Muita gente elogia, e volta a elogiar, a “política de comunicação” dos socialistas. Ouvi vezes sem conta, amigos meus, pessoas do PSD e do CDS lamentarem-se: “se nós tivéssemos a política de comunicação do PS”… Ou, “o Passos Coelho fez que devia ser feito mas não soube comunicar”. Tive sempre problemas com estes argumentos e a “política de comunicação” do PS nunca me impressionou. Mais: desconfiei sempre dessa “política” desde os tempos do Sócrates.
A “política de comunicação” do PS é basicamente convencer os portugueses de que tudo vai bem quando quase tudo vai mal. Se se usar a expressão ‘mentira organizada’, não se está longe da verdade. Obviamente, os socialistas a as esquerdas em geral beneficiam de uma complacência geral e, nalguns casos, de uma cumplicidade activa de grande parte da comunicação social. Sem esse apoio, não haveria “política de comunicação.” No caso do governo de António Costa, a “política de comunicação” beneficiou ainda da camaradagem do Bloco e do PCP. Com os camaradas mais radicais domesticados, a “política de comunicação” é mais eficaz.
O PS não resolveu um problema muito sério: nunca admitiu os erros que os seus governos cometeram e que provocaram o desastre de 2011. A culpa foi sempre de outros (e é sempre assim para os socialistas). Primeiro, em 2011, da “crise internacional” e da cobiça do PSD pelo poder. Depois, da deriva “neo-liberal” do governo de Passos e de Portas que foi “além da troika”. O PS foi incapaz de fazer uma reflexão séria sobre o que aconteceu em 2011, e sobre as responsabilidades dos seus governos. Por isso, não foi capaz de mudar. Essa incapacidade resulta da natureza dos socialistas desde os anos de Guterres: o partido tornou-se uma máquina de poder. A sua vocação e as suas clientelas exigem que não esteja muito tempo fora do poder.
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