Comecei a dar um pouco de ajuda e a querer estar mais ligado ao desporto, a querer pegar em equipas e a aplicar novos métodos de trabalho e a potenciar a equipa do Sporting. Por isso, comecei como treinador-adjunto e correu muito bem. Mas havia muita coisa que eu queria mudar e muitas coisas que eu queria fazer. Numa instituição como o Sporting, isso não é tão fácil assim porque é difícil fazer mudanças. Demorava muito tempo, tinha de falar com muita gente e era muito burocrático. Então decidi sair para me tornar treinador principal do Clube Atlético de Alvalade. A maior parte dos atletas de competição foi atrás de mim porque acreditava nos meus planos. No fundo, esse foi o passo que dei para abrir também a minha academia.

Encontrou prodígios pelo caminho, alguém digno de o substituir quando se reformar?
Encontrei muitos. Mas eu tenho esta frase aqui (aponta para uma parede), que mandei por na Academia e que diz: “Hard work beats talent when talent doesn’t work hard” [em português, traduz-se para: “O trabalho árduo vence o talento quando o talento não trabalha no duro”]. Porque o talento só por si não basta nem quer mesmo dizer nada. Eu já perdi muito tempo com pessoas que eram muito talentosas, mas que não lutavam nem estavam dispostas a trabalhar. Eu aprendi um pouco a mudar: prefiro muito mais uma pessoa muito trabalhadora. Eu, por exemplo, não era uma pessoa considerada especialmente talentosa: era muito magrinho, mais do que sou agora, fraquinho, tinha pouca flexibilidade, era descoordenado… Foi muito por trabalho que cheguei aqui. Acho que isso tem muito mais resultado, chega-se muito mais longe.

No meio de tanto trabalho, acha que deixou alguma coisa pelo caminho em prol do kickboxing?
Não, não acho nada. Acho que consegui sempre divertir-me e ter uma vida equilibrada. Isto do kickboxing tem uma coisa muito boa: não é como o futebol, que tem competições todas as semanas. Nós não combatemos todas as semanas, mas sim de dois em dois meses ou de três em três. Por exemplo, agora estou sem combater há um ano e tal, quase dois anos, por isso acaba por dar para gerir o tempo e ter um bocado mais de folga. Não estamos tanto sob pressão.

Créditos: Henrique Casinhas / Observador.

Sobre essa pausa de quase dois anos, o que é que o fez parar?
Foi depois do campeonato mundial de kickboxing. Abri a Academia e ainda tive um combate, mas… Eu não sentia que ainda tinha alguma coisa para provar, também já tenho 34 anos. Só se surgisse alguma coisa especial é que eu voltava aos combates. Continuo sempre a treinar por puro gosto, porque só mesmo apaixonado pela modalidade, e gosto de me sentir bem. Entretanto, surgiu esta oportunidade e fiquei na dúvida se a aceitava ou não. Tirei uns 15 dias para pensar sobre os prós e contras e lá cheguei a conclusões: isto é o que eu mais gosto de fazer, sinto-me bem. Porque não? Não me falta conquistar nada. Agora é o consolidar de uma carreira: já fui campeão nacional, já fui campeão da Europa, já fui campeão do mundo.

"O Alessandro Moretti é um adversário muito forte, está a jogar em casa. Ou seja, ele tem um cozinhado para também ele se sentir confiante e confortável com o combate. Mas nós também já fomos lá muitas vezes estragar a festa e a ideia é fazer isso tudo outra vez"

Está confiante para o combate em Roma a 29 de abril?
Estou muito confiante. Não imagino outra coisa senão a vitória. Obviamente que estou um bocadinho receoso: o Alessandro Moretti é um adversário muito forte, está a jogar em casa. Ou seja, ele tem um cozinhado para também ele se sentir confiante e confortável com o combate. Mas nós também já fomos lá muitas vezes estragar a festa e a ideia é fazer isso tudo outra vez. Vou defender um título pela primeira vez. Esta é a primeira vez que sou desafiado. Se calhar é isto que falta: dizem que ser campeão é fácil, continuar campeão é que é difícil.

O que é que tem a seu favor? E o que pode ser o seu calcanhar de Aquiles?
Tecnicamente, considero-me bastante superior. Mas se calhar, em termos de defesa, quando me pressionavam muito, acabava por me encolher muito e recuava. Neste combate vão ver um novo Pedro Kol porque tentei colmatar essa falha. E acho que foi corrigida. Eu desenhei um plano para o combate todo. Eu já sabia do combate com muito tempo de antecedência, por isso comecei a prepará-lo com calma para não ser um choque muito grande para o corpo.

Como é que se costuma preparar para um combate?
Em termos de alimentação, tento manter um regime bem equilibrado. Isso não é difícil para mim, porque faço-o mesmo quando não estou em fase de combates, faço-o por gosto. Não tenho quedas por sobremesas nem tenho o hábito de comer fritos. Depois, há dois tipos de treino: o físico e o técnico, que eu tento conciliar. Neste caso, acabei por abdicar mais do treino físico e concentrar-me mais no treino técnico porque me apercebi que havia coisas que eu tinha de corrigir. Também dei muita importância à parte de estudo do adversário. Nesse estudo, pus tudo o que era importante e não me desleixei em nenhum pormenor. Todas as quintas-feiras, tirava umas horas por dia só para estudar o adversário: perceber quais eram as falhas dele onde posso ganhar vantagem, entender quais são as armas dele a que tenho de estar mais atento… Tentei filmar muito os meus treinos e estudar-me a mim mesmo. Era para apanhar os meus erros e filmei-os quase todos.

Créditos: Henrique Casinhas / Observador

Tem alguma superstição?
Não tenho, porque isso se pode virar contra nós. Se algum dia algo corre mal, pronto, pensamos: ‘Este anel ou esta pulseira é que me vai dar a vitória’. Depois, se perdemos o anel ou a pulseira no dia do combate, isso pode ser um abalo. Acho que é um erro agarrarmo-nos a essas coisas. O que tenho é hábitos e rotinas que gosto de manter. Por exemplo, eu treino sempre no dia do combate. Combato à tarde ou à noite, mas nesse dia de manhã estou a treinar, porque estou habituado a isso de fazer bidiários [dois treinos por dia] e quero manter o corpo ativo. Não quero mudar a rotina nesse dia.

Qual é o combate que guarda com especial respeito na memória?
Foi contra um inglês, o Danny Taylor, no Casino do Estoril. Ele é um atleta que ainda me custa a crer: deu 60 quilos à minha frente, mas era gigante e parecia que estava a combater com um atleta para aí de 70 ou 80 quilos. Nunca tinha sentido nada assim.

"A única chamada de capa que [o Jornal do Sporting] tinha sobre o facto de eu ser campeão aparecia numa caixinha num dos cantos inferiores. Lembro-me de ter ficado com isso na cabeça na altura. Sinto-me valorizado, mas sinto mais lá fora. Dão mais valor do que cá"

Sente que é valorizado e que as pessoas conhecem o teu trabalho?
Quando fui campeão pelo Sporting, o jornal do meu próprio clube tinha na capa do dia seguinte qualquer coisa sobre o Liedson ter mudado de chuteiras ou qualquer coisa desse género. A única chamada de capa que tinha sobre o facto de eu ser campeão aparecia numa caixinha num dos cantos inferiores. Lembro-me de ter ficado com isso na cabeça, na altura. Sinto-me valorizado, mas sinto mais lá fora. Dão mais valor do que cá. Não sei porquê. Dizem que é uma coisa dos ‘tugas, mas eu não acho: é assim em todo o mundo. Cada vez mais percebo que as pessoas são relativamente iguais em todo o mundo. Uma pessoa vai à Holanda, que para nós são os ídolos do kickboxing, e lá não lhes ligam nenhuma (risos). É a tal coisa: um turista em Portugal vai visitar tudo e nós, que aqui estamos, não visitamos nada do que é nosso. Ligamos mais quando é uma coisa de fora. Por exemplo, se eu for abrir uma academia em Espanha, se calhar davam-me muito mais atenção do que a um espanhol que o fizesse no país dele.

Anunciou que, se ganhar o combate, vai doar o dinheiro do prémio à Missão Camboja. Que missão é esta?
A Missão Camboja foi eu que criei com a minha namorada. Ela faz muito voluntariado e surgiu a oportunidade de eu ir também com ela e dar uns treinos num orfanato no país. Dei treino em vários orfanatos do Camboja. Eu gostei da experiência, por isso decidi promover um dos orfanatos que tinha menos apoios e decidimos em conjunto que o dinheiro lhe seria entregue. É que, com a quantidade de pessoas que nós conhecemos, se pedirmos um euro a uma pessoa, isso bastaria para alimentar uma criança um dia inteiro. O dinheiro que eu ganhar com o combate dava para alimentar 20 crianças durante seis meses. Eu só estive lá uma semana, no Camboja. Mas mantive-me em contacto com a pessoa que gere a organização não-governamental dedicada a estas causas e tomei esta decisão. Como não estou a fazer este combate pelo dinheiro, pensei: porque não ajudar?

A sala já não é apenas nossa. Alguns dos mais de 300 membros ativos da Academia Kolmachine já se descalçaram para subir ao ringue e vestir as luvas. A música também já mudou: passou Lorde e até ‘Despacito’ já marcou o ritmo aos atletas do kickboxing. Essencial mesmo é nunca parar. E “nunca desistir”, como anunciam as esponjas do ringue de Pedro Kol.

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