Estava mesmo a contar com isto. Ainda agora começou Novembro e já me estou a sentir mal por saber que se me sentir mal vou ficar a sentir-me ainda pior por saber que não vai haver Urgências onde me dirigir para perceber porque me estou a sentir mal. Obrigado, Sr. director-executivo do SNS, pelo aviso prévio de que este mês será o pior dos 44 anos de história do serviço. É que, num instante, comecei logo a psicossomatizar. E agora, como é que resolvo isto? Imagino a vastidão da lista de espera no SNS para ser operado à psicossomatização.

Também não ajuda o facto de Novembro ter, logo no início, o Dia dos Finados. Acaba por ser pouco motivador, tendo em conta o estado a que este governo deixou chegar o SNS. A coisa está de tal forma que, entre a agonia que é ter o azar de ir parar a um hospital público e o falecimento por via de macacoa fulminante, venha António Costa e escolha.

Arrisco afirmar que terá sido a primeira vez que a palavra “macacoa” foi avistada nas digitais páginas do Observador. Confesso que quando me ocorreu o vocábulo até me grisei todo. Olha, outra estreia. E de repente estamos em 1984. Saudade desses tempos em que o SNS ainda funcionava razoavelmente.

Adiante, que no SNS pode não haver consultas nem operações, mas há Awards. Mais precisamente os Prémios do Serviço Nacional de Saúde, também designados por SNS Awards. O único defeito que encontro nesta iniciativa é o facto de as distinções serem atribuídas a profissionais do SNS e não ao próprio SNS. Porque era apenas justo, nos SNS Awards, o SNS receber, por exemplo, o prémio Mister Falta de Fotogenia, de tão mal que o Serviço tende a ficar na fotografia.

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Mas calma, que tudo isto o governo do PS resolverá com o recém aprovado Orçamento do Estado para 2024. Eu tenho muita esperança, apesar de não faltar por aí gente que ainda nem conhecia o documento e já estava a fazer pouco, com coisas do género:

– Ouve lá, sabes porque é que o Medina apresentou o Orçamento numa pen?
– Não.
– Porque se apresentasse em papel gastava uma quantidade de resmas.
– Bem visto.
– Claro. Em vez do Orçamento ir em vários volumes, o que seria volumoso, foi numa pen e é só penoso.

Eh pá, sinceramente. Eu sou um indefectível dos trocadilhos, mas até para mim isto foi forçadão. As pessoas, não tendo nada por onde pegar, inventam qualquer coisa.

Por falar em não ter por onde pegar, pego em Pedro Nuno Santos. Que, apercebi-me eu nas últimas semanas, muito provavelmente será, não o próximo líder do PS, mas os dois próximos líderes do PS. É que Pedro Nuno Santos, entre as intervenções no seu programa na SIC Notícias e a Assembleia da República é dois indivíduos distintos. E ambos muito distintos, claros.

Ora num lado diz uma coisa sobre a reposição do tempo de serviço dos professores e no outro o seu oposto; ora no outro lado diz uma coisa sobre a venda da TAP e no outro o seu contrário. Enfim, creio estarmos perante um caso clássico de dupla personalidade. No Parlamento temos o menino Pedro Nuno, a votar sempre alinhadinho com o que o chefe manda. Na SIC Notícias aparece o bad boy Santos, sempre pronto a desafiar a autoridade, todo armadão em bom, qual federador dos comunistas portugueses.

E como se esta perspectiva de falta de futuro não bastasse, este fim de semana mudou a hora. É que se ao menos em Portugal tivéssemos os relógios parados ainda estávamos certos duas vezes aos dia. Assim, é só mais um aspecto em que andámos para trás.