Primeira linha vermelha: à ideologia de género e contexto de guerra psicológica de que faz parte

O Partido Chega agradece e reforça a linha vermelha que lhe foi traçada por toda a esquerda: Bloco de Esquerda (BE) ou Partido Comunista Português (PCP), mas sobretudo pelo Partido Socialista (PS), a verdadeira esquerda com poder e, por isso, com capacidade efetiva comprovadíssima de causar dano. Foi essa singularidade do Chega que colocou um ponto final no estado vegetativo da direta cuja dignidade nunca foi respeitada pelo Partido Social Democrata (PSD) e, por seu lado, a Iniciativa Liberal (IL) nasceu para comungar o peace and love esquerdista em matérias determinantes para a condição humana.

Não é possível pertencer ao campo político da direita sem ter consciência que o sujeito mental de esquerda não é capaz de distinguir o «Bem» da «Diversidade» no olhar sobre o meio envolvente por viver obcecado pela diversidade social do mundo: cultural, religiosa, de hábitos e vícios. Tal pulsão existencial anulou a capacidade de distinguir o nacional do estrangeiro, o legal do ilegal, o respeitador do abusador, o certo do errado, o trabalhador esforçado que paga impostos do parasita social e subsídio-dependente.

Acontece que o conhecimento é a faculdade humana de distinguir objetos. Pelo contrário, o suprassumo da ignorância é acreditar que a moral social e a boa governação resultam de misturar tudo, à toa, sem critério, sem regras, em larga escala. Fica fácil compreender por que razões o fim último do sujeito mental de esquerda, criar o homem novo e a mulher nova, atingiu o estádio supremo de não se distinguirem. O homem novo e a mulher nova da esquerda deixarem de necessitar de ter o sexo biológico correspondente, masculino ou feminino. Na nova era, a esquerda está a reorganizar-se em torno da ideologia de género, mais um passo no reforço da sua identidade originária.

A ideologia de género foi tomando de assalto as nossas cabeças através do controlo da linguagem, escolas, cultura ou instituições aumentado a bola de neve de insanidade mental coletiva, um tipo de prática política que nunca teve pudor em atacar crianças indefesas. Estamos perante um universo mental que apenas consegue viver em guerra psicológica permanente contra as pessoas comuns, em rigor contra as pessoas normais, facto há muito evidenciado pelo culto do ódio institucional imposto a palavras que servem de referentes existenciais coletivos como «descobrimentos», «pátria», «família», «civilização», «ocidente», entre outras.

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É por isso que a ideologia de género deve ser combatida não apenas em si, mas acima de tudo como a gota de água que fez transbordar o copo do ataque constante da esquerda à sanidade mental dos seres humanos.

Segunda linha vermelha: à ignorância em forma de regionalização

É preciso ter em conta outro novelo mental com implicações civilizacionais profundas. O lugar de eleição da esquerda é a grande metrópole urbana e não por mero acaso. Quem vive em guerra psicológica permanente contra o equilíbrio mental coletivo sabe que quanto maior a cidade mais fácil será misturar tudo, à toa, em larga escala na eterna busca do homem novo e da mulher nova. Nada melhor do que fabricar a distopia do mundo como uma grande cidade, sem mundo rural, sem fronteiras, sem identidades, sem povos e civilizações distintos.

As grandes cidades poderiam até ter crescido muito e bem no último meio século, o tempo excelso do sujeito mental de esquerda. Porém, cresceram muito e mal porque fizeram-no sugando as zonas intermédias e do interior dos países cujo dinamismo foi desprezado e, quanto mais periféricas, mais acabaram despovoadas, empobrecidas, abandonadas, consumidas por incêndios, imoladas na glorificação da grande cidade.

Onde quer que exista o ser globalista-progressista-esquerdista vive virado para o mundo na exata medida em que se torna insensível ao quintal a ponto de desprezá-lo. Daí o abandono do próprio povo e país, da sua identidade, tradições, história, fronteiras, símbolos, dignidade.

Foi nesse contexto que os distritos periféricos e do interior de Portugal tiveram de sobreviver nos últimos cinquenta anos. Para citar um exemplo que continuarei a representar enquanto deputado, o distrito de Leiria tem estado condicionado a ter de sobreviver como ponto geográfico intermédio entre a grande área metropolitana do Porto, a norte, e a grande área metropolitana de Lisboa, a sul. A gravidade do impacto sugador dessa vizinhança reflete-se com especial virulência no interior do distrito. Apesar de um litoral que vai resistindo graças à autonomia dos seus empresários e comunidades – os casos das cidades de Leiria, Caldas da Rainha, Óbidos ou Peniche –, o interior do distrito de Leiria foi martirizado por incêndios, despovoado, empobrecido, abandonado: os casos de Pedrógão Grande, Figueiró do Vinhos, Ansião, Castanheira de Pera ou Alvaiázere.

Por todo o país não faltam distritos iguais ou bem piores do que Leiria na saúde, ensino, acessibilidades, condições de vida. Tão grave falta de coesão do território nacional é herança de décadas de governação do PS e PSD.

É tempo da sociedade portuguesa despertar para essa disputa seguindo, por si mesma, Aristóteles ou Descartes que ensinaram o método racional. Quando se tem um problema grande e complexo divide-se em unidades menores e resolve-se o problema caso a caso. Logo, as soluções grandiosas e planetárias da esquerda, e da direita fofinha incapaz de lhe impor linhas vermelhas, representam o culto universal da ignorância. O histerismo do combate às alterações climáticas (não é o mesmo que o combate simples e objetivo à poluição) é um caso tipo que ficará para a história na categoria do pior obscurantismo pré-racional.

Sintoma de um poder central inimigo da autonomia de indivíduos e comunidades, reverter o rumo da grave dissolução da coesão do território nacional depende do que se fizer distrito a distrito. Para concluir o exemplo, ser sensível e enfrentar a falta de coesão entre o litoral e o interior do distrito de Leiria não é resolver um mero problema regional, mas um problema nacional. Este é o padrão de resposta para os demais distritos que PS e PSD nunca perceberam.

Governar bem de agora em diante significa que as apostas estratégicas do país – por exemplo, na ferrovia, rodovia ou questão portuária – têm de passar a ter como referência as zonas intermédias ou periféricas do país.

É nesse âmbito que direita que é direita não hesita em enterrar de vez o embuste da regionalização. O problema nunca foi nem será administrativo, legal ou de cargos. O problema é outro, é de vício mental, é de vício do pensamento esquerdista. A solução de que necessitamos nascerá da defesa do ideal de nação e do ideal conservador, em rigor nascerá de uma renovada Europa das Nações contra esta Europa Globalista e Progressista.

Terceira linha vermelha: à imigração ilegal

No último meio século, a relação de Lisboa e Porto com o resto do território nacional tem sido exatamente a mesma que cresceu fora da Europa em versão ampliada. Vimos na América do Sul e na África que bem conhecemos. No Brasil, foi o caso das grandes metrópoles de São Paulo ou Rio de Janeiro, em Angola, Luanda, e em Moçambique, Maputo.

As grandes metrópoles do hemisfério sul tornaram-se sobrepovoadas, caóticas, ingovernáveis, violentíssimas a ponto de provocarem a fuga das populações para a Europa. Por que razões isso aconteceu? Porque a mesmíssima esquerda manda em todo o mundo e instigou a deslocação em massa das pessoas do interior dos territórios para os grandes centros urbanos do hemisfério sul.

Daí que os problemas estruturais portugueses e europeus apenas serão resolvidos por governantes comprometidos com mudanças profundas num contexto internacional em estado caótico.

Cito um exemplo para mim penoso. Moçambique e Portugal tinham ambos cerca de 8 milhões de habitantes em 1974. Cinquenta anos depois, em 2024, Portugal tem 11 milhões de habitantes e Moçambique, por seu lado, já ultrapassou mais de quatro vezes mais: tem 33 milhões de habitantes. Essa diferença entre os dois continentes é dramática e não é fruto do acaso.

A Europa deixou-se afundar no inverno demográfico porque a esquerda, antecipando benefícios eleitorais assegurados pelo seu ideal globalista, impôs a ilusão da imigração como solução dos problemas demográficos europeus. Pior, radicalizou a distopia a ponto de impor aos europeus o dever de sustentarem a natalidade do resto do mundo. Desse modo, não admira que um país governado por ultraesquerdistas como Portugal se deixe transformar em maternidade do planeta paga pelos impostos dos portugueses, por cima quando estes mal têm acesso a cuidados de saúde para si mesmos.

Outro dado: em 1974 apenas 5% dos africanos subsaarianos viviam em cidades. O ritmo de crescimento é tal que se prevê que em meados deste século sejam 50%. Está em causa um tipo de concentração urbana cada vez menos sustentável dada a pressão sobre recursos fundamentais como a água potável (o nível freático é superficial e cíclico com as chuvas e, por isso, as populações foram nómadas durante milénios), por seu lado associada à incapacidade administrativa dos Estados africanos assegurarem o acesso minimamente adequado a redes de esgotos e tratamento de resíduos sólidos urbanos, vias de circulação e transportes, saúde, ensino, segurança, controlo de epidemias, mercado de trabalho, entre outros.

África é já ali, do outro lado do Mediterrâneo. Direita que é direita não enfia a cabeça na areia, até porque existem pelo menos três possibilidades de resposta que, conjugadas, tornarão o mundo um lugar bem mais digno, pacífico, viável, decente.

A primeira possibilidade: exigir autorresponsabilidade a todos os povos. Cada indivíduo, comunidade ou povo é o primeiro e principal responsável pelo seu destino. Não há nada mais humano, cristão, civilizado, inteligente.

A segunda possibilidade: tomando Portugal como exemplo europeu, ter orgulho em toda a sua história é sentir-se obrigado a olhar para brasileiros e africanos de língua portuguesa como eternos irmãos dos portugueses. O que falta é uma relação adulta entre povos que começa no respeito mútuo, o que significa nunca ceder a ódios antiportugueses, antieuropeus e antiocidentais. Essa é a linha vermelha, por exemplo, do Partido Chega que em nada se distingue daquilo que brasileiros e africanos há décadas impõem para si mesmos. Sem esse pressuposto, a política de cooperação portuguesa para África deixa de fazer sentido, assim como se não se alcançar um compromisso moral voluntariamente partilhado por todas as partes de redução significativa da natalidade em África. Ninguém ajuda os outros alimentado a principal fonte da sua desgraça. Fiéis à tradição esquerdista, PSD e PS há décadas que usam o dinheiro dos impostos dos portugueses para alimentarem uma cooperação internacional que fez disparar a miséria, violência, corrupção ou rotura ambiental no continente mais pobre dos pobres: a África. Existe uma frase lapidar conhecida há décadas: «A cooperação internacional é o dinheiro que se tira aos pobres dos países ricos para dar aos ricos dos países pobres.» Na Europa, quem não é capaz de renovar o que foi referido será sempre um mau governante.

Terceira e última possibilidade: nenhum governante revela sentido de responsabilidade se não disser cara-a-cara a todos os imigrantes que a imigração é para ser controlada, regulada, recíproca, rigorosamente legal em Portugal, na Europa e por todo o mundo. Também não existe nada de imoral ou ilegítimo instituir políticas que privilegiem, no caso português, imigrantes brasileiros e africanos de língua oficial portuguesa cuja integração tem potencial para ser mais facilitada e mutuamente benéfica quando comparada, por exemplo, com os desafios suscitados pela imigração do Indostão. Todavia, o ponto de partida é o de reconhecer aos Estados brasileiro e africanos o direito inalienável de definirem o perfil e quotas de portugueses que querem nos seus territórios e, pela mesmíssima razão, a soberania de Portugal deve reservar para si o direito inalienável de proceder do mesmo modo. A reciprocidade é para ser cristalina: que nenhum português parasite o estado social brasileiro, angolano ou moçambicano e, pela mesmíssima razão, que nenhum brasileiro, angolano ou moçambicano parasite o estado social português. Não se vislumbram razões para estes pressupostos não fazerem parte de um acordo adulto, justo, benéfico e respeitador para todas as partes no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O mesmo se aplica aos demais países europeus, em particular aos que tiveram um ciclo colonial. Identificar nisto racismo, xenofobia ou neocolonialismo é caso de psiquiatria.

A partir da Europa e demais Ocidente, não será possível governar para combater a pobreza no mundo, a crise ambiental do planeta, travar a imigração ilegal, gerar relações saudáveis e pacíficas entre povos ignorando as três condições referidas.

Em Portugal, o Partido Chega agrega um movimento social e cívico profundamente humano justamente por rejeitar o papel de idiota útil da esquerda que conduziu as relações internacionais à situação insustentável que hoje se vive. O que os nossos adversários mais temem é que os portugueses percebam o óbvio: o Chega tem capacidade para resolver os problemas de Portugal e da Europa, mas também do mundo na sua origem.

Quarta linha vermelha: ao abandono dos povos pobres a governos esquerdistas corruptos e irresponsáveis

Quando as cidades do hemisfério sul se tornaram violentas, caóticas, ingovernáveis os governos e as elites esquerdistas irresponsáveis – voltemos aos exemplos do Brasil, Angola ou Moçambique – em vez de investirem no regresso dos respetivos povos aos territórios do interior dos seus países decidiram passar à fase seguinte com a cobertura da ONU. São Paulo, Rio de Janeiro, Luanda ou Maputo foram-se transformando em exemplos de meros pontos de passagem da nova etapa que consiste em continuar a despovoar o interior da América Latina ou de África agora para se tomar de assalto e sobrelotar com todos os vícios destruidores as cidades europeias. Lisboa e Porto estão na mira, mas bem pior estão as cidades periféricas ou do interior do país como bem vemos, por exemplo, no Alentejo.

Portugal, a Europa e o Mundo nunca serão bem governados enquanto houver cedências à imigração ilegal. Só por vício mental não se percebe que no Brasil ou na África de língua portuguesa há cada vez mais pessoas inteligentes que sabem que andam a ser governadas por corruptos e incompetentes, mas também sabem que a solução dos seus problemas está no seu país, não na Europa ou em qualquer destino de emigração. Descontadas as elites esquerdistas-globalistas-progressistas tresloucadas do Ocidente, todos sabem que ousadias de imigração desregulada, abusiva, ilegal, caótica não são toleradas em África, nos países árabes, China ou qualquer outro território da Ásia. Será que os povos europeus vão tolerar os seus governantes e elites quando tomarem consciência que andam há décadas a ser manipulados por idiotas irresponsáveis?