Quando se fala na utilização da máscara para nos protegermos contra a infeção por coronavírus, há vozes contraditórias.

No início da pandemia, depois de muita discussão a propósito da importância do uso de máscara em locais com aglomerado de pessoas, chegou-se à conclusão que esta não era apenas uma das muitas manias que os asiáticos tinham, mas era, de facto, uma necessidade real para reduzir o risco de qualquer pessoa se infetar com o vírus. A Organização Mundial de Saúde (OMS) demorou imenso tempo a tomar decisões importantes sobre a utilização da máscara como medida de proteção individual, reduzindo o risco de contágio pelo vírus. Esta está provada e documentada em publicações científicas, que confirmam a franca diminuição do risco de contágio entre humanos.

Depois de passarmos esta primeira fase de dúvidas e recuos em relação à sua utilização, as indicações passaram a ser concretas quanto à sua aplicação em locais fechados, associadas às outras orientações inerentes à própria pandemia. O cumprimento ou incumprimento das medidas sanitárias depende de cada um de nós. As autoridades competentes têm a obrigação moral de fazer cumprir a lei, sem qualquer tipo de exceção à regra! Em tempo de pandemia, abrir exceções por razões políticas, partidárias ou religiosas, é a melhor forma de desacreditar tudo o que foi feito em campanhas de esclarecimento público sobre as medidas sanitárias que deveriam ser cumpridas pelos cidadãos.

Os casos positivos de Covid-19 diminuíram com o tempo, embora tenha surgido, esporadicamente, em alguns locais um maior registo de casos. A sociedade científica estava à espera de uma segunda vaga a curto prazo, atendendo ao perfil do vírus e ao incumprimento das regras verificado no dia-a-dia e reportado imensas vezes pela comunicação social.

Os casos começaram a aumentar de uma forma visível e a medida que se impõe é a utilização da máscara na via pública. Não temos outra alternativa neste momento! A máscara tem de ser o nosso instrumento diário de combate à Covid-19.

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Estamos todos à espera da vacina como forma de prevenção da infeção, mas até lá ainda vamos ter de esperar mais algum tempo. Temos de confirmar  se a vacina é de facto segura e quais são, na realidade, os efeitos indesejáveis após a sua aplicação. A utilização da vacina em 40 ou 50 mil voluntários e a aplicação da vacina em milhões de pessoas são realidades diferentes. Ao contrário da fase 1 e 2, em que as vacinas são testadas em laboratório, na fase 3, as mesmas são aplicadas em voluntários, de preferência em grande número, a fim de se verificar se existem efeitos secundários graves. Posteriormente, quando a vacina for aprovada em todo o mundo, nada garante que estes efeitos não surjam, atendendo a que a população alvo será muito maior. As pessoas aguardarão algum tempo até tomarem a decisão de avançar voluntariamente para a vacinação. Esta atitude é expectável, uma vez que o tempo que os laboratórios estão a ter para a sua produção à escala global é curto.

Enquanto esperamos pela vacina, a utilização da máscara é a melhor forma de prevenir a  propagação do vírus. Não podemos usar palavras pouco convincentes neste momento. Se quisermos reduzir  a propagação do vírus, temos de usar sempre a máscara. Nesta fase, temos de a usar diariamente sem hesitação! O ser humano tem de aprender a viver com a pandemia. Com o cumprimento das medidas sanitárias, o vírus deixará de se propagar e acabará por desaparecer das nossas vidas. O inimigo invisível está identificado e sabemos de forma concreta quais são as suas fraquezas! Usem sempre máscara! Por algum motivo, regiões e países que abraçaram esta medida sanitária no início da pandemia, têm conseguido resultados fantásticos!

A minha experiência em Macau, como médico e porta-voz dos Serviços de Saúde, e os resultados excelentes alcançados até à data, demonstraram a eficácia na sua utilização em plena pandemia. Não existem casos comunitários há meses!

Seguir os bons exemplos de outras regiões ou países não é, nem nunca será vergonha para ninguém. Será sempre uma atitude inteligente e responsável. Na prevenção ganhamos tempo. No atraso na tomada de decisões perdemos a oportunidade de salvar vidas. Usem máscara em todos os locais.

Acreditem. A máscara é mesmo o inimigo público da Covid-19!