1 Passou mais um ano letivo e a história voltou a repetir-se. Há uma família, em Braga, que não abdica dos seus direitos constitucionais no que respeita à primazia no dever de educar os seus filhos e para isso está disposta a travar uma guerra com o todo-poderoso Ministério da Educação. Pelo segundo ano consecutivo, o Ministério da Educação decreta a partir de Lisboa o chumbo de dois alunos de Famalicão. O mesmo ministro que não cumpriu com as suas responsabilidades e falhou todas as promessas para assegurar a aprendizagem durante mais um tempo de pandemia, não falha a perseguição a dois bons alunos que alegam objeção de consciência para não frequentar as aulas de cidadania.

Sobre a atuação do ministro já muito foi dito. A pressa com que toma esta decisão choca de frente com a ausência de decisões e ações realmente importantes nas escolas. Mas a cartilha da ideologia de género fala mais alto aos ouvidos de Brandão Rodrigues e do seu fiel secretário de Estado, João Costa. O caso segue mais uma vez para tribunal, que provavelmente vai dar a mesma resposta do ano letivo anterior. Os pais têm razão e a decisão dos educadores do povo que ocupam o Ministério da Educação fica sem efeito.

Sobra disto tudo a batalha que uns pais, corajosamente, decidiram travar. E este é o dado mais importante desta história. Seria com certeza mais cómodo, como muitos fazem, eu incluída, dizer aos filhos para irem às tais aulas e borrifarem-se para as matérias. Esta é a posição cómoda. Mas a posição de cidadania é a posição destes pais, que não abdicam, e bem, dos seus direitos enfrentando para isso quem tiver que ser. Neste caso, o Ministério da Educação.

Isto sim é uma aula de cidadania. Estou grata a estes pais por isso e sei que não estou sozinha.

2 A questão não é o acidente, nem nenhum outro dos muitos episódios polémicos em que Eduardo Cabrita tem estado envolvido. A questão é um padrão de comportamento diante dos problemas que não é aceitável a um membro do Governo. Por muito menos, outros membros do Executivo tiveram que abandonar funções no passado. Lembram-se do “vai estudar, oh Relvas”?

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Prove-se o que se provar nas investigações ao acidente com o carro do ministro, há um dano que já está feito. Eduardo Cabrita não resistiu a querer contar a sua própria versão da história com o objetivo de limpar a imagem, nem que para isso tenha penalizado ainda mais a família da vítima mortal do acidente.

O que se passou não foi bonito, como não foi bonita a forma como desvalorizou a morte de um cidadão ucraniano às mãos do SEF.

Quem está na vida pública, ainda por cima com funções governativas, tem que saber estar à altura das circunstâncias, fáceis ou difíceis, com que é confrontado. Um ministro, ainda por cima o ministro da Administração Interna, com a tutela das forças policiais, tem que ter um comportamento acima de qualquer suspeita. Neste episódio, mais uma vez, Eduardo Cabrita portou-se mal. Não fez o que qualquer cidadão com um mínimo de civilidade faria. É por isso que Eduardo Cabrita até pode achar que ainda é ministro, mas já ninguém o vê como tal.

Bem sei que no tempo em que o ministro Cabrita andou na escola não havia aulas de cidadania. Mas de certeza que lhe ensinaram que os meninos têm que ser responsáveis e devem assumir as suas responsabilidades, mesmo quando isso é difícil.

A António Costa e Brandão Rodrigues faço uma sugestão. Para o ano invistam em aulas de cidadania aos membros do Governo.