Aparentemente, a demissão do Primeiro Ministro causou angústia. Os cidadãos sentem um grande desconforto e isso tem sido evidente nas minhas viagens de autocarro. A frase que mais tenho escutado é “ele foi tramado”, referindo-se a António Costa.

Refletindo sobre o que ouço, pergunto-me: Como é que um político tão inteligente e sagaz, é tramado?

Refletindo sobre a situação, o primeiro-ministro é visto como o chefe da família, que tem de fazer assim para manter a união da família, e quando faz algo de que a maioria não gosta, surgem sempre desculpas, a saber:

  • A culpa é da guerra!
  • A culpa é do Passos Coelho!
  • A culpa é do Marquês de Pombal!

Não vou tecer nenhum comentário sobre o Primeiro Ministro, não costumo fazer juízos de valor sobre quem não conheço, nunca lidei com ele e tenho pouco conhecimento sobre a sua índole.

No entanto, lembro-me  do vídeo da campanha, em 2015, sobre os professores, em que dizia que “os Professores e Educadores podem estar descansados, deixo uma palavra de confiança e a necessidade de desenvolver tranquilidade à Escola Portuguesa.”

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Falou nas reformas! Até agora nenhuma! Esqueceu-se, ele e o ministro João Costa, de falar do tempo que o professor gasta na mediação de conflitos que os alunos trazem para a sala de aula e que impactam nas aprendizagens.

A atitude que os cidadãos têm em relação ao primeiro-ministro é de dependência afetiva. Faz lembrar a atitude da esposa dependente que tudo perdoa ao marido, porque ele trabalha e sustenta a casa.  Essa esposa nunca saiu para trabalhar, nem tentou ser independente e caminhar pelos seus pés, porque o marido a protegeu.

Assim o Primeiro Ministro surge como o protetor dos dependentes e dos que têm medo de caminhar ou decidir o seu caminho. A culpa é do Primeiro Ministro? Não.

O Partido Socialista nunca escreveu que pretendia trabalhar no dossier “tempo integral  de serviço dos Professores”, mas, ainda assim, os professores votaram nele.

O Partido Socialista nunca escreveu que iria ajudar as microempresas, mas os empresários votaram nele.

O Partido Socialista nunca falou que iria regularizar as carreiras dos médicos que trabalham 13 meses por ano, mas os médicos votaram nele.

O Partido Socialista nunca disse que iria regularizar as carreiras dos enfermeiros, mas muitos enfermeiros votaram nele.

Votaram e ajudaram a obter a maioria parlamentar!

Assim, o Partido Socialista parece aquela família que tem muitos filhos e se reúne em redor da lareira no fim do dia, na procura do conforto.

Talvez o Primeiro Ministro, seja considerado o Pai dos Portugueses.