“Eles” são as esquerdas que se apropriaram do 25 de Abril. Para eles, a revolução deveria servir para construir uma sociedade socialista onde as outras famílias políticas têm uma posição subalterna. Por isso, a Iniciativa Liberal foi proibida de participar no desfile da Avenida da Liberdade. Vejamos: um partido liberal impedido de descer a Avenida da Liberdade no dia da Liberdade. A negação do direito de celebração do 25 de Abril, quando a Revolução foi feita para todos os portugueses, é uma decisão profundamente anti-democrática. É a “liberdade” na versão socialista.

Houve ’várias revoluções’ e, em 1974, ninguém tinha um plano ou sequer uma estratégia para o que se seguiria. Todos foram adaptando-se às circunstâncias políticas. O Estado Novo estava podre e caiu sem grande dificuldade e os militares revolucionários queriam acabar com as guerras em África. O PCP nunca quis uma democracia ocidental e pluralista. Desejava a ditadura do proletariado, mas as suas estratégias estiveram sempre subordinadas aos interesses da antiga União Soviética. O PS de Mário Soares era anti-comunista porque sabia que o PC ameaçava a liberdade dos portugueses, a começar pela do PS. O PPD e o CDS queriam uma sociedade ocidental e liberal em Portugal, aos quais se juntou o PS para derrotar os comunistas.

Mas, no PS, ao anti-comunismo juntava-se a tradição jacobina que dava aos socialistas a crença de que seriam os donos naturais do regime. Os partidos das direitas seriam úteis para combater a ameaça comunista, mas a partir daí só deveriam ser e fazer o que o PS lhes permitisse.

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