Saiu, na embaraçosa discrição dos factos que incomodam e envergonham as massas, uma revisão sistemática de todos os estudos científicos relativos à eficácia das máscaras na interrupção (ou redução) da propagação dos vírus respiratórios, nomeadamente do SARS CoV 2, responsável pela COVID-19 (entre outras coisas). A mesma é feita por investigadores independentes de uma das mais prestigiadas revistas científicas: a Cochrane Database of Systematic Reviews, e foi publicada dia 30 de Janeiro de 2023.

Em miúdos: pegaram em TODOS os estudos significativos na matéria, analisaram as suas forças e os seus viés (isto é, a sua qualidade), e chegaram à conclusão que:

  • Usar máscara na comunidade faz provavelmente pouca ou nenhuma diferença relativamente a ter-se (ou deixar-se de ter) doença (grau moderado de evidência), em comparação com «não usar máscara».
  • Usar máscara na comunidade faz provavelmente pouca ou nenhuma diferença relativamente a ter-se (ou deixar-se de ter) confirmação laboratorial de doença (grau moderado de evidência), em comparação com «não usar máscara».

Outra vez em miúdos: tanto faz usar ou deixar de usar máscara na transmissão do vírus, quer na perspectiva dessa transmissão resultar em doença, quer apenas num «teste positivo». Tanto faz. E falam de «máscaras cirúrgicas», não se debruçando sobre os variados trapos e farrapos que diziam ser «melhor que nada» e afinal eram, também, igual a nada. E, já agora, também não encontraram diferenças de eficácia entre as máscaras cirúrgicas e as FFP2.

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Muitos dos estudos analisados são obviamente posteriores à pandemia (e foram feitos durante a mesma), outros são prévios (e relativos a outros vírus).

Isso quer dizer que NUNCA houve qualquer evidência científica de eficácia das máscaras nesse desiderato: não existia antes e durante a pandemia e, no caso da COVID-19, confirmou-se continuar a não existir depois da mesma.

Isso quer dizer que todos os profetas da desgraça que juravam a pés juntos e em nome da Ciência que a salvação advinha da colectivização do uso de máscaras mentiram, ou são profundamente ignorantes.

Isso quer dizer que os epidemiologistas do Folkhälsomyndigheten, Instituto de Saúde Pública sueco, tiveram SEMPRE razão: nunca houve qualquer evidência científica (e continua a não haver) de eficácia desta medida. Daí terem entendido que não deviam contribuir para impô-la à população.

Isso quer dizer que privaram-se, de forma coerciva, liberdades individuais, com base num «acto de fé», com o falso argumento de que se tratava de «Ciência».

Isso quer dizer que se atentou ao bom nome de muitos que contestavam, acertadamente como agora se volta a comprovar, essa falsa asserção, ao mesmo tempo que se apelou ao seu «cancelamento», ao seu «silenciamento», enfim, a formas variadas de infame censura, o que resultou no impedimento da (sequer) discussão desse falso dogma, afinal criado em nome da fugaz vaidade pelo prime time que ele conferiu a algumas figurinhas que ganharam fama nesses tempos de crise, e à custa da divulgação dessa falsidade, ou da sua mera cobardia irracional travestida de virtude em contexto do pânico que ajudaram a criar e perpetuar.

Isso quer dizer que se amplificaram à toa as inconveniências da população, quando o que se pedia era racionalidade, tranquilização e apaziguamento. Criando-se uma «falsa sensação de segurança» (lembram-se?) que, quem sabe, levou ao descurar de outras medidas realmente eficazes. E tudo por incompetência gritante das instituições que supostamente a deviam proteger.

Se a este estudo adicionarmos as recentes conclusões (e respectivas guidelines) sobre as populações que se devem proteger através da cobertura vacinal (e que já apenas incluem as populações fragilizadas, excluindo crianças e adultos saudáveis), temos basicamente a Great Barrington Declaration dos vilipendiados académicos que a subscreveram na prática dos nossos dias. Sem patetices sobre «zero COVID», «interromper a circulação do vírus» graças a vacinas que nunca o fizeram, e milhentas coisas vãs que tais.

Foi constrangedora a constatação do efeito do pânico na total ausência de racionalidade social, e da falência das nossas instituições políticas em geral e de Saúde Pública em particular, na gestão de uma crise como aquela que nos afligiu. Com o surgimento de medíocres eminências pardas e a mediatização dos tais profetas da desgraça, e com a comunicação social em geral a cingir-se a um mero papel amplificador da insanidade global.

Mas o assustador, agora, continua a ser a total ausência de mea culpa que se observa perante as evidências (finalmente: CIENTÍFICAS!) das patetices que se cometeram. Zero responsabilização, zero análise, em suma, provavelmente zero aprendizagem para o futuro.

Devíamos pensar hoje, muito seriamente, até que ponto é nociva essa má noção de colectivismo sanitário que, com argumentos mais ou menos válidos (e neste caso das máscaras: sem qualquer validade), permite a suspensão de liberdades e direitos individuais através de critérios de pessoas e entidades comprovadamente menores. Nem que seja pela perigosa circunstância de esta estar em vias de constar da própria Constituição da República, numa revisão feita meio à socapa.

O risco é mesmo o regresso dessa «ditadura das emoções» a colo do medo, com o ressurgimento de sabe-se lá quais «torquemadas» de ocasião a advogar outra qualquer inquisição de redenção muito pouco científica, prontos a desgraçar-nos a vida outra vez com argumentos quaisquer e à la carte.

É que os suecos tiveram de facto uma Instituição, a de Saúde Pública, liderada por personalidades ímpares como Johan Giesecke ou Anders Tegnell, que realmente os protegeu contra abusos de argumentos de Pseudo-Ciência, APESAR da pressão social (dos media) e política.

Em Portugal (e na maior parte das democracias ditas liberais da actualidade), foi o que se sabe: uma DGS dirigida por uma senhora cheinha de medo que até custava a pegar numa garrafa de água, um presidente cheinho de medo que se testava dia-sim, dia-sim ao mesmo tempo que se escondia no seu palácio, médicos que anunciavam o armagedão em vídeos do YouTube ou que defendiam um Estado-policial como única solução para a existência de um futuro, isto é, a fazer de políticos (e daquela linha, digamos, mais «autoritária»), matemáticos a fazer de médicos, políticos a fazer de velhinhas assustadas e jornalistas a fazer de censores.

E foi um fartote de pseudo-ciência, por parte de uma cambada de pseudo-cientistas.

Termino com o seguinte exercício póstumo: custava muito passar-se a pandemia com as nossas autoridades a basearem-se em factos (realmente) científicos? Não conseguimos ser racionais em tempos de crise? Não podíamos ter falado nas máscaras como uma medida EVENTUAL de protecção, sem inventar inexistentes «factos científicos», e deixarmos à consideração de cada qual a pertinência do seu uso? Não podíamos ter falado dos benefícios das vacinas sem pretender forçar, por meio de constrangimentos variados, a vacinação de tudo o que mexia? Enfim: não podíamos mesmo ter feito como na Suécia? Gerir uma crise (bem real) com mais informação e menos coacção, no respeito da liberdade daqueles que afinal eram os principais interessados: todo e qualquer indivíduo, cidadão livre e responsável? Sem partir sempre do inabalável princípio que foi o nosso, e segundo o qual os portugueses são todos estúpidos, e só se podem governar a chicote?

Este mal já está feito. No mínimo, pedia-se encarecidamente que se aprendesse alguma coisa para o futuro. Pois o pior cego é mesmo aquele que não quer ver.