O primeiro registo de fuga aos impostos está na Teogonia, de Hesíodo. Escrito no séc. VIII a.C., narra, entre outras, a história de Prometeu, o titã que enganou Zeus com o conteúdo da oferta sacrificial que lhe era devida. Depois de morto e desmanchado o boi, Prometeu embrulhou a chicha em desagradáveis vísceras e os ossos em apetitosa gordura. Colocou os dois pacotes à disposição de Zeus que, ludibriado, escolheu o de aspecto mais tentador. Irritado com o logro, penalizou os homens, retirando-lhes o fogo. (É provável que tenha sido aí que, com boa alcatra, mas sem fogo para a cozinhar, a humanidade tenha inventado o bife tártaro. Estranhamente, Hesíodo não se debruça sobre o tema culinário).

Uma pena desproporcional, a confirmar a minha velha suspeita de que a Autoridade Tributária tem origem na Antiguidade Clássica: não só pela ressonância mitológica das punições, mas por todas as comunicações da AT serem grego para mim.

Entretanto, Prometeu não se fica e recorre da decisão de Zeus. Mas, sabendo da morosidade da justiça, principalmente a administrada por imortais, resolve roubar o fogo e devolvê-lo aos homens. É aqui que Zeus se irrita à séria e condena Prometeu a ser acorrentado a uma rocha, onde uma águia vem, todos os dias, para lhe comer o fígado. De noite a isca é regenerada, para que a águia a possa voltar a papar.

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