Desde o domingo passado, logo depois do atentado contra Donald Trump, começou a circular nas redes sociais um vídeo de um jovem a reclamar ser o suposto atirador Thomas Matthew Crooks. O jovem de 20 anos que foi identificado pelo FBI como autor dos tiros no comício em Butler foi dado como morto, na sequência do ataque que desencadeou, mas o vídeo diz que isso não é verdade.
O jovem que surge no vídeo, de óculos e cabelo comprido, reclama ser Crooks e afirma: “Odeio republicanos, odeio Trump e adivinhem: apanharam o tipo errado.” O vídeo está a ser partilhado múltiplas vezes nas redes sociais, Facebook incluído, como tendo um conteúdo verdadeiro.
A gravação original foi feita por um utilizador da rede social X, com o perfil @jewgazing [gazear os judeus, numa tradução livre do nome do perfil], que entretanto já mudou de nome de conta várias vezes nos últimos dias, depois de o conteúdo que fez se ter tornado viral.
Logo no domingo, depois de ter criado o vídeo, @jewgazing chegou a assumir, num comentário, estar arrependido por ter publicado o vídeo e que se tratava de uma “piada”: “Eu não devia ter publicado aquele vídeo”.
Logo no dia do atentado, o FBI afirmou que o atirador tinha sido abatido no local onde se encontrava com a arma a disparar sobre o comício republicano: num telhado a 150 metros do palco onde discursava Donald Trump. A informação foi confirmada pelo porta-voz da agência, Anthony Guglielmi, que acrescentou que o suspeito foi morto por um atirador do Serviço Secreto dos EUA. A imagem do corpo do suspeito do ataque a ex-presidente americano e candidato republicano foi, aliás, registada pelas agências de notícias.
Além de todas estas informações a contrariarem o que é afirmado no vídeo, a imagem do jovem que surge nessa publicação não tem correspondência com as que têm sido oficialmente divulgadas do autor do atentado contra Trump. A estrutura do rosto de Crooks é oval, enquanto que a do autor do vídeo é mais arredondada.
À esquerda, @jewgazing e à direita a imagem de Crooks que foi divulgada no site da Bethel Park School District, que frequentou até 2022, ano em que se graduou.
Uma das primeiras informações divulgada pela imprensa americana foi que Thomas Crooks estaria registado como eleitor do Partido Republicano e que chegou a doar 15 dólares a um grupo ligado ao Partido Democrata, o Progressive Turnout Project. No entanto, ainda não são conhecidas as motivações para o ataque e o caso está a ser investigado pelo FBI.
Logo no domingo, dia seguinte ao ataque, numa das intervenções que fez sobre o assunto, o Presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou uma investigação independente ao ataque e ordenou uma reavaliação da segurança de Donald Trump e da Convenção Nacional Republicana.
Conclusão
O vídeo que está a circular nas redes sociais com um jovem que diz ser o homem que atirou contra Donald Trump em Butler, na Pennsylvania, tem conteúdo falso. Está a ser partilhado como verdadeiro, mas contraria as informações oficiais e as imagens divulgadas pela comunicação social relativas ao abate do suposto atirador, Thomas Crooks, ainda no local. O autor do vídeo viral já admitiu, no X, que se tratou de uma “piada” o vídeo onde afirmava ser Thomas Crooks, que odiava republicanos e Trump e em que reclamava que o FBI tinha apanhado “o tipo errado”.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
