“Santos da casa não fazem milagres”
(Provérbio popular)
Primeiro a ciência.
Ainda há dois séculos não o sabíamos: a Terra é um planeta vivo e em constante mudança. Já foi uma bola de gelo, como também períodos houve que o gelo não existia. O estudo desta evolução tem-nos levado a conhecer esta história com maior detalhe, evidenciando que mesmo nos últimos milénios, que julgávamos estáveis, atravessámos épocas mais frias – caso da LIA (Pequena Idade do Gelo) ou da LALIA (Pequena Idade do Gelo da Antiguidade Tardia) – intercaladas por fases mais quentes – o Óptimo Medieval ou o Período Quente Romano. Hoje vivemos mais um período de aquecimento, o que podia ter causado grande espanto quando foi descoberto, mas que à luz do dito pouco tem de espantoso: admiração era se o clima, ao contrário do que sempre foi, não se alterasse!
De diferente agora? A noção da contribuição das atividades humanas para a mudança – não que não possa ter existido antes: sabemos que a própria vida afeta todo o conjunto (por exemplo em uma das três hipotéticas fases da “Terra bola de neve” não terá sido alheia o boom de Cianobactérias que, via fotossíntese, transformou a atmosfera que antes quase não tinha Oxigénio, passando a ter níveis próximos dos atuais), e sabemos também que a poluição humana é muito mais antiga que a Revolução Industrial, ou que desde o Neolítico – ou até antes – provocámos enormes alterações no uso do solo… Não tínhamos era noção dos impactos.
É caso para nos preocuparmos? Sim, claro, são mudanças. E apesar de, pelo menos na nossa perspetiva, os períodos quentes até terem sido melhores (romanização, reconquista cristã) que os frios (com fome e pestes – Peste de Justiniano, Peste Negra…), é certo que as mudanças têm sempre impactos. E a ciência, apesar de nos dizer que sempre aí estiveram e sempre estarão, e mesmo que toda a história do homem foi uma aventura de superação face a um mundo hostil e em constante mutação, diz-nos que as mudanças estão aí.
Agora a política.
Se o que está acima oferece pouca discussão – é conhecimento – já o que fazer com o conhecimento, a chamada ação climática, nada tem de ciência: é política e suas opções de como usar o dinheiro dos contribuintes.
É, assim, campo fértil para promessas, aldrabices e… medo (muitos se lembrarão do que foi a pandemia e como podemos fazer o paralelismo: também havia a ciência, que estudava o vírus, sua evolução, propagação, efeitos, etc. E depois havia a política – o próprio Presidente chegou a ter que sublinhar que o país não era governado por especialistas – e os que defenderam o medo enquanto instrumento). Daí a expressão de “crise climática”, ou as declarações como as de Christine Lagarde de que “vamos ser torrados, assados e grelhados” ou de António Guterres com os seus “é agora ou nunca”, “temos apenas dois anos” (e mais dois, e mais dois…), juntos com fotos com água até aos joelhos ou tontices sobre eventos trágicos que pinta como os piores de sempre, por ignorância – para ser simpático e não lhe chamar mentiras deliberadas e facilmente comprováveis (por exemplo nas recentes cheias no Paquistão).
Os resultados? Transtornos psicológicos nos jovens, manifestações idiotas, reclamações para agir… Os Nostradamus dos nossos dias alertam-nos para o fim do mundo e as pessoas, assustadas, querem que se faça alguma coisa, até por acharem que os políticos não fazem nada… Um milagre, segundo Marcelo!
Mas onde está o milagre?
Nos sobreiros arrancados para parques solares? Nas serras esventradas para explorar lítio? Nos SUV topo de gama elétricos que os pobres pagam aos ricos? Em mais e mais impostos e taxas? Numa balança de pagamentos mais desequilibrada com a importação de energia? Greenwashing e negociatas?
Os jovens – e menos jovens, Jorge Paiva, com 90 anos, a semana passada dizia o mesmo – que dizem que os políticos não fazem nada e que também se manifestam contra estas coisas, querem mais e mais disto? Certamente não. Estão é numa situação em que querem o bem, mas desconhecem como o alcançar. É que sol na eira e chuva no nabal, só mesmo por via milagrosa.
Tanto o medo como a pressa são maus conselheiros. Mas se o nosso Ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, os devia trazer à razão, em vez disso embarca com eles… dá jeito, tanto para propaganda como para… impostos, restrições, negócios, etc. Também ele quererá ser visto como um santo milagreiro que nos traz a salvação?
E boas notícias, não há?
Também há, embora ignoradas: hoje vivemos muito melhor e mais seguros. A OMM (Organização Meteorológica Mundial) escreve, no mais abrangente relatório sobre o tema: “a mortalidade associada a desastres naturais (que, notem, nem todos se devem às Alterações Climáticas) foi quase três vezes inferior em 2019 face a 1970”.
Isto é: mesmo que o clima nos traga maiores desafios, o progresso ameniza-os.
Mas há mais. O que nos dá soluções, incluindo salvar o planeta, é a prosperidade, a inovação, o desenvolvimento. Enfim, mais e melhor economia, não o empobrecimento, as receitas da extrema esquerda para acabar com o capitalismo. Porque se já não é facil, sem dinheiro mais difícil é. O desenvolvimento trouxe-nos a ciência que nos dá conhecimento destas coisas, trouxe a evolução dos motores, trouxe as novas energias, trouxe mais e melhor segurança, e é a única via para trazer mais e mais respostas para os problemas das pessoas.
Queremos mesmo travar esse processo? Queremos medidas idiotas que nos fazem empobrecer? Mais pobres temos mais investimento nas nossas universidades? Temos cidades mais adaptadas ao que aí vem? Temos sequer preocupações ambientais se tivermos a barriga vazia? Não sr. Presidente não há milagres em nada disso. Milagre, milagre, era se Guterres se calasse!