Mais uma semana, mais um convenção partidária. Eu na posse da solução para a crise no Médio Oriente, da cura para o cancro, e do segredo para evitar ter um churrasco de verão invadido por varejeiras, e a política nacional não me dá espaço para explanar tudo isto. Desta vez, a responsabilidade é da convenção da Aliança Democrática, que junta PSD, CDS e Partido Popular Monárquico. Quer dizer, o PPM também se junta, mas é no sentido em que, como na homeopatia, se juntam duas gotículas dum qualquer composto ninguém sabe de quê ao conteúdo da barragem do Alqueva após uma chuvada de Janeiro.

Para os verdadeiros fãs da homeopatia, digamos que se a AD fosse um daqueles Florais de Bach, o PPM seria o meio átomo de extracto de flores que pode ser encontrado em cada frasquinho. Se bem que o Floral de Bach tem lá o Bach, um indivíduo que, dizem, entendia de música. Ao passo que o PPM tem o Gonçalo da Câmara Pereira. Enfim, acho que já deu para perceber a ideia.

Acho. Não tenho a certeza. E por isso deixo só mais uma imagem da preponderância do PPM no âmbito desta nova AD. Atentem: descobrir o PPM no meio da AD é mais difícil do que descobrir uma agulha num palheiro, se a agulha tiver sido perdida no curral.

Gonçalo da Câmara Pereira que, tal como Pedro Passos Coelho, não esteve na convenção da AD. Sendo que a Passos Coelho parece que ninguém o avisou para ir. Enquanto a Gonçalo da Câmara Pereira talvez fosse boa ideia alguém avisar que está nas listas para umas eleições legislativas, não vá o homem entretanto esquecer-se e combinar alguma coisa para 10 de Março. Creio poder dizer que Passos Coelho e Câmara Pereira foram, a par do entusiasmo e da determinação, os grandes ausentes desta reunião magna da AD.

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O entusiasmo e a determinação não pontificaram, mas houve um ponto que pontificou, como é próprio dos pontos, aliás. Foi o ponto que Nuno Melo teve de reforçar de que a AD apenas viabilizará um governo da própria AD, e nunca um governo do PS, como Melo tinha sugerido há dias numa entrevista. Entrevista que, por esse motivo, levou vários órgãos de comunicação social, nacionais e estrangeiros, a questionarem-se se o Melo em Nuno Melo se devia ao facto de líder do CDS andar aos melos com o PS.

Eu sempre achei pouco verosímil, esta possibilidade de melos. Porque, pelo meu saber de muito pouca experiência feito, o local predilecto para melos é atrás do pavilhão de Físico-Química. Só que quem é que consegue andar aos melos com o PS atrás do pavilhão de Físico-Química, quando a governação do PS leva a greves de professores dia-sim, dia-não, a greves dos auxiliares das escolas dia-não, dia-sim, e a greves dos transportes públicos nos dias que sobram?

De tal modo que quando calha haver um dia em que, por acaso, se consegue ir à escola, a irritação que tudo isto provoca dá vontade, não tanto de andar aos melos, mas de aproveitar a aula de Físico-Química para produzir algum tipo de explosivo que mande pelos ares o pavilhão de Físico-Química. Quer dizer, a julgar pelos últimos resultados do PISA, o mais provável é que os alunos consigam, com sorte, dizer o nome daquele tracinho que fica entre Físico e Química.

Dito isto, não é nada surpreendente que a convenção da AD tenha sido para o apagadote. Mas algum incauto esperava que dali saíssem tiradas carismáticas? Impossível, uma vez que o carisma está todo concentrado em Pedro Nuno Santos. Neste momento, não há carisma no mercado político. O stock de carisma está a zero. Uma pessoa bem pode ir ao supermercado que as prateleiras do carisma estão vazias. Como, em breve, estarão todas as demais prateleiras. É só ter paciência e esperar pelo futuro primeiro-ministro, Pedro Nuno “O Venezuelano” Santos.

De caminho, parece que Pedro Nuno Santos tem aproveitado para deixar tudo o que foi apoiante de José Luís Carneiro à liderança do PS fora das listas de deputados para as próximas eleições. É um destino que não será totalmente estranho para Carneiro. Ver Pedro Nuno Santos arrebanhar todas as posições elegíveis para o próximo Parlamento.