Uma imagem que circula na rede social Facebook mostra um suposto comunicado de imprensa de 15 de janeiro do ICLCJ, International Common Law Court of Justice. Este comunicado alega que a justiça “desferiu um golpe contra a corporatocracia da COVID ao condenar altos funcionários da Pfizer, GlaxoSmithKline, China e Vaticano por Crimes contra a Humanidade”. O documento também afirma que o ICLCJ proibiu a produção de vacinas contra a COVID-19. No entanto, este suposto tirbunal não tem qualquer força legal e não é reconhecido como um tribunal internacional.

Mas vamos ao documento. “O veredito do Tribunal condena setenta e cinco indivíduos a prisão perpétua, confisca os seus bens e encerra as suas empresas e proíbe legalmente o fabrico, venda ou uso de vacinas COVID como ‘ produtos de genocídio médico e assassinato em massa’”, diz o comunicado de imprensa. Na mesma comunicação são vistados o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, o presidente chinês Xi Jinping e o CEO da Pfizer, Albert Bourla, entre o grupo de indivíduos que foram supostamente condenados.

No entanto, nenhuma das pessoas mencionadas no comunicado de imprensa foi presa ou condenada por crimes relacionados com a COVID-19. A Reuters lembra, por exemplo, que Albert Bourla, um dos funcionários referidos no comunicado, apareceu num canal de televisão de Israel a 22 de janeiro a falar sobre a questão das doses de reforço para combater a pandemia.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Por outro lado, o ICLCJ não é reconhecido como um tribunal internacional oficial. O Departamento de Justiça dos EUA não o lista como um tribunal internacional. O único tribunal que tem jurisprudência para crimes internacionais é o Tribunal Penal Internacional, em Haia. E não há nenhuma determinação vinda deste tribunal a pedir o fim da vacinação.

Numa pesquisa na internet é possível perceber que este ICLCJ foi estabelecido por um suposto Tribunal Internacional de Crimes da Igreja e do Estado (ITCCS). Mas nem o ICLCJ nem o ITCCS têm qualquer legitimidade legal.

De acordo com a Reuters, este Tribunal parece ser uma invenção de Kevin Annett, um antigo pastor que foi obrigado a renunciar em 1997 por espalhar teorias da conspiração.

O ICLCJ já foi autor de alegações falsas que foram desmascaradas por organizações que se dedicam ao fact checking. Entre as alegações estão “ordens de prisão” ao Papa, à rainha Isabel II e outras pessoas.

Conclusão

O International Common Law Court of Justice, ICLCJ, órgão que supostamente condenou o grupo de pessoas, não é reconhecido como uma instituição judicial oficial. Não tem qualquer peso jurídico. Não há evidências de que algum dos indivíduos mencionados tenha sido acusado de “crimes contra a humanidade” relacionados à vacina COVID-19.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

IFCN Badge