O 7 de Outubro ficará para a História como o maior ataque terrorista sofrido por Israel. Nunca no passado tantos israelitas tinham sido assassinados num só dia. Para se ter uma ideia da dimensão do ataque, comparando com os ataques de 11 de Setembro, e em termos relativos às populações de Israel e dos Estados Unidos, a morte de cerca de 1000 israelitas significaria a morte de 40.000 norte americanos.

Os terroristas do Hamas tinham um objectivo, acima de qualquer outro: espalhar o terror em Israel. Só isso explica a morte de 40 crianças, muitas decapitadas. Só isso explica a morte de famílias, velhos e estrangeiros. Só isso explica o assassinato de 250 jovens que assistiam a um concerto. O Hamas não atingiu alvos militares, espalhou a morte e o terror indiscriminadamente. O ataque de 7 de Outubro mostrou que se o Hamas tivesse poder suficiente, mataria todos os habitantes judeus de Israel e causaria um segundo Holocausto. Hamas é o herdeiro das políticas nazis de Hitler contra os judeus.

Nas próximas semanas, com a intensificação dos ataques das forças israelitas em Gaza, voltarão as críticas a Israel. Convém lembrar o regime totalitário que o Hamas impôs em Gaza desde 2006. É verdade que Hamas ganhou eleições contra os sucessores da OLP, mas desde então construiu uma ditadura brutal. Em Gaza, há um sistema político que não tolera a mínima dissidência, e pune dissidentes com a morte, onde o poder do Hamas é total, corrupto, assente no ódio e na violência. O Hamas transformou a população civil de Gaza em alvos militares, ao colocar armas em escolas, em hospitais e em mesquitas.

O Hamas nunca aceitou a solução de dois Estados, e não reconhece Israel. Há duas diferenças que dizem muito sobre o que distingue Israel do Hamas. O governo de Israel faz tudo para proteger os seus civis. O Hamas expõe os seus civis aos ataques israelitas, para depois mostrar as vítimas nas televisões de todo o mundo. Israel procura, sempre que possível, atingir alvos militares. O Hamas atacou alvos civis de um modo indiscriminado. Todos falam do bloqueio de Israel a Gaza, mas poucos notam o bloqueio do Egipto a Gaza. Por que será que os árabes do Egipto fazem tudo para impedir a entrada dos árabes de Gaza no seu país?

No meio da tragédia que se abateu sobre Israel, há uma notícia positiva: a construção de um governo de unidade nacional em Israel. Netanyahu cometeu um erro terrível ao dividir o país, para tentar salvar-se dos seus problemas judiciais. A divisão enfraqueceu Israel e causou distrações fatais. O governo de unidade nacional irá moderar a política israelita, e Netanyahu não ficará dependente dos partidos religiosos radicais. Os ataques do Hamas podem ter ajudado a salvar a qualidade da democracia israelita. Há uma lição muito importante do que se passa em Israel. Para combater o mal totalitário (aquele que Hannah Arendt tão bem explicou), é fundamental reforçar as virtudes democráticas.

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