790kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Portugal Impacted By Coronavirus
i

Marta Temido não se comprometeu com alterações. Mudanças serão discutidas no Conselho de Ministros e anunciadas por Costa

Corbis via Getty Images

Marta Temido não se comprometeu com alterações. Mudanças serão discutidas no Conselho de Ministros e anunciadas por Costa

Corbis via Getty Images

Zona de risco está a duas semanas de distância. Que caminho deve António Costa seguir?

Carregar no travão ou seguir em frente? Especialistas defendem que é preciso elasticidade na tomada de decisões. O mais provável é continuar a desconfinar, mas a uma velocidade moderada.

Se a pandemia fosse uma telenovela, cada dia terminava com “cenas dos próximos capítulos”. Esta terça-feira, as imagens mostrariam António Costa a falar aos portugueses, logo depois do próximo Conselho de Ministros. No segundo exato em que o primeiro-ministro fosse revelar se o desconfinamento avança, a música de suspense interrompia o seu discurso, obrigando-nos a esperar pelo próximo episódio.

É nesse ponto que Portugal se encontra depois de mais uma reunião no Infarmed entre especialistas e poder político e em que fica no ar a ideia de que o plano conhecido de desconfinamento poderá não ser seguido à risca. António Costa estará já preocupado com o que vai ter de fazer com o verão e a pensar em regras mais circunscritas.

Dos slides dos especialistas, no anfiteatro do Infarmed, saltaram várias previsões. No pior cenário possível, Portugal pode chegar à zona de risco da matriz do desconfinamento em duas semanas, atingindo 120 casos de Covid-19 por 100 mil habitantes — o que pode fazer crer que o desconfinamento tem de abrandar.

António Costa já está preocupado com o plano para o verão

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Por outro lado, a vacinação já terá evitado até 140 mortes e a taxa de incidência da doença entre os mais idosos, que sofrem com doença mais grave e necessitam de camas em cuidados intensivos, está em queda — o que pode fazer crer que o desconfinamento pode avançar.

Em qual dos cenários apostamos? Não há respostas fáceis, dizem os especialistas ouvidos pelo Observador, embora tenham algumas certezas: elasticidade nas decisões é fundamental e os olhos devem estar postos nas soluções regionais, já que o avanço da pandemia não é uniforme no país. O mais provável, como o PS admitiu depois do encontro, é que o país continue a desconfinar, a uma velocidade mais lenta.

1200 PODCAST Termometro

Segunda-feira regressam às escolas os estudantes do secundário e os universitários, reabrem todas as lojas e centros comerciais e é possível voltar a frequentar restaurantes, cafés, cinemas, teatros e

Corbis via Getty Images

Nada justifica voltar a fechar os portugueses em casa

“Não há forma de apresentar verdades inequívocas”, defende Tiago Correia, professor e investigador do Instituto de Higiene e Medicina Tropical que, desde logo, diz ser importante distinguir entre o que é suspender o desconfinamento ou dar um passo atrás. Retroceder significa voltar à fase 1, podendo ser necessário fechar o que já foi aberto, como esplanadas e cabeleireiros, ou mandar alunos de volta para casa. Suspender é sinónimo de o país ficar na mesma, sem dar o próximo passo, planeado para 19 de abril.

O que está escrito na agenda dos portugueses da próxima segunda-feira é que nesse dia regressam às escolas os estudantes do secundário e os universitários, reabrem todas as lojas e centros comerciais e é possível voltar a frequentar restaurantes, cafés, cinemas, teatros e salas de espetáculos. Será?

Marta Temido não se comprometeu com alterações, mas quando falou aos jornalistas garantiu que quaisquer mudanças serão discutidas na próxima reunião do Conselho de Ministros. “Vai seguir-se um conjunto de contactos e trabalhos no sentido de tomar as melhores decisões”, disse a ministra da Saúde. “A estratégia de desconfinamento foi aprovada no Conselho de Ministros e é gradual, deliberadamente progressiva e de ritmo lento, no sentido de ir adequando as medidas proporcionalmente àquilo que são as situações epidemiológicas.”

Covid-19. Marta Temido remete decisões sobre desconfinamento para quinta-feira

Essa adequação, acredita Tiago Correia, não passa por voltar a fechar os portugueses em casa. “Não é o confinamento que está em cima da mesa, é o plano de desconfinamento e estas nuances são muito importantes. Mas não há uma resposta fácil para o que se vai seguir: não temos linhas vermelhas, se as houvesse, se o problema fosse linear, era tudo muito fácil”, argumenta. O que não temos neste momento, diz, é critérios objetivos para travar o desconfinamento.

Acima de tudo, o investigador diz ser preciso elasticidade no caminho a seguir e fugir das soluções taxativas. “Ter 120 casos por 100 mil habitantes não é um número mágico, devemos tentar evitá-lo, claro, mas ele não nos diz o que deve ser feito. A reunião do Infarmed já nos deu algumas respostas, mas que são o B-A-BA desde o primeiro dia: prevenção, rastreio e testagem em massa.”

“Mesmo que haja aumento de contágios, a curva dos internamento e dos óbitos deixa de subir e conseguiremos lidar com a pandemia do ponto de vista clínico e o vírus não leva ao colapso do Serviço Nacional de Saúde.”
Tiago Correia, investigador do Instituto de Higiene e Medicina Tropical

Continuar a desconfinar, mas com ajustes

“Se o passo de desconfinamento for dado nos moldes em que foi pensado podemos chegar ainda mais rapidamente ao cenário apresentado na reunião desta terça-feira”, defende Gustavo Tato Borges, vice-presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública.

O médico refere-se aos modelos matemáticos apresentados por Baltazar Nunes. Segundo o epidemiologista, um dos oradores da reunião no Infarmed, a pandemia regista uma “inversão da tendência” de descida: o índice de transmissibilidade está a subir e é de 1,05. “Com este nível de crescimento e uma taxa próxima de 71 casos por 100 mil habitantes, o tempo para chegar à linha dos 120 casos está entre duas semanas e um mês”, argumentou.

Tiago Correia. Com os prioritários vacinados, “o confinamento deixa de fazer sentido”

Algarve, Madeira e Açores já atingiram esses valores.

“Com esta evolução da pandemia e estando a vacinação a avançar em ritmo baixo, é difícil avançar com uma forma total de desconfinamento. Penso que terá de se adaptar o que estava previsto, abrir umas atividades e outras não”, diz Tato Borges. Como exemplo, aponta esplanadas e escolas e defende que, em relação às primeiras, o Governo terá mais vantagens em restringir o número de pessoas por mesa do que decretar o seu fecho.

“Nas escolas, até para o próprio planeamento ser mais fácil, poderiam estar em ensino presencial os alunos do 1.º e do 2.º ano e os mais velhos, do secundário, que terão de fazer exames”, defende Gustavo Tato Borges, lembrando que no Algarve, a diretora regional de saúde pública disse ter casos de crianças que infetaram 20 pessoas. Andar para a frente e para trás entre ensino presencial e à distância acaba por ser mais complicado em termos de gestão escolar, acredita o médico.

Já nos lares, defende, o desconfinamento poderia avançar mais rapidamente. “A vacinação neste grupo de pessoas está mais avançada do que noutras faixas etárias e quem está num lar não tem o mesmo tipo de vida ativa que outras pessoas. Por isso, poderíamos levantar algumas restrições”, defende o médico de saúde pública.

“Se o passo de desconfinamento for dado nos moldes em que foi pensado podemos chegar ainda mais rapidamente ao cenário apresentado na reunião desta terça-feira de termos 120 casos por 100 mil habitantes.”
Gustavo Tato Borges, vice-presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública.

O impacto da vacinação entre os mais idosos foi um dos pontos focados por Baltazar Nunes no Infarmed, tendo frisado que a vacinação permitiu prevenir entre 78 e 140 mortes entre janeiro e abril, e reduzir entre 3% e 5% as camas ocupadas em unidades de cuidados intensivos.

Tal como Tiago Correia, também Tato Borges fala da importância de haver elasticidade nas decisões. “Neste momento, não acredito que vamos voltar atrás no desconfinamento, penso que vamos adaptar o próximo passo ou, no máximo, ficaremos igual ao que estamos.” Carregar no acelerador só será possível, na sua opinião, quando uma fatia muito maior da população estiver vacinada.

Para Tiago Correia, a vacinação dos mais velhos foi um dos pontos mais importantes revelados na reunião do Infarmed. “Foi anunciado que entre a última semana de maio e a primeira de junho todas as pessoas acima dos 60 anos estarão vacinadas. Se assim for, dentro de um mês, nunca mais teremos de confinar, porque não se morre mais de Covid nem se entope os cuidados intensivos.”

No Infarmed, o vice-almirante Gouveia e Melo, coordenador da task force da vacinação, afirmou 96,4% das pessoas que morreriam com Covid-19 ficam protegidas depois de inocular toda a população acima dos 60 anos.

“Mesmo que haja aumento de contágios, a curva dos internamento e dos óbitos deixa de subir e conseguiremos lidar com a pandemia do ponto de vista clínico e o vírus não leva ao colapso do Serviço Nacional de Saúde”, conclui Tiago Correia.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora